Um novo estudo da RAND Corporation questiona a capacidade da China de enfrentar os Estados Unidos em uma guerra convencional, apesar dos avanços significativos na modernização de suas forças armadas. A informação foi divulgada pelo portal “EurAsian Times” e destaca as fragilidades estruturais e organizacionais do Exército de Libertação Popular (PLA, na sigla em inglês), que poderiam comprometer sua eficácia em um eventual conflito.
O relatório, intitulado “A Preparação Duvidosa para o Combate do Exército Chinês”, foi publicado em 27 de janeiro pelo pesquisador sênior de defesa Timothy R. Heath. O estudo argumenta que a principal função do PLA não é a guerra, mas sim a manutenção do poder do Partido Comunista Chinês (PCC). Isso teria levado a uma estrutura militar mais voltada para a lealdade política do que para a efetividade em combate.
Falta de experiência militar e desafios internos
Embora a China tenha investido pesadamente na modernização de suas forças armadas, com o aumento da frota de navios de guerra e aeronaves de combate, a falta de experiência em conflitos reais levanta dúvidas sobre sua prontidão militar. O relatório destaca que o PLA não se envolve em uma guerra desde 1979, e seus treinamentos e exercícios recentes foram criticados pela falta de integração e eficiência operacional.
Além disso, a estrutura política do exército chinês afeta diretamente sua capacidade de resposta. Segundo Heath, os comissários políticos, responsáveis por garantir a lealdade dos soldados ao Partido Comunista, possuem autoridade equivalente aos comandantes militares, o que atrasa a tomada de decisões em momentos críticos. Essa organização hierárquica centralizada prejudica a capacidade do exército de agir de forma rápida e eficiente em situações de combate real.
Estrutura política prejudica prontidão militar
O relatório também aponta que a presença de comitês partidários dentro das forças armadas chinesas contribui para um sistema burocrático lento, onde qualquer ação militar precisa ser aprovada por instâncias superiores. Esse modelo reduz a autonomia dos comandantes de campo, dificultando respostas rápidas a ameaças iminentes.
Outro problema levantado pelo estudo é a influência da corrupção e da fidelidade política nas promoções dentro do exército chinês. A escolha de líderes militares baseada na lealdade ao partido, e não na competência operacional, pode comprometer ainda mais a capacidade do PLA de enfrentar um inimigo com a força e a organização do exército dos Estados Unidos.
China evita conflito direto com os EUA
Apesar do avanço tecnológico e do crescimento de seu poderio militar, o relatório indica que Pequim não demonstra intenção de iniciar uma guerra convencional contra os EUA. Especialistas apontam que a postura da China tem sido mais voltada para o uso de meios econômicos, políticos e militares para dissuadir movimentos independentistas de Taiwan, em vez de buscar uma guerra aberta.
Além disso, as prioridades do Partido Comunista Chinês continuam sendo a estabilidade interna e o combate a desafios como corrupção, desemprego e tensões sociais. A retórica do presidente Xi Jinping sobre a reunificação de Taiwan segue um padrão similar ao de administrações anteriores e não indica uma preparação concreta para uma ação militar de grande escala.
Falta de planejamento para invasão de Taiwan
Outro ponto destacado no relatório é a ausência de um plano claro para uma possível invasão e controle de Taiwan. Heath ressalta que, até o momento, não há estudos detalhados divulgados pelo exército chinês sobre como derrotar as forças dos EUA em um conflito direto ou como estabelecer domínio sobre Taiwan após uma ocupação.
Embora a China continue investindo em modernização militar, a falta de experiência em guerra real, a estrutura hierárquica altamente centralizada e a prioridade política do exército podem limitar sua capacidade de enfrentar os EUA em um conflito convencional. O relatório sugere que Washington deve considerar um espectro mais amplo de ameaças ao lidar com Pequim, sem desconsiderar a possibilidade remota de um embate militar direto entre as duas potências.