Em meio à guerra na Ucrânia e à crescente aliança entre Moscou e Teerã, o presidente iraniano Masoud Pezeshkian chega a Moscou nesta quarta-feira, 17, para assinar um acordo de parceria estratégica com a Rússia. A iniciativa, segundo The Moscow Times, pode representar uma virada perigosa: em troca de drones kamikazes e mísseis balísticos utilizados pelos russos no conflito ucraniano, o Irã estaria pedindo acesso à tecnologia nuclear e reforço em sua defesa aérea.
Fontes de inteligência ocidentais apontam que, na véspera da assinatura, Ali Larijani, conselheiro do líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, realizou visitas secretas à Rússia para negociar a implementação do programa nuclear do Irã. Essas movimentações geram temores de que Moscou esteja prestes a romper suas linhas vermelhas ao fornecer assistência que pode capacitar Teerã a avançar na construção de armas nucleares.
Conforme o periódico, a cooperação estratégica entre os dois países se aprofunda com o fornecimento de drones e mísseis iranianos, além de colaborações na área de alta tecnologia. Recentemente, Moscou lançou satélites iranianos ao espaço, e Teerã está interessado em adquirir caças Su-35 e sistemas de defesa aérea avançados.

Especialistas como William Alberque, do Centro Henry Stimson, afirmam que, apesar de o Irã não depender da Rússia para construir uma bomba atômica, a troca de conhecimentos durante visitas às instalações nucleares russas poderia acelerar seu avanço. “Um fim de semana de trabalho em locais como Arzamas ou Penza já forneceria muitas ideias aos cientistas iranianos”, destaca Alberque.
A assinatura do acordo, que deve abordar ainda comércio, transporte, logística e cooperação humanitária, também inclui discussões sobre a crise síria. Teerã, que perdeu influência com a derrubada de Bashar al-Assad, busca apoio para restaurar o potencial do Hezbollah e para conter ações israelenses, que, segundo o The Moscow Times, têm desgastado o regime iraniano.
O que parecia ser apenas uma aliança econômica e militar ganha novos contornos geopolíticos, com implicações potencialmente explosivas para o equilíbrio nuclear no Oriente Médio e no mundo.