O Ártico, uma região de gelo e vastidão, tem se tornado um dos cenários mais estratégicos e controversos do século XXI.
Embora seja um local remoto e inóspito, o Ártico guarda riquezas naturais imensas e novas rotas comerciais que têm atraído a atenção de várias potências globais.
Entre elas, a Rússia tem se destacado como um dos principais players.
Sob a liderança de Vladimir Putin, o país está não apenas reforçando sua infraestrutura de defesa, mas também apostando em uma poderosa frota de submarinos nucleares para solidificar seu controle sobre a região.
A frota russa no Ártico: uma potência submersa
Segundo o portal de notícias R7 , a Rússia tem ampliado sua presença no Ártico de várias maneiras.
Um dos principais pilares dessa estratégia é a sua Frota do Norte, uma das cinco frotas da Marinha russa.
Essa frota, composta por quase 100 embarcações militares de diversas classes, inclui submarinos nucleares de última geração, que desempenham um papel central nas ambições de Moscou para o domínio do Ártico e de seus recursos.
Com a região cada vez mais relevante para a geopolítica global, a Rússia investe constantemente no fortalecimento da Frota do Norte.
Cerca de um terço dessa frota é composta por submarinos, muitos dos quais são capazes de transportar armas nucleares.
Isso não é por acaso, já que o controle do Ártico implica em ter uma presença militar forte e invisível, e os submarinos nucleares são a melhor ferramenta para garantir essa supremacia.
Submarinos nucleares: um trunfo de força e destruição
A Rússia tem planos ambiciosos para expandir ainda mais sua capacidade naval no Ártico.
Nos próximos quatro anos, a frota do país receberá três submarinos nucleares da classe Borei.
Esses submarinos têm capacidade para transportar até 16 mísseis balísticos Bulava, com ogivas nucleares.
Esses mísseis podem alcançar alvos a mais de 9.300 km de distância, o que coloca toda a Europa e o continente americano sob ameaça.
Além da classe Borei, a Rússia está desenvolvendo submarinos da classe Yasen, que serão equipados com mísseis poderosos como Onyx, Kalibr e Zircon.
Esses mísseis têm a capacidade de destruir frotas inimigas de superfície, mas o mais alarmante é que esses submarinos também podem ser armados com ogivas nucleares, aumentando consideravelmente sua capacidade de destruição em operações mais letais, caso necessário.
E ainda há os submarinos da classe Lada, projetados para patrulhas territoriais e para a proteção de bases navais.
Eles são especializados em caçar submarinos inimigos e destruir navios de superfície, mantendo o domínio sobre as águas gélidas do Ártico.
O crescimento da frota russa de submarinos
Atualmente, a Rússia conta com 31 submarinos em operação ou em manutenção.
A metade desses submarinos foi comissionada após o colapso da União Soviética, com a maior parte dos novos submarinos sendo colocada em operação nas últimas duas décadas.
Essa renovação constante demonstra o empenho da Rússia em manter sua frota no mais alto nível de prontidão.
Em termos de expansão, a Rússia tem comissionado três novos submarinos nos últimos cinco anos, além de continuar o desenvolvimento de novos modelos, como os das classes Borei e Yasen.
Isso mostra que a Rússia não está apenas renovando sua frota, mas também reforçando sua presença militar no Ártico, uma região que, segundo diversos acordos internacionais, deveria ser desmilitarizada.
Mesmo com esses acordos, Moscou continua a expandir sua frota, sinalizando suas intenções de não permitir que qualquer outra nação tenha uma influência maior sobre o Ártico.
A construção desses submarinos também é uma resposta às crescentes ameaças e disputas pela região.
O Ártico: uma região rica e estratégica
Embora a presença militar da Rússia no Ártico seja uma preocupação crescente, a região tem uma importância estratégica que vai muito além da segurança.
O Ártico é rico em recursos naturais, com vastas reservas de petróleo e gás natural.
Estima-se que a região possua cerca de 412 bilhões de barris de petróleo e gás, representando aproximadamente 22% das reservas não descobertas no planeta.
A Rota do Ártico, por sua vez, está se tornando uma alternativa comercial viável entre a Ásia e a Europa, o que torna a região ainda mais importante para potências como a Rússia.
A possibilidade de contornar o Canal de Suez e outras rotas tradicionais de navegação torna o Ártico essencial para o fluxo comercial global.
Por isso, a Rússia tem investido pesado em quebra-gelos nucleares, com uma frota de 41 embarcações, incluindo sete movidas a energia nuclear.
A mais recente adição a essa frota será o Lider, um superquebra-gelo nuclear que será o mais potente do mundo, com uma capacidade de 120 MW.
A frota de quebra-gelos não apenas facilita a navegação da Rússia, mas também sustenta suas operações militares na região.
Geopolítica e as sanções internacionais
Além de sua importância comercial, o Ártico tem se tornado um meio de contornar sanções internacionais.
A Rússia tem usado a Rota do Ártico para continuar exportando recursos, especialmente para a Ásia, e minimizar o impacto das restrições econômicas impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos.
Com a Rússia conseguindo navegar por águas do Ártico mais rapidamente e sem os obstáculos impostos por rotas comerciais tradicionais, ela se torna menos dependente de mercados ocidentais.