RSM - Revista Sociedade Militar
  • AO VIVO
  • Página Inicial
  • Últimas Notícias
  • Forças Armadas
  • Defesa e Segurança
  • Setores Estratégicos
  • Concursos e Cursos
  • Gente e Cultura
RSM - Revista Sociedade Militar
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
Início Defesa e Segurança Geopolítica

Crise na República Democrática do Congo: M23 e Ruanda forjam uma aliança perigosa para invadir o país na África Central

Governo do Congo classificou a ofensiva como uma "declaração de guerra" de Ruanda.

por Rafael Cavacchini
03/02/2025
A A
Refugiados em um campoperto de Goma. Conflito entre Ruanda e Congo ameaça paz na região.

Refugiados em um campoperto de Goma. Conflito entre Ruanda e Congo ameaça paz na região. Foto: Reprodução / UNHCR

Crise na República Democrática do Congo: A invasão do país por Ruanda e a escalada do conflito

A cidade de Goma, no leste da República Democrática do Congo (RDC), tornou-se o epicentro de uma crise geopolítica com a Ruanda que ameaça desestabilizar toda a região. Na última segunda-feira, rebeldes do M23, com apoio militar de Ruanda, tomaram o controle da cidade, levantando o espectro de uma guerra em grande escala.

O governo do Congo classificou a ofensiva como uma “declaração de guerra” de Ruanda. Ao mesmo tempo, o M23 afirmou em sua primeira coletiva de imprensa que está “aqui para ficar” e que pode expandir ainda mais seu território. O grupo já ameaça marchar até Kinshasa, a capital da RDC, o que poderia ter efeitos devastadores na África Central.

A seguir, os cinco principais pontos sobre a crise que assola a região.

1. O que é o M23 e qual sua origem?

O M23 (Movimento 23 de Março) é um grupo rebelde formado em 2012 por combatentes tutsis congoleses, que afirmam lutar sobretudo contra a discriminação e pela proteção de minorias étnicas. Seu nome faz referência a um acordo de paz assinado em 23 de março de 2009, que os rebeldes alegam não ter sido cumprido pelo governo congolês.

O grupo emergiu como um dos sucessores de milícias tutsis que operam no leste do Congo desde as guerras multiestatais que seguiram o genocídio de Ruanda em 1994. Naquele ano, cerca de 1 milhão de pessoas — em sua maioria tutsis — foram massacradas por extremistas hutus. Após o fim do genocídio, os responsáveis fugiram para a RDC, levando à formação de facções armadas rivais e a décadas de instabilidade.

O M23 capturou Goma pela primeira vez em 2012, mas foi expulso no mesmo ano. Após um período de inatividade, retomou sua ofensiva em 2021, conquistando territórios estratégicos em Kivu do Norte e, mais recentemente, completando o cerco à capital provincial.

2. Quais são os objetivos dos rebeldes?

O M23 afirma que sua luta tem o objetivo de garantir direitos à população tutsi do leste do Congo e permitir o retorno de refugiados da etnia, que vivem principalmente em Ruanda e Uganda. Além disso, os rebeldes alegam combater a presença de grupos hutus, como as Forças Democráticas para a Libertação de Ruanda (FDLR), acusadas de abrigar ex-perpetradores do genocídio de 1994.

Contudo, o governo da RDC classifica o M23 como um “fantoche” dos interesses ruandeses e denuncia que o grupo visa consolidar o domínio de Ruanda sobre as ricas reservas minerais da região. O leste congolês abriga vastas jazidas de coltan, estanho e ouro, essenciais para a indústria de eletrônicos. Relatórios da ONU indicam que, somente em 2024, o M23 teria contrabandeado ao menos 150 toneladas métricas de coltan para Ruanda.

3. Ruanda está diretamente envolvida no conflito?

De acordo com relatórios da ONU, Ruanda fornece apoio logístico e militar direto ao M23, incluindo o envio de tropas para o leste do Congo. Estima-se que até 4.000 soldados ruandeses estejam operando na região. Esses grupos operam usando equipamentos militares avançados, como sistemas de defesa aérea e munições guiadas de precisão.

O governo ruandês, no entanto, nega qualquer envolvimento direto e argumenta que a RDC abriga e coopera com grupos hutus armados, como a FDLR. Ruanda acusa as forças do Congo de lutarem ao lado desses grupos, algo que Kinshasa nega veementemente.

A situação gerou repercussão internacional, com países como Estados Unidos, França e Reino Unido condenando a presença de tropas de Ruanda no Congo. Algumas nações europeias ameaçaram suspender ajuda financeira a Ruanda, mas até agora as sanções têm sido limitadas.

4. Qual o impacto humanitário do conflito?

A escalada da violência agravou uma crise humanitária que já era alarmante. Estima-se que mais de 1 milhão de pessoas tenham sido deslocadas nos últimos anos. Além disso, há centenas de milhares vivendo em condições precárias nos arredores de Goma. Os campos de refugiados sofrem com escassez de alimentos, surtos de doenças e relatos generalizados de violência sexual.

A atual ofensiva levanta temores de uma repetição das duas guerras do Congo (1996-1997 e 1998-2003), que resultaram na morte de até 5 milhões de pessoas, sendo um dos conflitos mais letais da história moderna.

5. O que pode acontecer agora?

Os rebeldes do M23 continuam avançando. Há temores de que possam atacar Bukavu, outra cidade estratégica na fronteira com Ruanda. O governo da RDC prometeu retomar Goma e pede apoio internacional para conter a ofensiva. Ao mesmo tempo, sanções contra Ruanda permanecem como um possível instrumento de pressão diplomática.

A comunidade internacional, incluindo a ONU e a União Africana, tenta intermediar negociações, mas sem sucesso até agora. A continuidade do conflito pode levar a uma guerra de larga escala, reacendendo as tensões regionais e mergulhando a África Central em mais um ciclo de violência.

Congo e Ruanda.
Congo e Ruanda. Foto: OpenStreetMap / Reprodução

Revista Sociedade Militar

Ver Comentários

Artigos recentes

  • Além das motos e carros: Honda surpreende com motores usados por militares, geradores que salvam vidas e tecnologias que operam onde tudo falha 09/05/2025
  • Trump institui ‘Dia da Vitória’ em 8 de maio e garante que triunfo na Segunda Guerra foi graças aos EUA: “Goste ou não, fomos nós!” 08/05/2025
  • Militares veem a História como meio de aplicar estratégias aos desafios atuais — “É necessário entrar nas Academias e fazer uma mudança no ensino militar”, diz jornalista 08/05/2025
  • Exército aumenta número de generais: de 2019 a 2025 a força ganhou mais 13 cadeiras 08/05/2025
  • GUERRA em MINUTOS! Conheça a Guerra Anglo-Zanzibari, a guerra mais curta da história, durou menos de 45 min, mas mudou TUDO! 08/05/2025
  • Concurso EsPCEx 2025 teve as inscrições PRORROGADAS, 440 vagas para pessoas com ensino médio 08/05/2025
  • A motocicleta militar com tração nas duas rodas que incrementa a mobilidade tática para operações especiais nos EUA 08/05/2025
  • Apesar de crise orçamentaria e falta de recursos, Lula quer doar 2 aeronaves da Marinha ao Uruguai: PL que autoriza doação de Helicópteros Bell Jet Ranger III(IH-6B) é enviado ao congresso 08/05/2025
  • Concurso EsPCEx encerra inscrições nesta semana! Fique atento ao prazo e não perca a chance de se tornar um militar de carreira 08/05/2025
  • Senado aprova aumento de cotas para negros em concursos públicos: saiba o que muda a partir de agora 08/05/2025
  • Sobre nós
  • Contato
  • Anuncie
  • Política de Privacidade e Cookies
- Informações sobre artigos, denúncias, e erros: WhatsApp 21 96455 7653 não atendemos ligação.(Só whatsapp / texto) - Contato comercial/publicidade/urgências: 21 98106 2723 e [email protected]
Nenhum resultado
Ver todos os resultados
  • Conteúdo Membros
  • Últimas Notícias
  • Forças Armadas
  • Concursos e Cursos
  • Defesa e Segurança
  • Setores Estratégicos
  • Gente e Cultura
  • Autores
    • Editor / Robson
    • JB REIS
    • Jefferson
    • Raquel D´Ornellas
    • Rafael Cavacchini
    • Anna Munhoz
    • Campos
    • Sérvulo Pimentel
    • Noel Budeguer
    • Rodrigues
    • Colaboradores
  • Sobre nós
  • Anuncie
  • Contato
  • Entrar

Revista Sociedade Militar, todos os direitos reservados.