
O portal chinês Sohu.com, o 2º maior em número de acessos segundo a ferramenta de análise similarweb, publicou uma análise sobre as Forças Armadas Brasileiras, destacando o que consideram uma grande desproporção entre a dimensão territorial e econômica do Brasil e sua capacidade militar. O artigo afirma que, apesar de ser o quinto maior país do mundo em extensão territorial e população, o Brasil possui forças armadas que carecem de efetivo, modernização e capacidade operacional comparável a outras nações de tamanho semelhante.
Compra de Gripen e o impacto na aviação de combate
A análise ressalta a aquisição dos caças suecos JAS-39 Gripen (designados F-39 pela FAB) como um evento de grande impacto para a Força Aérea Brasileira, visto que sua chegada substituirá praticamente toda a frota de caças em operação. O artigo enfatiza a situação da FAB antes da aquisição dos novos jatos: uma frota composta essencialmente por aeronaves antigas, como os F-5E Tiger II e os AMX A-1, que já estavam obsoletos frente a padrões modernos de combate.
Deficiências no Exército e na Marinha
O Sohu também criticou a composição do Exército Brasileiro, apontando que o país não possui nenhum tanque de guerra de terceira geração. Os principais blindados são os Leopard 1A5 e os M60A3 TTS, modelos considerados tecnologicamente defasados em relação a outros exércitos modernos. Além disso, a artilharia é composta em grande parte por peças da Segunda Guerra Mundial, como os obuseiros M101/102, e um número limitado de sistemas modernos.
Na Marinha, a publicação destacou o envelhecimento da frota de escolta, que ainda é dominada por fragatas da classe Niterói, projetadas nos anos 1970. O artigo reconhece a recente aquisição do navio-aeródromo multipropósito Atlântico (ex-HMS Ocean), mas aponta que isso não é suficiente para elevar a capacidade da esquadra a um padrão comparável ao de marinhas de potências militares de mesmo porte.
Razões para a baixa capacidade militar
O texto do Sohu argumenta que essa situação ocorre por três motivos principais:
- Ausência de ameaças externas significativas – O Brasil não enfrenta rivais regionais e não tem disputas territoriais de grande magnitude, o que reduz a necessidade de manter uma força militar robusta.
- Prioridade para questões internas – O emprego das Forças Armadas tem sido direcionado para operações de segurança interna, como o combate ao crime organizado e patrulhamento em regiões urbanas, ao invés de uma estratégia de defesa nacional convencional.
- Limitações orçamentárias – Apesar de possuir uma indústria de defesa razoavelmente desenvolvida, o Brasil não destina recursos suficientes para uma modernização ampla e rápida de suas forças armadas.
Conclusão: uma força com desafios estruturais
Por fim, a análise do Sohu sugere que, apesar do Brasil ser a principal potência da América do Sul, suas Forças Armadas estão muito aquém de sua dimensão geopolítica e econômica. Embora existam iniciativas para modernização, como o programa de caças Gripen e o desenvolvimento do submarino nuclear, o ritmo dessas mudanças é lento e não resolve a defasagem estrutural de curto prazo.
O Brasil, portanto, continua sendo um caso peculiar no cenário militar global: um gigante econômico e territorial com uma força militar considerada modesta para seus padrões.