Uma fala de Fernando Haddad, divulgada em seu perfil no Twitter, apresenta uma proposta assustadora para membros das Forças Armadas. O ministro petista propõe uma união inédita e até então jamais cogitada: que o PT e o PL se unam para aprovar as propostas de modificação nas regras sobre salários e aposentadoria dos militares.
Um dos itens do pacote de mudanças de Fernando Haddad para os militares das Forças Armadas é considerado como muito duro e capaz de desestimular o ingresso nas instituições, a imposição do limite mínimo de 55 anos de idade para a transferência para a reserva remunerada.
Nas redes sociais há apreensão entre militares
Nas redes sociais de militares, a ideia é rechaçada e vista como assustadora. A impressão mais corrente é que os militares das bases, os soldados, cabos e sargentos, serão os mais prejudicados caso Haddad consiga o apoio do Partido Liberal.
“Que Deus proteja os praças”, é uma das colocações feita em um fórum de militares. Outro pergunta: “Porque tanta implicância com as famílias de militares ???”. Um militar que se identifica, Wagner Coelho, atribui os problemas à falta de representatividade no Congresso: “Infelizmente vamos pagar um preço alto pela falta de REPRESENTANTES no Congresso”.
Outro militar, na mesma conversa, menciona que os militares não têm um reajuste desde 2016, governo Dilma Rousseff: “O aumento do soldo, congelado há uns 8 anos, não ouço ninguém falar nada. Mas continuar tirando direitos…”.
A mudança nas regras para os militares depende de uma união entre o PT e PL para aprovação rápida
No podcast Flow, em 8 de março, o ministro deixou claro que o assunto é uma de suas prioridades. Ele disse que foi às residências do presidente da Câmara e do presidente do Senado para discutir a questão da aposentadoria dos militares. Disse ainda que já se reuniu com Múcio e com os comandantes das Forças Armadas para discutir uma proposta.
Se o PT e o PL concordarem em limitar aposentadoria de militares e supersalários, esses projetos são aprovados em duas semanas.
O PT é a favor.
Está feito o desafio para o @plnacional_ pic.twitter.com/hwX5uutMx8— Fernando Haddad (@Haddad_Fernando) March 9, 2025
“vamos ver se o PL vai ajudar nesse caso, ou se vai fazer oposição barata. Tenho certeza que se o PL do Bolsonaro desse uma declaração a favor desses dois projetos de lei eles passavam em duas semanas”, disse o ministro.
A bancada do Partido Liberal na Câmara conta com 95 deputados e é a maior, seguida pela união do PT com PCdoB e PV, com 81. De fato, se as duas se unirem em torno de uma proposta, dificilmente ela não passaria.
Em um comentário em bate-papo entre militares, o perfil @MilitarAudaz deixa bem clara a impressão que hoje predomina dentro do Exército Brasileiro, Marinha do Brasil e Força Aérea: que não há simpatia por parte de nenhum dos lados do espectro político e que é possível sim que em breve ocorram novas mudanças nas regras para militares das Forças Armadas.
“Infelizmente, os militares não contam com apoio no Congresso, seja da esquerda ou da direita. Infelizmente Durante o governo anterior, fomos expostos e usados como peça no cenário político, tornando-nos alvos constantes de interesses e disputas ideológicas. Agora, enfrentamos ataques de todos os lados, sem uma representação verdadeira que defende nossa classe e nossos direitos. Enquanto seguimos cumprindo nosso dever com disciplina, lealdade e compromisso com o Pátria, permanecemos sem o reconhecimento e a valorização que realmente merecemos.”