Desenvolvido pela União Soviética, o MIG-21 revolucionou a força aérea global e segue sendo um dos modelos mais utilizados consolidando-se como um marco na aviação militar global. Nos anos 1950, a União Soviética precisava de uma aeronave que combinasse velocidade, simplicidade e baixo custo de produção. Para atender a essa demanda, a Mikoyan-Gurevich desenvolveu o MiG-21, um caça de asa delta com inclinação de 57º, equipado com o motor Tumansky R-25. Ele atingia Mach 2.05, rivalizando com o F-104 Starfighter americano, então o caça mais veloz do mundo.
O design do MiG-21 priorizava a simplicidade e a eficiência, o que permitia uma produção em massa extremamente viável, no entanto, essa abordagem trouxe desafios. O cockpit era apertado e desconfortável segundo os pilotos, e as primeiras versões tinham radares limitados e o tanque de combustível externo mal posicionado causava instabilidade em voo. Mesmo assim, mais de 11.000 unidades foram fabricadas na União Soviética, Tchecoslováquia e Índia. Além disso, se considerarmos as 2.500 unidades do Chengdu J-7, uma cópia chinesa do MiG-21 produzida até 2013, o total ultrapassa 13.500 aeronaves.
MiG-21 em combate: guerras e estratégias da força aérea
O MiG-21 desempenhou um papel fundamental em conflitos na força aérea ao redor do mundo. No Vietnã, começou a operar em 1966, substituindo os ultrapassados MiG-17. Com apoio de instrutores soviéticos disfarçados, os norte-vietnamitas adotaram táticas inovadoras, como ataques rápidos guiados por radares terrestres. Um exemplo notável ocorreu em 7 de julho de 1966, quando o piloto Tran Inok Cuu abateu um F-105 Thunderchief utilizando foguetes S5M não guiados. Esse feito inesperado surpreendeu os Estados Unidos e demonstrou a eficiência do caça soviético em combates de curta distância.
Na Guerra do Yom Kippur, em 1973, os sírios inovaram no uso do MiG-21. O piloto Mohammed Mansur executou a manobra “cobra”, reduzindo abruptamente a velocidade para forçar a ultrapassagem do inimigo e posicionar-se em um ângulo ideal para disparo. Essa tática, posteriormente associada ao Su-27, teria garantido pelo menos duas vitórias contra caças israelenses. Entretanto, a introdução dos F-15 por Israel reduziu a vantagem dos MiG-21. Enquanto os caças árabes utilizavam mísseis R-60 com alcance de 8 km, os F-15 disparavam AIM-7 Sparrow, capazes de atingir alvos a 100 km.
MIG-21 na Índia e no continente africano
Na Índia, o MiG-21 deixou um legado misto. Durante a Guerra de 1971, demonstrou sua letalidade ao abater um F-104 paquistanês no primeiro combate supersônico do sul da Ásia. No entanto, anos depois, a aeronave ficou conhecida por seu alto índice de acidentes, ganhando o apelido de “caixão voador”. Das 840 unidades operadas pela força aérea da Índia, 55% foram perdidas, muitas vezes devido a falhas mecânicas. Pilotos indianos relataram que o motor da aeronave engolia pássaros com facilidade, causando falhas catastróficas.
O MiG-21 também esteve presente em conflitos na África. Em Angola, pilotos cubanos enfrentaram os sul-africanos que pilotavam caças Mirage F1. Em 6 de novembro de 1981, o tenente sul-africano Johan Hunkin contratados utilizaraabateu um MiG-21 com canhões de 30 mm, garantindo a primeira vitória aérea da África do Sul em décadas. Já na Etiópia, nos anos 1970, pilotos israelensesm caças F-5 para derrotar quatro MiG-21 somalis em um único confronto, expondo a deficiência no treinamento dos pilotos africanos.
O legado do MiG-21: um ícone da aviação militar
A popularidade do MiG-21 cresceu tanto que até a CIA utilizou unidades de forma secreta. Nos anos 1980, o esquadrão Red Eagles empregou caças capturados no Vietnã para treinar pilotos americanos no deserto de Nevada. Décadas depois, o caça voltou ao centro das atenções na força aérea da guerra civil síria. Em 2016, rebeldes derrubaram um MiG-21 sírio com um míssil FN-6 chinês. O piloto ejetou com sucesso, mas acabou capturado devido a uma falha em seu sistema de navegação.
Em 2023, a Romênia aposentou sua frota de MiG-21 modernizados, que haviam sido equipados com mísseis Python 3 e radares de longo alcance. Apesar das melhorias, a taxa de acidentes desses caças era 30 vezes maior que a dos modelos mais modernos, tornando sua operação inviável.
Mesmo aposentado em vários países, o legado do MiG-21 permanece vivo. Ele provou que uma aeronave simples, porém eficaz, pode competir com tecnologias mais avançadas, mas hoje, o caça figura em museus de aviação, mas algumas nações, como Cuba e Azerbaijão, ainda operam versões modernizadas. O MiG-21 transcendeu o tempo, as fronteiras e as ideologias, deixando sua marca definitiva na história da força aérea mundial.