Enquanto o mundo acompanha a corrida tecnológica por aeronaves de última geração, a China revela uma estratégia milenar para garantir a superioridade de seus pilotos de caça. Em uma piscina termal isolada na cidade costeira de Xingcheng, no nordeste da China, um grupo de 50 homens pratica uma forma de qigong chamada baduanjin, enquanto uma melodia suave flutua pela névoa. De acordo com South China Morning Post, eles são pilotos de caça da China, e essa prática ancestral está se mostrando uma poderosa aliada para melhorar seu desempenho físico, atendendo às crescentes exigências de seus trabalhos de alta tecnologia, como o combate com jatos furtivos e drones.
Com idades entre 23 e 48 anos, os pilotos de caça são considerados os melhores do Exército de Libertação Popular (PLA) e enfrentam intensos treinos físicos para lidar com as exigências de voar os jatos de combate mais avançados do mundo. A novidade é que, em um estudo publicado no Chinese Journal of Rehabilitation Medicine, os cientistas descobriram que a prática do qigong está proporcionando ganhos importantes no fortalecimento muscular desses pilotos, superando os resultados obtidos apenas com exercícios ocidentais.
A ciência por trás do qigong
O qigong, uma prática milenar chinesa que enfatiza o fluxo harmonioso de energia vital (qi) pelo corpo, tem se mostrado eficaz na melhora da força muscular e da resistência dos pilotos. Em especial, a técnica baduanjin, originária da dinastia Song, é focada no equilíbrio entre o corpo e o ambiente, proporcionando uma melhora considerável na espessura dos músculos centrais, como os das costas e da cintura.

Segundo o estudo, que envolveu pilotos que praticaram qigong comparados com outros que seguiram um regime de exercícios convencionais, os resultados mostraram um aumento médio de 15% na espessura muscular desses pilotos. Além disso, houve uma redução de até 20% no esforço físico necessário para os exercícios, o que sugere uma recuperação mais rápida e um aumento na força muscular.
O impacto no corpo dos pilotos
Os pilotos de caça enfrentam desafios físicos únicos, como manter posturas por longos períodos e resistir às forças intensas durante decolagens, pousos e turbulências. Com o tempo, esses fatores podem gerar dores nas costas, pescoço e ombro. No entanto, a prática do qigong tem mostrado reduzir significativamente essas dores, com muitos pilotos relatando alívio após a prática regular.

Além disso, o fortalecimento dos músculos, especialmente o multifidus (responsável pela estabilidade da coluna), é crucial para a postura e a resistência física dos pilotos. A espessura aumentada desses músculos contribui para a maior estabilidade da coluna, permitindo que os pilotos mantenham uma postura adequada e suportem os impactos do voo sem se fatigar ou se machucar.
O segredo das águas termais
As fontes termais de Xingcheng, ricas em minerais como íons sulfato e carbonato, são uma parte importante do treinamento. Acredita-se que essas águas ajudem a penetrar na pele e, quando combinadas com o qigong, proporcionem ainda mais benefícios para o crescimento muscular. A combinação desses elementos naturais com a prática de respiração controlada do qigong cria um efeito sinérgico, otimizando o fortalecimento físico necessário para a complexa tarefa de pilotar os jatos de caça de última geração.
Rumo ao futuro
À medida que a China continua a aprimorar sua frota de jatos furtivos e expandir o uso de drones em combates, o treinamento físico dos pilotos se torna cada vez mais crucial. O qigong, uma prática que remonta a milênios, está ajudando os pilotos chineses a se manterem em condições físicas ideais para enfrentar os desafios de batalhas aéreas de alta tecnologia, com resultados que impressionam até os cientistas. O que antes parecia ser uma prática tradicional, hoje se revela uma estratégia moderna e inovadora para a guerra do futuro.