Medidas importantes impostas pelo general Tomás Miguel Miné no início da suas gestão estão em andamento no Exército, uma das claras intenções é reforçar a visão que o general quer que a sociedade possua sobre o Exército Brasileiro.
Muitas pessoas têm questionado o Exército Brasileiro nas redes sociais, e a impressão é que a força terrestre realmente perdeu prestígio perante a sociedade. A reação popular à assistência prestada não apenas pelos militares do Exército, mas também por membros das três Forças Armadas durante a tragédia no Sul do país, serve como um bom indicativo da percepção atual da sociedade sobre a instituição. Apesar de estarem presentes desde os primeiros dias, os militares têm sido intensamente criticados, como se devessem sempre um esforço maior, mais ação e mais atitude.
A fala do General Girão, militar na reserva remunerada e deputado federal, que pouco antes do natal disse para um grupo de pessoas acampadas em frente a um quartel e que pediam intervenção militar, que mantivessem sua esperança, episódio mostrado em artigo publicado pela Revista Sociedade Militar, é um exemplo de que algumas pessoas podem de fato ter recebido estímulos para crer que os militares iam tentar intervir no processo político.
Não cumprida a suposta promessa, para muitos insinuada, restou a decepção, o sentimento de traição, e este agora arde no coração de parte da sociedade posicionada do lado direito do espectro político.
“essa semana está começando as festividades de natal… botem o sapatinho na janela que o Papai Noel vai chegar … mantenham o desejo de vocês sempre firme, vocês são patriotas… em relação às Forças Armadas eu agradeço a cada um dos quartéis do Brasil… “, disse Eliezer Girão
O fechamento das redes sociais
Ao assumir o comando do Exército Brasileiro em 21 de janeiro de 2023 uma das primeiras medidas do General de Exército Tomás Miguel Miné pôde ser percebida no relacionamento do Exército com o público, que foi o inédito fechamento das redes sociais para participação do público.
Naquele momento foi possível sentir a guinada no discurso que era entregue pelas mídias sociais da força. A partir daí o esforço foi no sentido de demonstrar que o Exército se comportaria estritamente como uma instituição apolítica e de estado, completamente desligada de amarras partidárias ou posiconado como “de direita” ou “de direita”.
Desde então, o Exército Brasileiro vem aos poucos cumprindo a extensa e aprofundada diretriz do general Tomás, documento que inicia mencionando um novo alvorecer em 1923, a desarticulação de alinhamentos políticos e econômicos e tem – entre suas graves 6 premissas e 36 medidas – instruções para a total despolitização da força terrestre, subordinação completa ao poder civil e aprimoramento com vistas a dispor de tropas adestradas e preparadas para a realização de ações estritamente dentro do que prevê a Constituição Federal de 1988, “no limite de suas atribuições constitucionais“, disse o general.
Tomás Miguel Miné, na introdução de sua extensa diretriz de janeiro de 2023: “No alvorecer de 2023, testemunham-se mudanças aceleradas na conjuntura internacional. A pandemia da Covid-19, que ainda produz efeitos, o retorno da guerra de alta intensidade no continente europeu, a competição pelo desenvolvimento de tecnologias disruptivas, entre outras muitas características dos tempos atuais, conformam um ambiente de intensa competição interestatal, com o surgimento de novos polos de poder e desarticulação de alinhamentos políticos e econômicos.”
4 intenções bastante perceptíveis, entre premissas e medidas
- Aperfeiçoar a Comunicação Estratégica com a sociedade, reforçando a idéia de queo Exército é apolítico e apartidário – prosseguir na implantação da Comunicação Estratégica, com vistas a alinhar, integrar e sincronizar o discurso no âmbito do EB, maximizando os esforços e resultados de ações que contribuam para o atingimento dos Objetivos Estratégicos do Exército (OEE) e a contraposição de narrativas desfavoráveis à Força.
- Manter ações de Diplomacia Militar com outras nações, visando não somente as missões junto da ONU, mas também estreitar laços com nações fora do bloco tradicional EUA- OTAN – Prosseguir com as ações da Diplomacia Militar Terrestre junto às nações amigas, com foco nas linhas de esforço definidas na Diretriz para as Atividades do Exército Brasileiro na Área Internacional. O preparo para atuar em variados ambientes operacionais, com foco na Amazônia, e a participação em operações internacionais devem ser priorizados e reforçados.
- Aumentar a satisfação, coesão e orgulho de ser militar dentro do Exército, o que facilita o trabalho e interação entre comando e comandados, melhorando o moral da tropa como um todo – Fortalecer as ações voltadas para o bem-estar da Família Militar, a fim de ampliar a coesão e satisfação do público interno, otimizando o Sistema de Assistência Social; aprimorando os meios de hospedagem, em particular das escolas militares; majorando o número de moradias em guarnições de difícil recompletamento; e melhorando e aperfeiçoando o Sistema de Saúde do Exército e o Sistema Colégio Militar do Brasil. A força quer também mostrar aos militares que não abandonará ois veteranos, o general Tomás propôs em seu documento que deve-se Intensificar o contato com veteranos, pensionistas, ex-alunos dos Colégios Militares, com vistas a manter a coesão e estimular o convívio da Família Militar.
- Medidas de inteligência, contrainteligência e detecção de ameaças visando proteger as Organizações Militares e assessorar o processo decisório – A força também quer reforçar, em todas as OM, as medidas de contrainteligência, visando, particularmente, à proteção dos recursos humanos, das informações, das áreas patrimoniais, das instalações e do material. Além disso, exercitar a Inteligência Militar Terrestre em todos os escalões da Força, contribuindo para a identificação de ameaças e oportunidades que orientarão o processo decisório do Comandante.