Nos últimos anos tem sido cada vez mais comuns que militares da ativa e reserva das Forças Armadas e Forças Auxiliares se transformem nos chamados influenciadores das redes sociais. A atividade militar ainda está entre aquelas consideradas mais atrativas, sobretudo para o público mais jovem e é comum que militares tenham em seus perfis no Instagram um grande número de seguidores.
Com os salários mais baixos do funcionalismo, os militares das Forças Armadas e Forças Auxiliares acabam utilizando o interesse que a sociedade civil projeta sobre eles para ganhar uma renda extra. Muitos dão dicas sobre como ingressar em Forças Armadas, outros falam sobre preparação física, mostram cenas do dia a dia nos quartéis e alguns explicam questões de geopolítica e segurança pública em canais particulares nas redes sociais e Youtube.
Influenciadores nas redes sociais
Alguns, quando alcançam uma quantidade razoável de seguidores, tem possibilidade de conseguir eventual patrocínio, quase sempre informal, de empresas ligadas a equipamentos militares como facas, coldres e lanternas. A monetização de vídeos é outra das formas utilizadas, que no Youtube, por exemplo, pode ter ganhos que passam de um dólar a cada mil visualizações.
Um vídeo considerado bom pode alcançar 500 mil visualizações, rendendo no mínimo 500 dólares, o que sem dúvidas já é considerado um bom complemento para quem tem salários que dificilmente passam da casa dos 8 mil reais.
Entretanto, aparentemente as Forças Armadas tem direcionado o olhar para esse tipo de atividade. A prática de monetizar as redes sociais pode estar em vias de terminar. Um manual de conduta publicado pela Força Aérea Brasileira deixou bem claro para os militares da instituição que o comando da força, atualmente nas mão do Tenente – Brigadeiro Marcelo Kanitz Damasceno, não está feliz com a situação.

“De acordo com o Estatuto dos Militares e o RDAER, o militar deve abster-se de fazer uso do posto ou da graduação para obter facilidades pessoais de qualquer natureza. É proibido: monetizar o seu perfil/canal nas mídias sociais; fazer anúncios de cursinhos, empresas, lojas, etc.; e comercializar qualquer produto ou serviço.”
No documento, que foi distribuido em 2020 e ainda está está em vigor, a Força Aérea recomendou ainda que os militares não publiquem vídeo retratando situações engraçadas ocorridas dentro dos quartéis.
“Mídia social não é local para elaborar e publicar conteúdos inovadores e criativos fazendo uso de temas e personagens da Instituição Militar (por exemplo: vídeos engraçados, canções, declarações, memes, gifs, dublagens, montagens, etc.).”.

Robson Augusto – Revista Sociedade Militar