O aumento de investigações internacionais contra soldados israelenses devido a suas ações em Gaza expõe novos desafios legais e diplomáticos para Israel. Recentemente, um ex-soldado israelense deixou o Brasil às pressas após a abertura de uma investigação por supostos crimes de guerra. O fato trouxe à tona sobretudo debates sobre as implicações das operações militares de Israel no cenário global.
Denúncia no Brasil e fuga do ex-soldado
O episódio no Brasil teve início com uma denúncia da Fundação Hind Rajab (HRF), uma ONG pró-palestina. A ONG alega que o ex-soldado israelense participou da demolição de residências civis durante operações militares em Gaza. A organização apresentou evidências baseadas em vídeos, imagens e dados de geolocalização.
A denúncia levou um juiz federal brasileiro a ordenar uma investigação formal, amparada pelo Estatuto de Roma, que regula o Tribunal Penal Internacional (TPI). Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores de Israel organizou a saída rápida do ex-soldado, que embarcou em um voo comercial. Em nota oficial, Israel descreveu o caso como parte de uma “campanha antissemita”. Além disso, o governo israelense alertou seus cidadãos sobre o uso de redes sociais como ferramenta para fundamentar processos em países estrangeiros.
Atuação da HRF e outras ações internacionais
A HRF leva o nome de Hind Rajab, uma menina palestina morta em Gaza. A ONG vem intensificando seus esforços para responsabilizar soldados israelenses em tribunais internacionais, incluindo no Brasil. Além daqui, a organização já tentou ações legais na Tailândia, Sri Lanka e Chile. Embora essas iniciativas ainda não tenham resultado em prisões, o caso brasileiro evidencia um aumento na pressão para que soldados de Israel respondam por supostos crimes de guerra.
A advogada da HRF, Maira Pinheiro, reforçou que, como signatário do Estatuto de Roma, o Brasil tem a obrigação de investigar tais acusações. De acordo com Pinheiro, “é um dever legal e moral garantir que as vítimas tenham justiça”.
A fuga do ex-soldado gerou forte debate político em Israel. O líder da oposição, Yair Lapid, acusou o governo de falhar politicamente ao permitir que a situação se agravasse. Por outro lado, o Ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, defendeu que essas acusações fazem parte de uma campanha para deslegitimar o direito de Israel à autodefesa.
Além disso, grupos como o “Moms Up”, composto por mães de soldados israelenses, pediram medidas urgentes ao governo de Benjamin Netanyahu. Em uma carta aberta, as mães exigiram maior suporte jurídico para militares israelenses. De acordo com o grupo, “nossos filhos estão sendo perseguidos internacionalmente sem a devida proteção do governo”.