Na teoria, Marinha, Exército e Aeronáutica estão aqui para defender o país de ameaças externas, garantir a soberania nacional e atuar em situações de calamidade. Na prática, nem sempre isso acontece como deveria. A Revista Sociedade Militar decidiu abordar uma passagem sobre a História Militar do Brasil que expôs nossa fragilidade e as consequências disso à longo prazo.
O jogo na Fronteira Amazônica
Na década de 1990, o Brasil e suas Forças Armadas tiveram que lidar com um problema sério: as FARCs (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) achavam que podiam usar o território brasileiro como um hotel cinco estrelas. Quando a situação ficava feia na Colômbia, os guerrilheiros atravessavam a fronteira e se escondiam na Floresta Amazônica, descansando, reagrupando e até roubando armas do Exército Brasileiro.
A Operação Traíra (1991) foi um dos episódios mais vergonhosos para as Forças Armadas do Brasil. Um grupo das FARCs invadiu um posto militar na Amazônia e matou três soldados brasileiros. Além disso, chegaram a roubar armas e munições. Quando o Exército decidiu reagir, matou 13 guerrilheiros. No entanto o estrago já estava feito: ficou claro que o território brasileiro estava vulnerável.
Isso forçou o Brasil a aumentar sua presença militar na fronteira, reforçando a atuação do Comando Militar da Amazônia (CMA). Em 2010, a Aeronáutica recebeu reforços importantes, incluindo equipamentos capazes de detectar movimentações suspeitas na mata. Coincidência ou não, nunca mais tivemos invasões desse tipo. As FARCs acabaram oficialmente em 2016.
Mas a pergunta que fica é: por que só agiram depois que o estrago estava feito?
Defesa nacional em jogo
No papel, as Forças Armadas existem para proteger as terras brasileiras de ameaças externas. Na prática, a história militar do Brasil mostra que muitas vezes o país só reage depois do problema já ter acontecido.
A Operação Traíra foi um vexame militar que forçou o Brasil a finalmente fazer o básico: proteger suas fronteiras. O reforço militar na Amazônia evitou novas invasões, mas só veio depois que soldados brasileiros já tinham morrido e armamentos já tinham sido roubados.
O problema é que, no Brasil, a defesa nacional parece funcionar mais por reação do que por prevenção. Se fosse bem planejada desde o começo, talvez o país não precisasse esperar por tragédias para começar a se proteger de verdade.