A carreira militar é amplamente conhecida por suas oportunidades dentro do território nacional, mas também existem maneiras de diversificar a atuação, especialmente para quem deseja atuar em missões internacionais.
As Forças Armadas brasileiras, por meio de acordos de cooperação e missões de paz da Organização das Nações Unidas (ONU), oferecem aos militares a possibilidade de construir uma carreira no exterior, participando de operações que envolvem diplomacia, segurança global e ajuda humanitária.
O papel do Brasil nas missões internacionais
O Brasil tem um histórico expressivo de participação em missões de paz da ONU, como as que ocorreram no Haiti (MINUSTAH) e no Líbano (UNIFIL). Essas missões têm o objetivo de estabilizar regiões de conflito, promover a segurança e garantir os direitos humanos. Nesses contextos, militares brasileiros desempenham papéis importantes, não apenas na manutenção da paz, mas também na reconstrução de infraestruturas e no auxílio à população local. As operações internacionais não se limitam apenas a cenários de conflito; também abrangem missões de apoio humanitário em situações de desastres naturais e crises globais.
Como ingressar em uma missão internacional
Para participar de missões internacionais, em especial as conduzidas pela ONU, é necessário já ser militar. As Forças Armadas brasileiras selecionam os participantes para essas missões a partir do seu próprio quadro de pessoal, tanto para funções operacionais quanto para cargos administrativos ou técnicos. Ou seja, é preciso já ter uma carreira dentro do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica para ser elegível.
No entanto, para quem ainda não é militar, existe a possibilidade de ingressar nas Forças Armadas e, posteriormente, se preparar para esse tipo de oportunidade. A ONU também aceita a participação de civis em suas missões de paz e operações humanitárias, mas isso ocorre por meio de processos de seleção independentes, que são diferentes daqueles realizados pelas Forças Armadas brasileiras. Os civis podem atuar em cargos voltados à diplomacia, logística, saúde, entre outros, mas isso não é diretamente ligado à carreira militar.
Requisitos
Para quem já é militar e deseja seguir carreira internacional, o primeiro passo é estar atento aos processos seletivos internos das Forças Armadas. Normalmente, as vagas para missões internacionais são divulgadas com requisitos específicos, como nível de experiência, capacitação técnica e, em muitos casos, fluência em idiomas estrangeiros, como o inglês e o francês, que são as línguas oficiais das operações da ONU.
O processo seletivo costuma envolver testes físicos e psicológicos, além de avaliações de desempenho ao longo da carreira. Outro ponto importante é a capacitação técnica, já que algumas missões exigem conhecimentos especializados, como engenharia militar, medicina ou telecomunicações.
Formação e preparação necessária
Além das qualificações militares padrão, é essencial que o candidato tenha uma formação complementar focada em operações internacionais. Cursos de direitos humanos, direito internacional humanitário e negociação de conflitos são altamente valorizados. Algumas instituições, como o Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCOPAB), oferecem cursos preparatórios para missões de paz, capacitando os militares para lidar com os desafios específicos desse tipo de atuação.
A fluência em idiomas é outro aspecto fundamental. Como a maioria das missões é coordenada pela ONU, o inglês é a língua predominante. Em missões específicas, como as que ocorrem em países francófonos, o francês é igualmente importante. O domínio desses idiomas pode ser determinante para a aprovação no processo seletivo e para o sucesso no desempenho das funções internacionais.
Benefícios e desafios da carreira internacional
Atuar em uma missão internacional oferece uma série de benefícios profissionais e pessoais. Para o militar, é uma oportunidade única de aprimorar suas habilidades, adquirir novas experiências e trabalhar em um ambiente multicultural, colaborando com militares e civis de diferentes países. Isso também pode resultar em uma valorização profissional dentro das Forças Armadas, uma vez que a experiência internacional é amplamente reconhecida e pode abrir portas para promoções e novas missões.
Entretanto, os desafios também são significativos. Participar de uma missão internacional implica enfrentar riscos, desde doenças endêmicas até conflitos armados. Além disso, estar longe da família e em contato constante com situações de crise pode ser emocionalmente exaustivo.