A venda da Avibras Indústria Aeroespacial, uma das principais empresas brasileiras do setor de defesa, ao grupo australiano DefendTex, recebeu o endosso de oficiais do Comando do Exército Brasileiro, conforme relatado pela CNN Brasil.
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O apoio do Exército à negociação contrasta com a oposição de sindicatos, dentre eles a Central Única dos Trabalhadores (CUT), e certos setores da sociedade, que veem a venda como uma ameaça à soberania e capacidade de defesa nacional do Brasil.
O General Rocha Lima, chefe do Escritório de Projetos do Exército (EPEx), defendeu a transferência de controle para o grupo estrangeiro como um meio necessário para evitar a paralisação de projetos estratégicos e garantir a entrega de encomendas no valor de cerca de R$ 60 milhões.
Esses projetos incluem o desenvolvimento do míssil tático de cruzeiro, capaz de atingir alvos a até 300 quilômetros de distância com precisão notável, e o sistema de foguetes de artilharia Astros, ambos fundamentais para a modernização das capacidades defensivas do Brasil.
Esta posição do Exército surge em um momento delicado para a Avibras, que enfrenta uma situação financeira crítica, estando em recuperação judicial e com dívidas que impactam seu funcionamento e capacidade de pagar salários atrasados há mais de um ano.
A venda para o DefendTex é vista pela empresa como uma oportunidade de recuperar sua estabilidade financeira, manter as operações no Brasil e honrar os contratos com o governo brasileiro.
Contudo, a perspectiva de uma empresa estratégica de defesa nacional passar para o controle de uma entidade estrangeira suscitou críticas e comparativos com tentativas anteriores de transferência de controle de empresas nacionais, como a tentativa de venda da Embraer para a Boeing.
Essas preocupações refletem o temor de perda de autonomia nacional na produção de armamentos e a possível influência negativa sobre a independência e segurança do Brasil.
Entre os críticos está a CUT, que, junto a outros sindicatos, expressa preocupação com a venda. A CUT enfatiza a importância de manter o capital e a produção da Avibras sob controle nacional, argumentando que tal medida é crucial para os esforços de reindustrialização do país e para a manutenção da soberania.
O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Loricardo de Oliveira, afirmou em entrevista ao Valor Econômico que a medida prejudica os esforços de reindustrialização do país que o governo tenta avançar.
“É importante que haja uma conversa para que a empresa se mantenha nacional e mantenha a produção aqui, com conteúdo e tecnologia nacional”, afirmou.
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Revista Sociedade Militar com informações de CNN e Valor.