Uma pequena startup chinesa sacudiu o setor de inteligência artificial ao lançar um modelo inovador capaz de rivalizar com os sistemas mais avançados do mercado. A DeepSeek, até então pouco conhecida fora do círculo especializado em IA, divulgou recentemente o modelo DeepSeek R1, que apresentou resultados impressionantes em testes e já pode ser acessado publicamente. A informação foi divulgada pelo canal Fernando Ulrich que acompanhou a repercussão global do lançamento.
O impacto do novo modelo foi imediato, gerando grande interesse da comunidade acadêmica e do setor tecnológico. Em poucas horas, o aplicativo da startup figurou no topo da App Store, superando até mesmo concorrentes como o ChatGPT, da OpenAI. Além disso, um paper técnico detalhado foi disponibilizado, demonstrando de forma transparente os cálculos e os avanços obtidos pela DeepSeek. Segundo especialistas, os testes indicam que o modelo pode igualar ou até superar soluções ocidentais em algumas tarefas específicas.
A inovação não passou despercebida pelo Vale do Silício. O renomado investidor Mark Andreessen classificou o DeepSeek R1 como um dos avanços mais impressionantes da história recente da IA. A adoção de código aberto também chamou a atenção, permitindo que qualquer desenvolvedor inspecione, copie e modifique o modelo, o que pode acelerar a adoção global da tecnologia.
Eficiência reduz custos e ameaça gigante Nvidia
O grande diferencial do DeepSeek R1 está na sua eficiência. O modelo conseguiu reduzir drasticamente os custos de treinamento e infraestrutura. Para se ter uma ideia, enquanto sistemas como o ChatGPT da OpenAI exigem um investimento de aproximadamente 100 milhões de dólares, o novo modelo chinês pode ser treinado por apenas 5 milhões, uma fração do custo atual.
Além disso, o número de processadores necessários para rodar o modelo caiu de 100 mil GPUs para cerca de 2 mil, o que representa uma redução gigantesca na demanda por hardware avançado. Isso significa que, ao contrário de outros modelos que dependem de data centers, o DeepSeek R1 pode ser executado em computadores comuns com placas de vídeo de jogos.
Esse avanço ameaça diretamente a Nvidia, que tem dominado o fornecimento de chips para IA com margens de lucro altíssimas. Com a redução da necessidade de GPUs avançadas, as ações da empresa sofreram um tombo de 17% em um único dia, representando uma perda de mais de 500 bilhões de dólares em valor de mercado. Empresas relacionadas, como a TSMC de Taiwan e a ASML da Holanda, também registraram quedas expressivas.
Consequências para o setor e a corrida tecnológica
Especialistas apontam que a revolução trazida pelo DeepSeek pode reduzir drasticamente a demanda global por infraestrutura de IA, mudando as premissas do setor e afetando outras gigantes da tecnologia. Empresas como Google, Microsoft e Meta já estão estudando a nova arquitetura chinesa para adaptar suas próprias soluções.
Além do impacto financeiro, a inovação da DeepSeek marca um momento crítico na corrida tecnológica entre China e Estados Unidos. A analogia feita por analistas compara o lançamento ao “momento Sputnik” da inteligência artificial – uma referência ao primeiro satélite lançado pela União Soviética em 1957, que surpreendeu os EUA e acelerou a corrida espacial.
Mesmo diante das sanções e restrições impostas pelos Estados Unidos para limitar o avanço da tecnologia chinesa, o país asiático conseguiu contornar essas barreiras com criatividade e inovação. Agora, resta saber como as grandes empresas de tecnologia e os governos ocidentais vão reagir a essa nova realidade.