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Putin ameaça destruir o Parlamento ucraniano para “testar o seu novo míssil”, levando o exército ucraniano a permanecer em alerta máximo

por Noel Budeguer Publicado em 30/11/2024
Putin ameaça destruir o Parlamento ucraniano para “testar o seu novo míssil”, levando o exército ucraniano a permanecer em alerta máximo

Desde o início da invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, a Rússia tem adotado uma estratégia sistemática de ataque à infraestrutura energética do país. Essa abordagem, intensificada durante os meses de inverno, tem como objetivo desestabilizar o sistema energético, minar o moral da população e pressionar o governo ucraniano. O exército ucraniano tem enfrentado enormes desafios para proteger instalações estratégicas, enquanto as consequências humanitárias desses ataques colocam milhões de civis em condições extremamente precárias.

Infraestrutura energética sob ataque constante: desafios para o exército ucraniano

Os números refletem a gravidade da situação. De acordo com a maior fornecedora privada de energia da Ucrânia, suas instalações foram atacadas mais de 190 vezes desde o início do conflito. Em um único ataque no final de novembro de 2024, a Rússia lançou mais de 90 mísseis e 100 drones, deixando mais de 1 milhão de ucranianos sem eletricidade em temperaturas congelantes. Regiões como Lviv e Kherson sofreram cortes severos, e as equipes de reparo enfrentam desafios significativos devido às baixas temperaturas e à persistência dos ataques.

A destruição de redes elétricas, sistemas de aquecimento e fornecimento de água potável transforma o cotidiano em um verdadeiro pesadelo. Sem eletricidade, famílias não conseguem aquecer suas casas, cozinhar ou manter hospitais funcionando adequadamente. Esses ataques são classificados como crimes de guerra sob o direito internacional humanitário, pois têm como alvo a infraestrutura essencial para a sobrevivência de civis, algo explicitamente proibido pelas Convenções de Genebra.

O rigor do inverno amplifica a crise humanitária

Com a chegada do inverno rigoroso, as temperaturas frequentemente abaixo de zero tornam a vida na Ucrânia ainda mais difícil. Muitas cidades já registram neve e quedas acentuadas de temperatura, agravando o sofrimento da população civil. Hospitais dependem de geradores de emergência, enquanto escolas e residências lidam com apagões constantes.

Além disso, a crise energética afeta diretamente a economia ucraniana, aumentando o custo de vida e dificultando ainda mais a recuperação do país. Em resposta, o governo da Ucrânia tem contado com o apoio da União Europeia e dos Estados Unidos, que já investiram centenas de milhões de euros em reparações e equipamentos emergenciais.

A introdução do míssil Oreshnik: um novo desafio para o exército ucraniano

A escalada dos ataques russos inclui o uso do novo míssil hipersônico Oreshnik, testado pela primeira vez contra a cidade de Dnipro. Segundo Vladimir Putin, esse armamento é “impossível de ser interceptado”, com uma velocidade superior a 13.600 km/h e um impacto cinético comparado ao de um meteoro. Embora especialistas ocidentais questionem a suposta invulnerabilidade do míssil, ele representa uma ameaça significativa devido à sua precisão e capacidade de atingir alvos estratégicos.

Putin declarou que centros de decisão em Kiev, incluindo o Parlamento e o escritório presidencial, estão na mira do Oreshnik. Diante dessa ameaça, o exército ucraniano permanece em alerta máximo para proteger as instituições estratégicas da capital. A possibilidade de uma mudança de postura russa gerou pânico em Kiev, levando ao cancelamento de sessões parlamentares.

Reações internacionais e implicações geopolíticas

Os recentes ataques intensificaram a condenação internacional. O presidente dos EUA, Joe Biden, classificou os bombardeios como “indesculpáveis”, enquanto a União Europeia e a OTAN reforçaram seu apoio militar e econômico à Ucrânia. A introdução de armamentos mais sofisticados, como os mísseis Oreshnik, destaca o esforço russo para prolongar o conflito e aumentar as tensões com o Ocidente.

Além disso, Putin tem usado a guerra para justificar sua narrativa de que o Ocidente está diretamente envolvido no conflito, especialmente após o uso de mísseis de longo alcance fornecidos à Ucrânia. Essa retórica também serve para mobilizar apoio interno na Rússia, enquanto tenta moldar o discurso geopolítico global.

Uma guerra prolongada e incerta

O futuro do conflito na Ucrânia permanece incerto. A estratégia russa de atacar a infraestrutura energética, combinada com a introdução de novas armas, reflete a disposição de Moscou para prolongar a guerra a qualquer custo. Por outro lado, a resistência ucraniana, apoiada por uma coalizão ocidental cada vez mais robusta, continua a desafiar as tentativas de desestabilização.

Com o inverno adicionando uma nova camada de complexidade ao conflito, os próximos meses serão decisivos. A comunidade internacional enfrenta o desafio de equilibrar o apoio à Ucrânia com os esforços para evitar uma escalada ainda mais devastadora, enquanto milhões de ucranianos lutam para sobreviver em meio a uma das crises humanitárias mais graves da história recente.

Noel Budeguer

Noel Budeguer

Especialista em assuntos militares e geopolítica, trazendo análises profundas e notícias atualizadas sobre conflitos, estratégias e dinâmicas globais. Informação precisa e relevante para um público exigente.