O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) participou, na manhã deste domingo (16), de um ato público na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para defender a anistia dos investigados pelos ataques ocorridos em 8 de janeiro de 2023. O evento acontece poucos dias antes do Supremo Tribunal Federal (STF) iniciar o julgamento que pode tornar Bolsonaro réu por tentativa de golpe de Estado.
A manifestação, convocada por apoiadores do ex-presidente, teve início às 10h e reuniu militantes vestidos com camisas da seleção brasileira e portando faixas e cartazes pedindo “anistia já”. Bolsonaro chegou ao local por volta das 10h18, sendo recebido por um grupo de apoiadores que tiraram fotos e o cumprimentaram.
O ato acontece em um momento decisivo para o futuro político de Bolsonaro. No dia 25 de março, a Primeira Turma do STF julgará a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR), que aponta o ex-presidente como líder do núcleo central da trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2023. Se a acusação for aceita, Bolsonaro e outros aliados poderão se tornar réus.
Políticos e lideranças religiosas marcam presença
Entre os presentes no evento estavam políticos e líderes religiosos. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, criticou o ministro Alexandre de Moraes, chamando o ato de “passo importante para derrotar o alexandrismo”. Flávio alegou que o Brasil está “sendo bombardeado por medidas autoritárias” e acusou Moraes de “rasgar a Constituição”.
Quatro governadores também confirmaram presença na manifestação: Tarcísio de Freitas (São Paulo), Cláudio Castro (Rio de Janeiro), Mauro Mendes (Mato Grosso) e Jorginho Mello (Santa Catarina). Além deles, nove senadores, mais de 40 deputados federais e o pastor Silas Malafaia marcaram presença. Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, também compareceu ao evento, após autorização judicial para retomar contato com Bolsonaro.
Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama, não compareceu à manifestação. Ela passou recentemente por um procedimento estético e não recebeu liberação médica para participar do evento.
Manifestação foca na anistia dos investigados
A manifestação teve como foco a defesa da anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro, tema que vem ganhando apoio dentro do Congresso Nacional. O projeto de lei que prevê o perdão para os crimes relacionados aos ataques ao Palácio do Planalto, Congresso e STF está em tramitação na Câmara dos Deputados e conta com o suporte de partidos do centrão, como Republicanos, PSD, União Brasil e PP.
Apesar do tom voltado para a anistia, críticas ao governo Lula também estiveram presentes, embora em menor intensidade. A queda de popularidade do atual presidente tem sido explorada por aliados de Bolsonaro, que buscam reforçar a narrativa de perseguição política e questionar a legitimidade das investigações contra o ex-mandatário.
O julgamento no STF será dividido em três sessões: duas no dia 25 de março, às 9h30 e às 14h, e uma no dia 26, às 9h30. Se a denúncia for aceita, Bolsonaro e outros investigados poderão responder na Justiça por tentativa de golpe de Estado.
STF julgará Bolsonaro e aliados em março, quem pode se tornar réu?
Em vídeo publicado na rede social X na noite anterior ao protesto, Bolsonaro afirmou que o evento era uma oportunidade para lutar pelo “resgate dos presos do 8 de janeiro”. A publicação também mostrou apoiadores na porta do hotel onde ele estava hospedado, demonstrando apoio antes do ato.
Além de Bolsonaro, são alvos da denúncia os ex-ministros Walter Braga Netto, Anderson Torres, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira, além do deputado Alexandre Ramagem, do ex-comandante da Marinha Almir Garnier e do tenente-coronel Mauro Cid.
A Procuradoria-Geral da República afirma que Bolsonaro comandava o núcleo da trama para impedir a posse de Lula e que os acusados usaram cargos de alto escalão para interferir no processo democrático. Se a denúncia for aceita, eles responderão na Justiça por tentativa de golpe de Estado.
A informação foi divulgada pelo portal UOL.