Alistamento militar feminino: 23,5 mil mulheres já se inscreveram, mas o que vem depois?
O Exército Brasileiro abriu, pela primeira vez, o Serviço Militar Inicial Feminino. Mais de 23,5 mil mulheres já correram para se inscrever desde 1º de janeiro. Até aí, o alistamento feminino já é um avanço e tanto. No entanto, apenas 1.500 delas serão incorporadas como soldados em 2026.
O alistamento segue até 30 de junho. Contudo, diferentemente dos homens, que são obrigados a se alistar, a adesão feminina é totalmente voluntária. Mas tem um detalhe: assim que são selecionadas e incorporadas, o serviço militar passa a ser obrigatório por um ano, igual ao dos homens. Ou seja, entra quem quer, mas sai quem pode.
Militares de reserva – no papel ou na prática?
Ao final desse período, as mulheres receberão o Certificado de Reservista e poderão ser convocadas em caso de guerra.
A jovem Lavínia Ávila Félix, de Porto Alegre, uma das inscritas, contou à TV RBS que decidiu se alistar por influência do pai, que serviu e sempre falou com carinho da experiência. De acordo com ela, “desde pequena, meu pai falou muito sobre a experiência que ele teve no quartel e como criou amizades e vínculos lá dentro. Quero dar seguimento a essa história”.
Porto Alegre é uma das 29 cidades onde as mulheres terão vagas para servir como soldados.
O que acontece depois do hype?
A questão que fica é: depois dessa enxurrada de alistamentos, qual será o destino dessas mulheres? O Exército já tem mulheres em suas fileiras há anos, mas geralmente em funções administrativas e de apoio. O alistamento feminino para soldados sugere algo diferente. Mas será que realmente veremos uma participação feminina maior nas tropas combatentes ou isso será apenas uma iniciativa simbólica?
A Marinha e a Aeronáutica também estão de portas abertas, mas a realidade é que as mulheres ainda enfrentam barreiras na ascensão dentro das Forças Armadas. O Decreto nº 12.154, de agosto de 2024, estabeleceu as regras do alistamento, mas não há nada que garanta que essas mulheres terão as mesmas oportunidades de carreira que os homens.
Por enquanto, o Exército comemora a adesão recorde, mas o verdadeiro teste será o que acontecerá com essas mulheres quando os holofotes se apagarem.