A China tornou-se o verdadeiro “cérebro” por trás dos drones, dominando a produção dessa arma estratégica do século 21. Empresas como a DJI lideram globalmente na fabricação de drones comerciais e militares, combinando preços baixos e tecnologia de ponta. Esse sucesso é sustentado por uma infraestrutura industrial e cadeias de suprimentos quase totalmente controladas por Pequim.
Motores, baterias, sensores e até minerais raros essenciais à fabricação de drones passam, direta ou indiretamente, pela China. Mesmo tecnologias americanas, como drones utilizados no conflito da Ucrânia, dependem de componentes chineses. Essa dependência estrutural transformou os drones em armas não só nos campos de batalha, mas também no tabuleiro geopolítico.
Não se trata de uma hegemonia acidental. A China tem investido pesado para consolidar sua posição. Um exemplo emblemático é o caso da Skydio, empresa americana que forneceu drones para Ucrânia e Taiwan. A reação de Pequim foi imediata: sanções severas e corte no fornecimento de baterias chinesas, paralisando operações e enviando um recado claro ao mundo — romper com os interesses chineses pode custar caro.

Nesse contexto, Taiwan tenta emergir como alternativa viável ao domínio chinês. Com expertise tecnológica consolidada e um investimento de US$ 1,35 bilhão em sua indústria de drones, Taipei busca criar uma cadeia de suprimentos confiável, alinhada com democracias ocidentais. Ainda assim, o custo é alto. Além de os produtos taiwaneses serem mais caros, o risco de retaliação chinesa é uma sombra constante.
Outro ponto crítico é o monopólio da China sobre minerais raros, essenciais na produção de drones. Mais de 90% dos ímãs usados em motores e componentes sofisticados dependem da extração e processamento chineses. Essa vantagem estratégica dá a Pequim um poder desproporcional sobre os rivais, incluindo os Estados Unidos.
Enquanto isso, a Ucrânia, palco de um conflito onde drones descartáveis são cruciais, tenta diminuir a dependência de insumos chineses. Mas quebrar essa cadeia não é tarefa simples. Taiwan, mais uma vez, desponta como alternativa, mas a dependência do setor global nos produtos chineses mostra o tamanho do desafio.
A pergunta que fica é: até onde governos e empresas estão dispostos a ir para desafiar o domínio chinês? A resposta terá implicações não só para as relações comerciais e geopolíticas, mas também para o curso das guerras no século 21.