Dois sargentos do Exército foram condenados por roubo de munição no Rio de Janeiro, revelando um esquema que desviou mais de 1.500 projéteis de diversos calibres da Companhia de Precursores Paraquedistas. A 4ª Procuradoria de Justiça Militar denunciou o caso, e o Conselho Permanente de Justiça para o Exército confirmou a condenação, com penas de reclusão para os envolvidos. Os crimes ocorreram entre abril e junho de 2019, e os militares foram punidos com penas de até 4 anos e 8 meses de reclusão, sem direito a regimes mais brandos ou liberdade durante o processo de apelação.
Os números do roubo
Os sargentos negociavam os cartuchos entre si. Um deles chegou a pagar R$ 3.200,00 ao outro para garantir parte da munição desviada. Entre os números apurados:
- 700 munições calibre 223 Remington
- 301 munições calibre 7,62 mm
- 160 munições calibre 9 mm
- 243 munições calibre 12 não letal
- 116 munições calibre 12 letal
- 2 granadas lacrimogêneas e 2 de pimenta
Nada disso foi disparado em treinamento. Tudo sumiu.
Como o esquema funcionava
Um dos ex-sargentos do Exército, responsável pela guarda das munições, admitiu em depoimento que recebeu pagamentos em dinheiro para desviar os itens. Aproveitando-se de suas funções, os sargentos não recolhiam o material após os exercícios, desviando-o para venda posterior. Durante a Operação Relâmpago, ele deixou de recolher as munições ao paiol da unidade e falsificou registros para justificar o sumiço, alegando que todas haviam sido usadas em exercícios. Um dos sargentos chegou a inserir informações falsas nos registros para tentar justificar o sumiço da munição.
No entanto, investigações comprovaram que nenhuma atividade de tiro foi realizada durante as operações. As investigações apontam para um esquema de venda de munição desviada, com ligações telefônicas entre os envolvidos.
Um dos sargentos confessou ter recebido dinheiro para desviar as munições, chegando a receber R$ 2.200,00 por um único lote.
As consequências
A Justiça Militar destacou a gravidade dos crimes, já que as munições desviadas são de alto poder destrutivo e foram retiradas de locais estratégicos, como a Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e o Campo de Instrução do Camboatá. O desvio não só comprometeu a segurança e a disciplina militares, mas também colocou em risco a população, já que as munições poderiam ter ido parar nas mãos do crime organizado.
As penas
- Um dos ex-sargentos foi condenado a 4 anos e 8 meses de reclusão.
- O outro recebeu pena de 3 anos, 10 meses e 20 dias de reclusão.
- Ambos cumprirão as penas em regime fechado, sem direito a sursis ou liberdade durante o processo de apelação.
Fonte: Ministério Público Militar