O cenário global de defesa aérea está passando por mudanças significativas, impulsionadas principalmente pela crescente ameaça de drones e mísseis. Em meio a esse contexto, os Estados Unidos enfrentam uma crescente crítica pela sua aparente lentidão em construir abrigos reforçados para suas aeronaves de combate, uma vulnerabilidade que está sendo cada vez mais evidente.
De acordo com o site The Warzone, países como China, Rússia, Coreia do Norte e Irã têm investido massivamente na construção de bunkers reforçados para proteger suas aeronaves. Só a China construiu mais de 400 novos abrigos desse tipo nos últimos anos. Enquanto isso, os Estados Unidos adicionaram apenas 22 novos abrigos reforçados na região do Pacífico no mesmo período, a maioria em bases no Japão e na Coreia do Sul. Em contraste, locais estratégicos como Guam e as Ilhas Marianas do Norte permanecem sem nenhum abrigo desse tipo.
A crescente ameaça de drones, que têm a capacidade de realizar ataques precisos e devastadores, transformou a discussão sobre a proteção de bases aéreas. Ataques recentes da Ucrânia a aeronaves russas Su-57 expostas em bases de teste sublinharam ainda mais essa ameaça.
Em maio deste ano, um grupo de 13 membros do Congresso dos EUA, incluindo o presidente do Comitê Seletivo sobre o Partido Comunista Chinês, John Moolenaar, e o membro sênior do Comitê de Inteligência do Senado, Marco Rubio, enviou uma carta aberta aos chefes da Força Aérea e da Marinha dos EUA. O grupo solicitou informações sobre os planos para a construção de novos abrigos reforçados e outras medidas defensivas passivas em bases na região do Pacífico. A carta destacou que, apesar das ameaças graves às bases dos EUA, foi a China, e não os Estados Unidos, que construiu centenas de abrigos reforçados.
Os abrigos reforçados não oferecem proteção completa contra ataques de mísseis, mas aumentam significativamente a capacidade das forças de resistir a ataques e recuperar rapidamente, segundo os autores da carta. Eles argumentam que esses abrigos forçariam a China a usar mais recursos para destruir cada aeronave, aumentando assim a sobrevivência dos ativos aéreos valiosos dos EUA.
Além da ameaça dos drones, a carta dos congressistas também mencionou a alta vulnerabilidade das bases dos EUA a ataques de mísseis. Em recentes simulações de guerra conduzidas pelo Center for Strategic and International Studies, 90% das perdas de aeronaves dos EUA ocorreram no solo, e não em combate aéreo.
Enquanto os Estados Unidos discutem a viabilidade e a utilidade de abrigos reforçados, outros países estão avançando rapidamente. A China, por exemplo, tem construído novos abrigos circulares para aeronaves em bases como Tuchengzi e Laiyang, oferecendo proteção adicional para aeronaves de alerta antecipado e patrulha marítima. A Rússia, por sua vez, começou a construção de 12 abrigos em Marinovka, uma base aérea na região de Volgogrado, em resposta às ameaças de drones e mísseis ucranianos.
A falta de abrigos reforçados nas bases dos EUA é vista como uma vulnerabilidade gritante, especialmente em locais estratégicos como Guam, que desempenha um papel crucial nas operações militares dos EUA no Pacífico Ocidental. A carta dos congressistas enfatiza que, para complementar as defesas ativas e fortalecer as bases, é essencial investir em defesas passivas, como os abrigos reforçados.