A Suécia deu um passo decisivo para reforçar suas capacidades de ataque de longo alcance ao optar pela integração do míssil de cruzeiro Taurus KEPD-350 em seus caças JAS 39 Gripen. O armamento, conhecido por sua precisão cirúrgica e grande alcance, será adquirido da Alemanha e incorporado à frota sueca nos próximos anos. A informação foi divulgada pelo EurAsian Times, que destacou o anúncio feito pelo Ministério da Defesa da Suécia em seu relatório anual.
O míssil Taurus KEPD-350, desenvolvido pela empresa alemã Taurus Systems GmbH em parceria com a MBDA Deutschland e a Saab Bofors Dynamics, tem capacidade de atingir alvos a mais de 500 quilômetros de distância. Projetado para destruir infraestruturas fortificadas e alvos estratégicos com extrema precisão, ele representa uma adição significativa ao poder aéreo sueco em um momento de crescentes tensões geopolíticas no Báltico.
A decisão de integrar o Taurus foi incluída no pacote de modernização do JAS 39C Gripen, com a expectativa de que o míssil esteja operacional até 2028. Posteriormente, o armamento também será incorporado ao JAS 39E Gripen dentro do programa MS23, ampliando ainda mais a capacidade ofensiva da Força Aérea da Suécia.
Negociações avançam com a Alemanha
Para viabilizar a integração, a Agência Sueca de Aquisições de Defesa (FMV) já iniciou tratativas com o governo alemão e designou a Saab AB, principal empresa aeroespacial do país, para realizar os estudos técnicos necessários. Embora o relatório do Ministério da Defesa não tenha detalhado os custos ou a quantidade exata de mísseis adquiridos, o projeto é tratado como uma prioridade estratégica para a defesa sueca.
O Taurus é um dos mísseis mais avançados do mundo em sua categoria, combinando tecnologia furtiva, alto poder destrutivo e um sofisticado sistema de navegação. Ele é equipado com a ogiva Mephisto (Multi-Effect Penetrator Highly Sophisticated and Target Optimised), projetada para perfurar estruturas reforçadas antes da detonação.
Com essa aquisição, a Suécia se junta a países como Alemanha e Coreia do Sul, que já utilizam o Taurus em suas forças aéreas. Além disso, a rapidez do cronograma sueco chama atenção: enquanto a Alemanha prevê um prazo de quatro a cinco anos para reativar a produção do míssil, a Suécia espera receber as primeiras unidades em apenas três anos.
Novo alcance estratégico contra ameaças
A decisão de incorporar o Taurus reflete os esforços da Suécia para reforçar sua capacidade de dissuasão em um cenário de crescente tensão com a Rússia. Em entrevista à imprensa local, o ex-comandante da Força Aérea sueca, Mats Helgesson, destacou a importância estratégica do míssil, permitindo que os caças Gripen ataquem alvos dentro do território russo sem precisar entrar em espaço aéreo hostil.
“A Força Aérea queria essa capacidade há muito tempo. Se o adversário já possui esse tipo de armamento, ficamos em desvantagem sem ele”, afirmou Helgesson. Ele explicou que, ao lançar os mísseis a partir do espaço aéreo sueco, os pilotos reduzem drasticamente o risco de exposição a sistemas de defesa aérea avançados.
O especialista Fabian Hoffmann, pesquisador do Oslo Nuclear Project, observou que os rumores sobre a aquisição do Taurus circulavam há semanas, mas que os detalhes operacionais podem ter sido mantidos sob sigilo para não fornecer informações estratégicas a potenciais adversários. Com essa nova capacidade, a Suécia fortalece significativamente sua posição militar na região do Báltico.