Uma crise diplomática inesperada entre os Estados Unidos e a Colômbia gerou tensão global nesse domingo, 26 de janeiro. O presidente americano Donald Trump anunciou tarifas de 25% sobre produtos colombianos após o governo do presidente Gustavo Petro revogar, em pleno voo, a permissão para que duas aeronaves militares americanas pousassem em território colombiano. As aeronaves, que transportavam 160 migrantes deportados, tiveram suas operações interrompidas, marcando um confronto direto entre as duas nações.
O governo colombiano justificou a medida alegando que os deportados, na maioria criminosos condenados nos Estados Unidos, estavam sendo tratados de forma degradante, com muitos deles algemados. A decisão foi amplamente criticada por Trump, que rapidamente acusou a Colômbia de descumprir acordos internacionais. A retaliação veio em forma de tarifas comerciais e sanções imediatas, em uma postura firme que já vinha sendo sinalizada como parte de sua estratégia política para o segundo mandato.
Trump utiliza economia como arma política
Para justificar as sanções, Trump recorreu à lei IEPA, que autoriza medidas emergenciais durante crises econômicas. Ele também ameaçou dobrar as tarifas para 50% caso as exigências americanas não fossem atendidas. A retórica foi acompanhada de sanções de visto contra oficiais do governo colombiano, gerando grande repercussão nas redes sociais. Gustavo Petro, por sua vez, manteve uma postura desafiadora, criticando as ações americanas e as comparando a práticas coloniais.
Embora Petro tenha tentado mobilizar apoio internacional e criticar duramente as ações dos Estados Unidos, o impacto das tarifas sobre a economia colombiana mostrou-se uma ameaça real. Em 2023, os Estados Unidos foram responsáveis por 28% das exportações da Colômbia, com produtos como petróleo, café e flores figurando entre os mais afetados pela medida. A dependência econômica da Colômbia em relação ao mercado americano trouxe limitações claras à capacidade de resistência de Bogotá.
Acordo encerra crise, mas com concessões colombianas
Após intensas negociações, a Colômbia aceitou todas as condições impostas pelos Estados Unidos. Os deportados foram transportados em aeronaves militares, como inicialmente planejado, mas sob novas regras negociadas, incluindo a utilização de voos comerciais para deportações futuras e garantias de tratamento humanizado aos deportados. Apesar disso, as sanções de visto permanecerão em vigor até que Washington tenha confiança total no cumprimento do acordo.
A crise expôs as tensões latentes entre governos de esquerda na América Latina e a administração Trump. Outros países da região, como o Brasil, também demonstraram insatisfação com as práticas americanas. Recentemente, o Itamaraty protestou contra o tratamento dado a brasileiros deportados, acusando os EUA de agir de forma desumana. O caso reflete um panorama político mais amplo, onde políticas migratórias americanas rígidas encontram resistência em países com governos ideologicamente opostos.
Tensões comerciais como ferramenta de pressão
O desfecho do conflito reforça o padrão de Trump em utilizar ferramentas econômicas para impor sua agenda política internacional. A imposição de tarifas e sanções surge como uma demonstração de força dos Estados Unidos em um cenário de crescente multipolaridade. Para a Colômbia, o episódio destacou as limitações econômicas e diplomáticas ao confrontar a maior economia do mundo.
Este primeiro embate entre Estados Unidos e Colômbia é apenas um exemplo de como os próximos anos poderão ser marcados por tensões comerciais, especialmente entre Washington e países que desafiam sua política externa. As estratégias adotadas por Trump evidenciam que, no cenário global, a economia continua sendo uma das armas mais poderosas da diplomacia americana.
Com informações de: Hoje no mundo militar