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Exclusivo: Witzel acena com candidatura durante congresso de militares das Forças Armadas

O ex-governador Wilson Witzel mencionou que pretende criar "porta de saída" para membros de facções criminosas

por Sociedade Militar Publicado em 07/06/2025
Exclusivo: Witzel acena com candidatura durante congresso de militares das Forças Armadas

Durante o Congresso de Associações Militares realizado nesta sexta-feira, 06 de junho de 2025, na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, discursando para militares das Forças Armadas, oficiais e graduados, o ex-governador Wilson Witzel protagonizou falas contundentes sobre segurança pública, uso da força policial e terrorismo.

A palestra do ex-governador, que também é ex-militar da Marinha do Brasil, foi marcada por um relato pessoal e decisões polêmicas sobre o episódio do sequestro de um ônibus na ponte Rio – Niterói durante o seu governo e por críticas ao que considera leniência do Estado diante da criminalidade organizada.

Witzel relembrou a decisão que tomou enquanto estava no comando do Estado do Rio, em 2019, durante o sequestro do ônibus com 37 pessoas:

A oração com família do sequestrador morto

“Quando eu estava lá no Palácio Laranjeiras com um sujeito na ponte de Niterói, um ônibus sequestrado, isqueiro na mão, as pessoas todas molhadas de querosene, eu ia negociar. Eu disse ao comandante do Bope uma vez, falei: ‘Comandante, o senhor tem autorização para atirar. Saiu, o tenho a posição, ative, que eu estou vendo o isqueiro na mão dele.’”

Na época o então governador foi alvo de muitas críticas por ter comemorado o desfecho do sequestro. Segundo o ex-governador, a decisão foi tomada após a análise da situação e disse ainda que participou de uma oração com a família do sequestrador morto:

“ (…) Na segunda vez que ele saiu, os atiradores — eram três atiradores com duas munições prontas para disparo — ele foi então abatido… abatido Desci na ponte uma atitude que muitos disseram que não foi inadequada mas eu comemorei a vida de 33 pessoas que seriam queimadas vivas inclusive uma grávida”

O Brasil vive uma realidade de guerra contra o terrorismo urbano: “Terrorismo hoje está presente na nossa comunidade. Quem não está enxergando isso está vivendo em outra realidade… quem nunca esteve de frente com o cano de um fuzil voltado para a sua cabeça com alguém com o dedo no gatilho não tem noção do que é essa realidade.”

Coragem política e ação similar à das Forças Armadas: Terrorista é um agente militarizado

Na visão do ex-governador, quando se trata de terrorismo a polícia não deve agir como polícia e sim como se fosse as Forças Armadas e que a necessidade é de se neutralizar a ameaça, se necessário com a morte. Segundo ele, é preciso que haja coragem política para autorizar ações mais enérgicas por parte da polícia.

“Vai querer sim que tenha lá no Palácio Guanabara um governador com coragem para dizer pra polícia dele que aquele tipo de conduta não tem outra alternativa senão ser imediatamente afastada — se necessário for, com a neutralização do criminoso… criminoso não é terrorista, não. Criminoso é criminoso. Terrorista é um agente militarizado, paramilitar, contra o Estado de Direito. Ele tem que ser neutralizado… Polícia não age como polícia, sim como força armada. Ela tem que agir. E não é necessário prender, é necessário neutralizar. Se necessário, com a morte, vai ser com a morte… Nós estamos em guerra no Rio de Janeiro. Estamos em guerra em São Paulo. Estamos em guerra na Bahia.”

Antecipação da candidatura de Wilson Witzel para o governo do Rio de Janeiro

Ao mencionar que a partir de 2027 a Polícia Militar do Rio tratará membros de facções como integrantes de organizações terroristas, Witzel acabou antecipando sua pretensão de concorrer novamente ao governo do Estado do Rio de Janeiro

“A polícia no Rio de Janeiro, a partir de 2027, vai tratar mesmo de facção como membro de organização terrorista. E quem insistir em permanecer nela vai sofrer as consequências: se entrega, se não, vai morrer… ou nós vencemos o terrorismo ou nós vamos sucumbir ao terrorismo…”

Trecho da fala que merece ser destacado é a possibilidade de criar-se uma “porta de saída” para criminosos que resolverem deixar as facções. Mas, o ex-juiz não antecipou sobre como seria realizado o projeto.

“ Vamos arrumar uma  porta de saída…  Vamos receber essas pessoas vamos dar dignidade uma nova vida, nova identidade Agora se ficar no crime organizado, no terrorismo, nas facções nós vamos livrar as comunidades dessas facções…”, disse o ex-governador.

Robson Augusto – Revista Sociedade Militar

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