Após a polêmica envolvendo a Eletronuclear e a WANO (World Association of Nuclear Operators), que foi barrada de realizar inspeções nas usinas de Angra 1 e 2, o governo instituiu um grupo de trabalho para propor procedimentos de guarnecimento e operação do Centro de Informação de Emergência Nuclear. A medida, publicada na Resolução COPREN-AR nº 1, de 5 de março de 2025, surge em meio a denúncias de cortes orçamentários de R$ 400 milhões, demissões em massa e desvios de recursos para Angra 3, que colocam em xeque a segurança nuclear no Brasil.
WANO barrada e cortes bilionários
A WANO, associação internacional fundada após o desastre de Chernobyl para garantir a segurança de usinas nucleares, foi impedida de realizar inspeções na Eletronuclear. A empresa, no entanto, nega as acusações. Segundo informa a Revista Sociedade Militar, a Eletronuclear afirmou: “Jamais recusou qualquer visita da associação”.

Enquanto isso, os cortes de R$ 400 milhões no orçamento de manutenção para 2025 acendem o alerta. De acordo com o Petronotícias, “é impossível manter duas usinas nucleares com segurança com esse orçamento”.
Grupo de trabalho para emergências nucleares
A Resolução COPREN-AR nº 1/2025 cria um grupo de trabalho com representantes de órgãos como a Secretaria de Estado de Defesa Civil do Rio de Janeiro, a CNEN e o Ibama. O objetivo é elaborar procedimentos para o Centro de Informação de Emergência Nuclear, que será submetido à aprovação da Defesa Civil do RJ.
O grupo terá 180 dias para concluir suas atividades, com possibilidade de prorrogação por igual período. A participação será considerada “prestação de serviço público relevante, não remunerada”, conforme o texto da resolução.
Privatização e sucateamento
A crise na Eletronuclear é atribuída por sindicalistas e especialistas à privatização da Eletrobrás, sua controladora. O Diário da Causa Operária acusa a gestão de priorizar o lucro em detrimento da segurança, afirmando que “a administração da Eletrobrás já não guarda compromisso algum, exceto com o lucro dos vampiros que a roubaram”.
Além dos cortes, a empresa anunciou um Plano de Demissão Voluntária (PDV) que pode atingir 500 funcionários. Para o O Dia, sindicalistas alertam que a redução de mão de obra qualificada coloca em risco a operação segura das usinas.
Desvios para Angra 3?
A Eletronuclear também enfrenta acusações de desviar recursos das usinas Angra 1 e 2 para financiar a construção de Angra 3. Conforme reportado pela Revista Sociedade Militar, a empresa rebateu as críticas, afirmando: “Não há qualquer desvio de recursos das receitas das usinas Angra 1 e 2 para o financiamento do CAPEX de Angra 3”.
No entanto, fontes internas questionam a transparência da gestão, liderada por um advogado sem experiência prévia em energia nuclear.
Segurança em risco
A resistência às inspeções da WANO e os cortes orçamentários geram preocupações internacionais. Segundo o Petronotícias, abandonar a WANO seria “um caso inédito no mundo”, com risco de sanções indiretas pela AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) e dificuldades para licenciar Angra 3.