Em uma reviravolta para a defesa aérea brasileira, a China ofereceu ao Brasil seus caças de combate Chengdu J-10. A notícia, divulgada pela revista Veja em janeiro, revela que “a China tentou vender, recentemente, ao governo brasileiro um lote de caças de combate Chengdu J-10”, embora as “conversas não tenham avançado”.
Segundo a publicação, o Brasil enfrenta dificuldades orçamentárias para concluir a entrega dos caças Gripen, adquiridos da Suécia há dez anos. “Não há dinheiro nem para concluir a entrega dos caças Gripen, que teve seu cronograma atrasado em virtude do corte de gastos”, ressalta a Veja.
Egito já confirmou compra do caça chinês, afirma canal Geomilitary
O canal Geomilitary, em vídeo publicado no YouTube, destacou que o Egito já selecionou o caça J-10C chinês para equipar sua força aérea, “substituindo o modelo que o próprio Estados Unidos quer promover mundo afora, que é o caça F-16”.

“O Egito acaba de entrar na aliança [BRICS] e já irá utilizar o caça. Se o Egito comprar uma grande quantidade, pois ainda comprou um pequeno lote, já vai receber em meados agora do ano de 2025”, afirma o canal.
Condições especiais de financiamento oferecidas pela China
Um ponto interessante revelado pelo canal Geomilitary é que “os chineses ofereceram a aeronave sem o Brasil precisar pagar nenhum dinheiro físico, e sim alugando uma base militar para lançamento de foguetes”. Essa proposta representa uma alternativa ao modelo tradicional de aquisição militar.
Características do J-10: como se compara ao Gripen e ao F-16?
O J-10 é um caça médio de quarta geração avançada, com tecnologia comparável ao Gripen e ao F-16. De acordo com o comandante Robinson Farinazzo, do canal Arte da Guerra, o J-10 “é um caça médio, tem um raio de combate muito bom, 550 km, que é bastante razoável, e um raio de ação de mais ou menos uns 1800 km”.

O avião de combate F-16 dos EUA é um dos mais populares e utilizados no mundo, enquanto o J-10 é o caça mais numeroso na Força Aérea Chinesa. (Imagem: Reprodução/Quốc Phòng Việt Nam)
O comandante também destaca que “a China já fabricou 600 aviões desse” e que o modelo “tem muita tecnologia russa envolvida, desde o canhão até alguns aviônicos”. O J-10 apresenta características semelhantes ao F-16 americano, com “uma elegância das linhas, os canards”, observa Farinazzo.
Prós da aquisição do caça chinês, segundo especialistas
O comandante Farinazzo destaca como principal vantagem a diversificação de fornecedores militares: “O Brasil está muito dependente da indústria da OTAN, e se um dia a gente tiver um problema com esses países, como a Argentina teve, a gente não vai ter para onde correr”.
“O chinês tem produto para todos os bolsos. Se você quer gastar menos, eles têm um produto; se você quer gastar mais, você tem condição de comprar um produto com uma qualidade e versatilidade maior”, afirma o especialista.
Outro ponto favorável é o preço competitivo, especialmente importante considerando que “no Brasil, os orçamentos são bastante restritos por uma série de fatores”, ressalta Farinazzo.
Desafios e contras da possível aquisição
Apesar das vantagens, o comandante Farinazzo aponta alguns desafios: “Talvez o grande obstáculo que a China tenha seja a própria língua, porque os caracteres chineses são complicados. Eles têm, às vezes, uma certa relutância com o inglês”.
“As Forças Armadas Brasileiras têm uma influência muito grande da OTAN […] e acaba ficando difícil o pessoal se convencer a comprar material russo, chinês, indiano, turco”, explica o especialista militar.
Tendência global de diversificação de fornecedores militares
O comandante Farinazzo prevê uma mudança no mercado militar global: “Esse cenário vai ampliar bastante no futuro. Vocês vão ver muitas armas chinesas e indianas principalmente. A OTAN agora entra numa corrida armamentista, então eles vão exportar menos”.
“Nos próximos 10 anos, vocês talvez vejam uma participação maior desses países no mercado aeronáutico e no mercado militar”, projeta o especialista.
Qualidade da tecnologia chinesa não deixa a desejar
Confrontando possíveis críticas à qualidade dos equipamentos, Farinazzo é enfático: “Hoje, a indústria chinesa não deixa a desejar mais nada aos Estados Unidos. A Marinha deles já é maior que a Marinha americana, eles já estão com jatos de combate de última geração que colocam os americanos em cheque”.
“Não há motivo para o Brasil ter a desculpa de que a tecnologia chinesa não nos convém. É uma tecnologia bastante avançada”, conclui o comandante.
Brasil precisa diversificar parcerias militares, defende especialista
Para o comandante Farinazzo, o Brasil precisa ampliar suas parcerias estratégicas: “O mercado brasileiro precisa olhar mais para China, precisa olhar mais para Índia, precisa olhar mais para Turquia, o próprio Irã também”.
“Nossas compras estão muito centradas, viciadas em Estados Unidos, França e Israel. Eu acho que isso precisa mudar”, finaliza o especialista militar.