A Ucrânia declarou estar pronta para aceitar um cessar-fogo temporário de 30 dias, conforme proposta apresentada pelos Estados Unidos durante negociações realizadas em Jeddah, na Arábia Saudita. O acordo ocorre após uma pausa no apoio militar norte-americano à Ucrânia no início de março, enquanto o governo de Donald Trump revisava sua estratégia em relação ao conflito. A informação foi divulgada pela “BBC”.
As negociações em Jeddah envolveram autoridades de alto escalão dos Estados Unidos, como o Secretário de Estado, Marco Rubio, e o Conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz. O principal objetivo do encontro foi encontrar uma saída diplomática para o conflito e garantir que um cessar-fogo possa ser implementado de forma abrangente. Segundo Rubio, a proposta dos EUA visa a interrupção total dos ataques aéreos, marítimos e terrestres.
A reunião também abordou as condições para que os Estados Unidos retomem o apoio militar e o compartilhamento de inteligência com a Ucrânia, elementos considerados essenciais para a defesa do país. Caso a Rússia aceite os termos do cessar-fogo, novas negociações poderão ser iniciadas para estabelecer garantias de segurança a longo prazo.
Debate tenso entre Zelensky e Trump marcou relações entre os países
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente dos EUA, Donald Trump, têm se desentendido publicamente sobre a condução da guerra. No final de fevereiro, os dois se encontraram na Casa Branca, em uma reunião tensa com a presença do vice-presidente americano JD Vance.
Durante o encontro, Trump pressionou Zelensky a buscar um acordo de paz, enquanto o líder ucraniano insistiu na necessidade de manter o apoio militar ocidental. Agora, com o cessar-fogo sendo aceito pela Ucrânia, Trump e sua administração devem concentrar esforços em persuadir Moscou a aderir ao acordo.
Em declaração após o anúncio do cessar-fogo, Zelensky afirmou que cabe aos Estados Unidos convencer a Rússia a aceitar a proposta e mostrar “disposição para parar a guerra”. O líder ucraniano reforçou que seu país está comprometido com a paz, mas que a decisão final está agora nas mãos do Kremlin.
Rússia ainda não respondeu à proposta enquanto ataques seguem
Enquanto os líderes discutiam o acordo na Arábia Saudita, a Rússia relatou um ataque com drones na região de Moscou, causando três mortes. O governo russo afirmou que essa foi a maior ofensiva contra seu território desde o início da guerra, em 2022. Até o momento, o Kremlin não comentou oficialmente sobre a proposta de cessar-fogo apresentada pelos EUA e aceita pela Ucrânia.
O primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, foi um dos primeiros líderes europeus a reagir às negociações, afirmando que “os americanos e os ucranianos deram um passo importante em direção à paz”. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, também manifestou apoio ao movimento, dizendo que a União Europeia está pronta para contribuir para uma solução pacífica.
O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, deu boas-vindas ao anúncio do cessar-fogo e reforçou que “a bola agora está no campo da Rússia”. Ele defendeu um compromisso conjunto para transformar a trégua temporária em um caminho definitivo para o fim da guerra.
Impasse territorial ainda representa desafio para acordo final
Atualmente, a Rússia controla cerca de um quinto do território ucraniano, com domínio sobre regiões do leste e do sul. A Ucrânia insiste que qualquer acordo de paz definitivo deve incluir a retirada das tropas russas para as fronteiras anteriores a 2014, o que significaria a devolução da Crimeia e de regiões como Donetsk e Luhansk.
Por outro lado, Moscou anexou formalmente essas e outras regiões desde 2022 e busca o reconhecimento internacional de seu controle sobre elas. Esse impasse territorial é um dos principais desafios para que as negociações avancem para um acordo de paz duradouro.
Se a Rússia aceitar a proposta de cessar-fogo, as negociações futuras precisarão abordar de maneira detalhada as condições para uma resolução definitiva do conflito. Caso contrário, os próximos passos dos Estados Unidos e seus aliados serão decisivos para o desdobramento da guerra.
Zelensky agradece a Trump por “conversa construtiva” e reforça compromisso com cessar-fogo total
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Sobre a aceitação do cessar-fogo:
- “A Ucrânia está pronta para a paz.”
- “A proposta dos EUA é positiva e inclui um cessar-fogo completo no céu, no mar e na linha de frente.”
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Sobre o papel dos EUA em convencer a Rússia:
- “Agora cabe aos Estados Unidos convencer a Rússia a aceitar.”
- “A Rússia deve mostrar sua disposição para parar a guerra ou continuar a guerra. É hora da verdade completa.”
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Agradecimento aos EUA e aliados:
- “Agradeço a todos que estão ajudando a Ucrânia.”
- “Agradeço ao presidente Trump pela conversa construtiva entre nossas equipes em Jeddah.”