A cortina de fumaça da história oficial parece começar a se dissipar. A historiografia oficial da esquerda brasileira sempre negou que houvesse qualquer ameaça comunista real no Brasil pré-1964. Mas os documentos recém-liberados dos arquivos relacionados ao assassinato de John F. Kennedy contam uma história bem diferente.
Em agosto de 1961, no auge da crise da legalidade, quando o Brasil estava à beira de uma guerra civil, o presidente chinês Mao Tsé-Tung e o então primeiro-ministro cubano Fidel Castro ofereceram “apoio material” e “voluntários” a Leonel Brizola, então governador do Rio Grande do Sul.
A revelação consta nos “Registros de assassinato de JFK”, liberados pelo presidente Donald Trump em 17 de março de 2025, de acordo com a diretiva presidencial em apoio à Ordem Executiva 14176.

O que dizem os documentos
O relatório, datado de 2 de setembro de 1961, revela com clareza solar:
“Durante a semana de 27 de agosto, o presidente do partido Mao Tsé Tung da China comunista e o primeiro-ministro Fidel Castro de Cuba ambos ofereceram apoio material, incluindo ‘voluntários’, ao governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola.”
Brizola, cunhado de João Goulart, liderava naquele momento o movimento para garantir a posse de Jango após a renúncia do presidente Jânio Quadros. Segundo o documento:
“Brizola não aceitou a oferta, embora tenha apreciado o apoio moral, porque não desejava ‘criar um caso internacional’ da crise política do Brasil.”
O próprio documento comenta que “Brizola obviamente temia que, se as ofertas fossem aceitas, os Estados Unidos poderiam intervir”. Além disso, nota que “a oferta de ajuda de Castro vazou para a imprensa; a de Mao não”.

Documentos oficiais americanos mostram que a preocupação dos militares e setores conservadores da sociedade brasileira tinha fundamento concreto.
Nunca antes havia sido comprovado que potências comunistas como China e Cuba estavam dispostas a enviar tropas e material bélico para interferir diretamente na política brasileira. E justamente durante a crise que levou à posse de João Goulart.
Quem era Leonel Brizola
Brizola, governador trabalhista do Rio Grande do Sul, notabilizou-se como político nacionalista e populista. Em 1961, protagonizou a chamada “Campanha da Legalidade” para garantir a posse de seu cunhado, João Goulart, enfrentando a oposição de setores militares.
O que sempre foi apresentado como mera defesa da Constituição agora aparece sob nova luz: um político que mantinha canais abertos com os principais regimes comunistas do mundo a ponto de receber ofertas de tropas.
O Brasil no tabuleiro da Guerra Fria
Estes documentos colocam o Brasil no centro do grande jogo geopolítico da Guerra Fria muito antes do que se imaginava. A crise brasileira de 1961 já estava internacionalizada, com China e Cuba prontas para intervir militarmente.
Se as ofertas tivessem sido aceitas, o Brasil poderia ter se tornado palco de um conflito internacional, com provável intervenção americana em resposta à presença de “voluntários” chineses e cubanos.
As consequências para a História
A revelação obriga historiadores a revisitar todo o período que antecedeu o movimento militar de 1964. Algumas perguntas emergem:
- Qual era o real nível de penetração comunista no governo Goulart?
- As relações de Brizola com regimes comunistas permaneceram após 1961?
- A recusa da ajuda foi motivada apenas pelo medo de intervenção americana ou havia outras razões?
- Por que a historiografia tradicional nunca mencionou essas ligações?
- O movimento de 1964 tinha mais justificativa do que se admitia até hoje?
O arquivo na íntegra
O documento dos “Registros de assassinato de JFK” traz as seguintes informações:
“País: Brasil China Cuba
Assunto: Oferta de Suprimentos e Homens ao governador do Rio Grande do Sul pelos governos da China comunista e Cuba
Data da informação: Semana de 27 de agosto de 1961
Local e AQUISIÇÃO: Brasil, Rio de Janeiro (2 de setembro de 1961)
Esta é informação NÃO AVALIADA. As classificações das fontes são definitivas. A avaliação do conteúdo é provisória.
Fonte: um professor brasileiro (C) com bons contatos entre líderes estudantis comunistas.
Durante a semana de 27 de agosto, o presidente do partido Mao Tsé Tung da China comunista e o primeiro-ministro Fidel Castro de Cuba ambos ofereceram apoio material, incluindo ‘voluntários’, ao governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, que estava liderando a luta no Brasil para garantir a sucessão à presidência do vice-presidente João Goulart após a renúncia do presidente Jânio Quadros. Brizola não aceitou a oferta, embora tenha apreciado o apoio moral, porque não desejava ‘criar um caso internacional’ da crise política do Brasil. (Comentário de campo: Brizola obviamente temia que, se as ofertas fossem aceitas, os Estados Unidos poderiam intervir. A oferta de ajuda de Castro vazou para a imprensa; a de Mao não).”