A guerra entre Rússia e Ucrânia ganhou novos contornos com o lançamento de uma ofensiva surpresa das forças ucranianas na região russa de Kursk. Relatos indicam combates intensos desde a manhã de domingo (1.047º dia de conflito), com tropas russas lutando para conter o avanço inimigo. De acordo com o Ministério da Defesa da Rússia, suas forças conseguiram repelir dois ataques, mas fontes militares sugerem que a situação permanece volátil.
Blogueiros militares russos relataram forte pressão sobre as tropas de Moscou, enquanto o Estado-Maior ucraniano confirmou 42 confrontos armados apenas no domingo. Doze desses confrontos continuavam em andamento até o último informe. O chefe do gabinete do presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy, Andriy Yermak, comemorou os avanços em Kursk, afirmando em redes sociais que a Rússia está “recebendo o que merece”.
O ministério russo relatou que a ofensiva ucraniana começou por volta das 6h (horário GMT) perto da vila de Berdin. As forças envolvidas incluíram dois tanques, um veículo de remoção de minas e 12 veículos blindados com tropas aerotransportadas. A Ucrânia, por sua vez, manteve um discurso discreto, informando apenas que os combates estavam em curso na região sem divulgar detalhes adicionais.
Tropas russas enfrentam perdas significativas em curso de batalhas prolongadas
Em pronunciamento recente, Zelenskyy declarou que, em dois dias de batalhas perto da vila de Makhnovka, as forças russas perderam o equivalente a um batalhão composto por soldados norte-coreanos e paraquedistas russos. A investida ucraniana ocorre em um momento crítico, já que ambas as nações buscam fortalecer suas posições antes da posse do presidente-eleito dos EUA, Donald Trump, marcada para 20 de janeiro.
Autoridades ucranianas sugeriram que os territórios ao redor de Kursk poderiam desempenhar um papel estratégico em futuras negociações de paz. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, afirmou que a posição ucraniana na região será fundamental para qualquer acordo diplomático que surja no horizonte próximo.
Zelenskyy também destacou a importância de garantias de segurança fornecidas pelos Estados Unidos para encerrar o conflito. Ele expressou esperança de se encontrar com Trump logo após a posse, ressaltando que um enfraquecimento da OTAN poderia levar a uma escalada russa na Europa.
Explosões próximas a usina nuclear aumentam preocupações sobre segurança
Enquanto os combates se intensificam em Kursk, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) relatou explosões próximas à usina nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia. O incidente ocorreu no domingo e levantou novos temores sobre a segurança na região. A agência informou que drones atacaram o centro de treinamento da instalação, mas, até o momento, não há relatos de danos estruturais ou vítimas.
Além disso, ataques russos no domingo atingiram a cidade de Nikopol, na região de Dnipropetrovsk, deixando um morto e um ferido. Na cidade de Kherson, seis pessoas ficaram feridas após bombardeios das forças russas. O exército de Moscou também lançou 103 drones sobre a Ucrânia durante a noite, destruindo 61 deles, segundo o comando militar ucraniano.
Do outro lado da fronteira, a Rússia relatou ter abatido 61 drones ucranianos no oeste do país. Embora nenhuma vítima tenha sido confirmada, o governador de Rostov, Yuri Slyusar, afirmou que destroços danificaram edifícios residenciais e veículos.
Desastre ambiental agrava crise humanitária em meio ao conflito
Em paralelo aos combates, a Rússia enfrenta uma crise ambiental após o derramamento de óleo provocado pelo naufrágio de um petroleiro no Mar Negro. O incidente ocorreu em 15 de dezembro, despejando cerca de 2.400 toneladas de óleo pesado nas águas próximas ao estreito de Kerch.
Desde então, mais de 60 mamíferos marinhos, incluindo golfinhos e botos, foram encontrados mortos. Especialistas do centro de resgate Delfa continuam monitorando a situação e trabalhando para minimizar os impactos ambientais.
Com a guerra atingindo novos patamares de intensidade e um desastre ecológico agravando a crise, a situação no leste europeu permanece crítica. As atenções agora se voltam para os desdobramentos diplomáticos e os impactos humanos dessa prolongada guerra.
Com informações de: theguardian