Após a repercussão dos últimos artigos da Revista Sociedade Militar sobre o tema, muitos especialistas, entusiastas e até mesmo militares enviaram mensagens para falar sobre as Forças Armadas brasileiras. Muitos internautas, especialmente no X, antigo Twitter, também repercutiram as matérias, ora apoiando, ora criticando o conteúdo. Com milhares de opiniões divergentes, a Revista Sociedade Militar decidiu consultar novos especialistas para novos questionamentos e observações.
Muitos internautas concluíram que, afinal, as Forças Armadas brasileiras parecem ser medíocres. “Ser medíocre é ser comum, não se destacar.”, defendeu um dos comentários. Outro, observou que há muito tempo o Brasil não entra em guerra, o que, de certa forma, engessa o desenvolvimento militar do país.
E é verdade. Nosso país não enfrenta um conflito internacional direto desde a Guerra do Paraguai, há mais de 150 anos. O único confronto mais recente foi na Segunda Guerra Mundial, onde nos unimos aos Aliados. E, apesar do respeito que as Forças Armadas inspiram no imaginário popular (afinal, pesquisas apontam 80% de aprovação), há muitas lacunas difíceis de ignorar.
A Força Aérea Brasileira: um brilho isolado
De acordo com especialistas consultados pela Revista, a FAB, de fato, possui um certo protagonismo. O Brasil ocupa a 16ª posição no ranking mundial de Forças Aéreas, segundo o site WDMMA. Graças à inteligência de figuras como Casimiro Montenegro Filho, criador do ITA, e Ozires Silva, fundador da Embraer, a aviação militar brasileira tem um bom prestígio. A Embraer é um trunfo nacional: é terceira maior fabricante de aeronaves do mundo, atrás apenas de gigantes como Boeing e Airbus.

A Embraer nos deu o Super Tucano, referência global em ataque leve, além do KC-390, um cargueiro versátil. Nosso caça mais importante, o Gripen F-39, já opera em número reduzido, mas é uma boa promessa. Ainda assim, há um problema sério: quantidade. Com apenas 76 jatos operacionais, a FAB dificilmente defenderia um território imenso como o brasileiro em um conflito de grande escala. De acordo com analistas, o ideal seriam pelo menos o triplo disso. Além disso, a defesa aérea também não tem número suficiente, o que prejudicaria em caso de um conflito real.
Exército Brasileiro: força terrestre ou relíquia do passado?
O Exército Brasileiro também sofre de dilemas semelhantes. Apesar de contar com o Instituto Militar de Engenharia (IME) e veículos como o VBTP Guarani, muitos dos equipamentos são obsoletos, como os tanques M60 e Leopard 1A5.
Os especialistas, contudo, apontam avanços importantes. O sistema de mísseis Astros 2020 e o míssil de cruzeiro AV-TM 300 mostram um esforço em modernização. Mas o Exército enfrenta problemas de organização e foco: as tropas regulares carecem de equipamentos modernos.
A Marinha Brasileira: um naufrágio literal e figurativo
Se o Exército e a FAB lutam para se manterem relevantes, a Marinha está à beira do abismo. Com um litoral de 9.200 km, nossa força naval mal consegue patrulhar. De acordo com especialistas, o Brasil possui apenas cinco submarinos operacionais. A situação das embarcações seria ainda pior: navios obsoletos, falta de planejamento e, principalmente, excesso de gastos com pessoal.

O submarino nuclear brasileiro, que deveria ser um marco, segue patinando em atrasos e estouros de orçamento. Já o porta-aviões São Paulo ficou mais tempo em reparos do que no mar antes de ser aposentado, deixando um rastro de tragédias e desperdício de recursos.
Por que não saímos do lugar?
Os especialistas consultados pela Revista Sociedade Militar apontam um padrão claro: falta de planejamento, má gestão e um modelo engessado que privilegia altos custos com pessoal em vez de modernização estrutural. A centralização de recursos nas três forças militares cria uma competição interna por fatias do orçamento, resultando em equipamentos ultrapassados e dependência tecnológica.
Os problemas na Marinha são o exemplo mais gritante: gastamos mais com salários do que com a construção e manutenção de equipamentos essenciais. Além disso, apontam os analistas, o Brasil insiste em manter uma estrutura militar inflada e mal equipada para justificar sua posição geopolítica.
Apesar de todos os problemas, o brasileiro médio ainda vê as Forças Armadas brasileiras com admiração, seja pela memória histórica da FEB ou pela sensação de estabilidade. Mas a realidade é que, em um cenário global cada vez mais competitivo, ser medíocre não é uma opção. O país precisa de reformas urgentes, investimentos estratégicos e menos discursos vazios.