Em uma jogada que desafia a lógica militar, a Embraer, gigante brasileira da aviação, acaba de fechar um acordo histórico com o Panamá. O país, que não possui força aérea desde 1989, nem aeronaves de combate em toda sua história, adquiriu seis aeronaves militares: quatro A-29 Super Tucano da Embraer e duas CASA C-295 da Airbus. O objetivo declarado é fortalecer a segurança do Canal do Panamá e combater o narcotráfico.
Negócio de US$ 187 milhões
O governo panamenho aprovou na terça-feira (11) a compra de quatro aeronaves A-29 Super Tucano da Embraer por US$ 78,2 milhões e duas aeronaves de transporte C295 da Airbus Defense & Space por US$ 109,2 milhões, totalizando US$ 187,4 milhões.

Da ausência de combate à proteção de fronteiras
“A compra dos Super Tucanos é um passo muito significativo para o Panamá, que não tem oficialmente uma Força Aérea desde 1989 e não possuiu nenhum tipo de aeronave de combate ao longo de sua história”, destaca o site especializado Pucará Defensa.
O Serviço Aeronaval Nacional (SENAN) do Panamá, que substituiu a extinta Força Aérea, terá agora capacidade de realizar operações mais complexas, incluindo vigilância do estratégico Canal do Panamá.
Pressão do crime organizado impulsiona a compra
Segundo o Pucará Defensa, “o aumento de voos ilegais e atividades de gangues do crime organizado levou o país a tomar a decisão de criar uma pequena frota de aeronaves de ataque”.
É como se a Embraer conseguisse vender barcos para Minas Gerais – a diferença é que o Panamá realmente precisa dessas aeronaves para enfrentar problemas crescentes em suas fronteiras.
Propósito não é bélico, garante governo
Segundo o Zona Militar, o governo panamenho fez questão de esclarecer que este processo “tem como único objetivo fortalecer a capacidade operacional do Estado em termos de patrulha, resposta a emergências por desastres naturais e assistência humanitária”.
Além disso, destacou que “não há nenhum objetivo bélico ou de combate dentro das especificações que o Panamá solicitou na compra dessas aeronaves, que substituirão a frota existente, composta por cerca de 14 aeronaves da década de 1980, cujo custo de manutenção representa um alto gasto para o Estado panamenho, aproximadamente 10 milhões de dólares por ano”.
Brasil na proteção de rota comercial estratégica
O equipamento brasileiro terá papel fundamental na vigilância do Canal do Panamá e das águas territoriais do país, “fundamental contra o narcotráfico, a pesca ilegal e a migração irregular”, como destaca o Aviacionline.
Os Super Tucanos brasileiros, reconhecidos mundialmente por sua versatilidade, agora ajudarão a proteger uma das rotas comerciais mais importantes do planeta.

Compra sem licitação gera questionamentos
Um ponto que tem gerado debate é o método de aquisição. “O procedimento de compra excepcional (sem licitação) levanta questões sobre o cumprimento das normas anticorrupção, com potenciais repercussões nas classificações de crédito caso sejam detectadas irregularidades”, alerta o Aviacionline.
Versatilidade operacional como diferencial
O Super Tucano se destacou “por sua versatilidade operacional, eficiência no consumo de combustível e capacidade de operar em pistas não preparadas, tornando-se uma opção de baixo custo para missões de vigilância prolongadas”, segundo a Zona Militar.
Essas características foram determinantes para a escolha do Panamá, que busca aeronaves adaptáveis às suas condições geográficas.