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Estudo da NASA coloca Brasil no centro da crise hídrica mundial: Satélites GRACE mostram queda de 1.200 km³ na água doce global desde 2015

por Sérvulo Pimentel Publicado em 18/11/2024
Estudo da NASA coloca Brasil no centro da crise hídrica mundial: Satélites GRACE mostram queda de 1.200 km³ na água doce global desde 2015

Em uma notícia que acende o sinal de alerta para o futuro da humanidade, um estudo recente da NASA revelou um colapso histórico nos níveis de água doce em todo o planeta. A partir de maio de 2014, a Terra testemunhou uma queda dramática nos níveis de água doce, e o Brasil foi um dos primeiros a sentir os efeitos dessa diminuição. O estudo, divulgado na revista Surveys in Geophysics, alerta para o fato de que a quantidade global de água doce está significativamente abaixo dos padrões de 2002 a 2014, um fenômeno que pode sinalizar uma fase de seca persistente para os continentes.

Causas e consequências da queda nos níveis de água doce

De acordo com os pesquisadores, entre 2015 e 2023, os satélites da missão GRACE (Gravity Recovery and Climate Experiment), da NASA e do Centro Aeroespacial Alemão, monitoraram uma redução de 290 milhas cúbicas (cerca de 1.200 km³) de água doce armazenada em terra. Isso equivale a mais de duas vezes o volume do Lago Erie, um dos maiores lagos da América do Norte. O estudo sugere que a seca não é um evento isolado, mas parte de uma tendência global que atinge não apenas o Brasil, mas também outras regiões como a Austrália, a América do Norte, Europa e África.

Seca persistente ameaça o Brasil e o mundo, alerta estudo da NASA. (Foto: NASA)

O papel do aquecimento global

O aumento das temperaturas globais é apontado como um dos principais fatores que contribuem para essa escassez de água. O fenômeno de El Niño, ocorrido entre 2014 e 2016, exacerbado pelo aquecimento das águas do Pacífico Tropical, alterou padrões climáticos e precipitação ao redor do mundo. Porém, mesmo após o fim do evento climático, os níveis de água doce não se recuperaram. Cientistas da NASA afirmam que o aquecimento global é responsável por intensificar a retenção de vapor d’água na atmosfera, resultando em precipitações mais extremas, que, ao invés de recarregar os aquíferos subterrâneos, acabam escoando rapidamente.

Impactos sobre agricultura e comunidades

O esgotamento das reservas de água doce coloca enorme pressão sobre a agricultura e as comunidades ao redor do mundo. O aumento da dependência das águas subterrâneas pode levar a um ciclo vicioso: a escassez de água não permite o reabastecimento natural dos reservatórios, e as bombas de água subterrânea continuam a ser acionadas. A ONU já alertou que, sem medidas adequadas, a escassez pode agravar problemas como fome, pobreza e doenças, à medida que as fontes de água se tornam mais limitadas e contaminadas.

O que esperar para o futuro?

Ainda não está claro se os níveis de água doce vão se estabilizar ou continuar a cair. Com os nove anos mais quentes da história recente coincidindo com a queda nos níveis de água, os pesquisadores da NASA estão cautelosos, mas alertam: “Não achamos que isso seja uma coincidência, e pode ser um prenúncio do que está por vir”, afirmou Matthew Rodell, um dos autores do estudo. A situação exige atenção redobrada, com a crise hídrica global potencialmente se intensificando nos próximos anos.

Sérvulo Pimentel

Sérvulo Pimentel

Apaixonado pela língua portuguesa e pelo universo militar, Sérvulo é professor há dez anos e atua como redator há cinco, sendo um especialista na produção de notícias sobre Defesa Nacional e sociedade militar. Na Revista Sociedade Militar, dedica-se a levar informações confiáveis e bem apuradas ao público, sempre prezando pela responsabilidade jornalística e imparcialidade. Seu compromisso é contribuir para um debate informado e acessível sobre temas estratégicos e sociais, aproximando os leitores das principais questões que envolvem as Forças Armadas e a sociedade.