Nesta quarta-feira, 8 de janeiro de 2025, uma ordem de âmbito geral que, segundo fontes – partiu do Almirantado – surpreendeu os militares da Marinha em todo o território brasileiro, ao proibir a entrada de telefones celulares nos quartéis ou criar um local para seu armazenamento nas portarias. A medida gerou repercussão imediata nas redes sociais frequentadas por militares, onde muitos questionam como a comunicação entre os militares será conduzida a partir de agora, já que grande parte das informações de trabalho circula por meio de WhatsApp, mencionado pela tropa como o principal canal de comunicação usado nas Forças Armadas atualmente.
Divisão de militares em grupos de trabalho pelo WhatsApp
Militares alegam que há anos a força naval tem dividido as tarefas em “grupos de trabalho” no whatsapp e que aos militares é imposto a participação e visualização de mensagens, fora e dentro do ambiênte de trabalho.
Nas portaria dos quartéis, conhecidas como portalós ou salas de estado, segundo a ordem emanada nessa quinta-feira, explicam as fontes, haverá sistemas manuais ou automáticos, não se definiu ainda de que tipo, para detecção de equipamentos como celulares, tablets e computadores.
“controle rigoroso para a entrada de dispositivos móveis como celulares, notebooks e tablets. Esses equipamentos devem ser armazenados em locais específicos definidos pela OM, reduzindo os riscos à Segurança da Informação. O monitoramento efetivo e regras claras ajudam a prevenir incidentes de segurança e o vazamento de dados sensíveis…”, diz a ordem, que pede que os militares realizem aprofundamento na questão lendo manuais internos.
As ordens chegam pelo Whatsapp nos celulares pessoais, fim dos celulares na Marinha gera reclamações
Militar ouvido pela Revista Sociedade Militar explica que os sistemas internos de comunicação como “… Zimbra não alcançam a totalidade da tropa na Marinha do Brasil e são feitos para burocratizar as informações mais restritas ” e que até dentro do quartel muitas ordens chegam por whatsapp nos celulares pessoais, que segundo o mesmo deverá ser agora utilizado pelo computador. O mesmo militar menciona que ao longo dos últimos anos várias situações tem vazado para a imprensa e que, com a proibição de ingresso com os aparelhos, “abusos e pontos imorais”, não serão mais expostos.
De fato, ao longo dos últimos meses, fotografias expondo situações delicadas em instituições militares têm circulado na internet. Sem uma corregedoria e temendo punições ao fazer denúncias internamente, muitos militares recorrem ao registro de imagens com o celular como forma de expor problemas e buscar melhorias nas condições de trabalho e higiene proporcionadas à tropa.
“…[15:36, 08/01/2025] Su…AtivaXXXXX Quem não responder as fainas está se pondo em uma situação de ser punido. [15:36, 08/01/2025] Su…AtivaXXXXX Quem usar o celular tbm está se pondo. A situação de ser punido. [15:37, 08/01/2025] Su…AtivaXXXXX Um tenente perguntado por um sargento se ele poderia então sair dos grupos de trabalho no WhatsApp esse disse que não… A Marinha do Brasil tem muitos pontos imorais e de abusos que não podem ser expostos para não manchar a integridade da Força Naval. Como nos últimos anos tantas coisas foram expostas e deixadas as claras eles não querem que situações escusas, indigestas, de abuso, má utilização do dinheiro público entre outras venham a tona e eles, as autoridades competentes tenham que responder ou pior mudar”.
Outro militar ouvido, que concorda em parte com a determinação, mencionou que de fato os “telefones celulares podem oferecer um plus de risco à segurança orgânica, tem que ver quem pode usar e quem não pode, temos questões sensíveis, mas é meio complicado isso pois por outro lado a força os usa como ferramenta de trabalho de forma intensa e há muito tempo, nem todos tem acesso a computadores, com o whatsapp temos uma forma de transmitir ordens rapidamente e com recibo de entrega…“.
Robson Augusto – Revista Sociedade Militar