Para quem sonha com bombardeiros estratégicos como os B-52 dos EUA, os Tu-95 russos ou os Xian chineses, o Brasil ainda está muito distante. A FAB nunca teve, e dificilmente terá, um avião desse tipo. No entanto, se considerarmos caças com capacidade de ataque ao solo, aí a história muda um pouco.
Quando se fala em bombardeiros, muitos esquecem que a Força Aérea Brasileira opera diversos aviões que também possue messe fim. A FAB opera, por exemplo, o avião o AMX A-1, um caça-bombardeiro leve desenvolvido pela Embraer e empresas parceiras. O A-1 tem sete pontos de fixação para armamentos, podendo carregar várias bombas e mísseis de ataque ao solo.
Contudo, o AMX A-1 ainda está longe de ser um bombardeiro no sentido tradicional. De acordo com especialistas, o A-1 foi projetado para missões de ataque tático. Isso significa que o avião pode bombardear alvos terrestres, mas não tem capacidade para carregar toneladas de explosivos como um B-52.
A ideia original da FAB para este avião sempre foi combinar agilidade e precisão com uma boa carga de armamento.
Afinal, por que o Brasil não tem bombardeiros pesados?
Há três razões principais para isso:
1. Bombardeiros pesados são alvos gigantes e fáceis de abater
Bombardeiros estratégicos são enormes, lentos e vulneráveis. O B-52, por exemplo, já era um avião ultrapassado em termos de defesa aérea nos anos 60. Durante a Guerra do Vietnã, vários deles foram abatidos por mísseis soviéticos fornecidos aos vietnamitas.
Até mesmo o Tu-95 Bear, da Rússia, tem um problema peculiar. É um avião tão barulhento que submarinos da OTAN conseguem detectá-lo pelo sonar, mesmo a dezenas de milhares de metros de altitude.
Na Guerra do Golfo, os B-52 só entraram em ação depois que os caças furtivos americanos destruíram as defesas antiaéreas do Iraque. Sem essa proteção, teriam sido derrubados rapidamente.
Agora imagine um bombardeiro desse tipo voando pelo Brasil. Seria um alvo fácil até para um país com defesa aérea mediana.
2. Bombardeiros são armas ofensivas – O Brasil tem doutrina defensiva
A FAB não precisa desse tipo de avião porque não planeja atacar ninguém.
Bombardeiros estratégicos foram fundamentais na Segunda Guerra Mundial, quando os Aliados destruíram cidades inteiras na Alemanha e no Japão. Mas, para um país como o Brasil, que tem uma política de defesa e não de ataque, não faz sentido investir em algo assim.
Países que operam bombardeiros estratégicos — como EUA, Rússia e China — fazem isso porque precisam projetar poder militar globalmente. O Brasil não tem esse tipo de necessidade.
Se o Brasil fosse entrar em uma guerra, provavelmente seria no próprio território ou na América do Sul. E, para isso, caças multifuncionais como o Gripen são mais úteis do que um bombardeiro pesado.
3. São absurdamente caros de operar
Operar um bombardeiro não é brincadeira.
- Um bombardeiro pesado queima milhares de litros de combustível por hora.
- A manutenção é complexa e cara, exigindo sobretudo peças especializadas e mão de obra qualificada.
- A eletrônica embarcada tem que ser de última geração, o que encarece ainda mais o projeto.
Até os EUA, que têm orçamento quase ilimitado para defesa, têm dificuldades para manter sua frota de bombardeiros. Se um país rico como os EUA já enfrenta esse problema, imagine o Brasil, onde a FAB luta para manter até caças operacionais por falta de peças e orçamento.
Bombardeiros no Brasil? Um sonho, apenas.
O Brasil não tem e não precisa de bombardeiros estratégicos. A FAB não tem nenhum interesse nesse tipo de avião.
Nossa doutrina militar é defensiva, nossa necessidade de ataque a longa distância é limitada e os custos operacionais de um bombardeiro pesado são simplesmente inviáveis para a FAB.
O que temos são caças-bombardeiros leves como o AMX A-1, que cumprem bem o papel de ataque tático. E, para a realidade brasileira, isso já é mais do que suficiente.