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Cardápios em hebraico, festas trance, sinagoga e bandeiras de Israel: ilha baiana vira novo paraíso tropical preferido por militares e jovens israelenses pós-serviço militar

Gravada há mais de uma década, série israelense impulsiona turismo militar e civil em ilha baiana, que agora tem sinagoga, festas trance, cardápios adaptados e homenagens a mortos na guerra

por Alves
21/04/2025
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Morro de São Paulo na BA se torna 'queridinho' de militares israelenses

Cardápios em hebraico, sinagoga e bandeiras israelenses espalhadas por barracas de praia transformaram Morro de São Paulo, na Bahia, em um dos destinos mais procurados por militares e turistas civis de Israel. A ilha, localizada a cerca de 9 mil quilômetros do Oriente Médio, vivencia um verdadeiro boom de visitantes israelenses desde que foi cenário da série de comédia Malabi Express, produzida em 2012. O fenômeno impactou diretamente a economia local, que passou a adaptar seus serviços, festas e até a gastronomia para atender a esse novo público.

A produção televisiva, que retrata jovens israelenses viajando ao Brasil após o serviço militar obrigatório, teve como cenário principal a vila baiana, pertencente ao município de Cairu. Desde então, a série ganhou status cult entre jovens recém-egressos do exército de Israel, motivando milhares a incluírem a ilha em suas rotas de mochilão pela América do Sul. Segundo a prefeitura, em março de 2024, cerca de 54% dos turistas estrangeiros em Morro de São Paulo eram israelenses.

Cardápio de restaurante foi traduzido para hebraico para atrair turistas israelenses — Foto: Nataly Acioli/ g1 BA

Cardápio de restaurante foi traduzido para hebraico para atrair turistas israelenses — Foto: Nataly Acioli/ g1 BA

Com a chegada massiva, os comerciantes da ilha não tardaram a se adaptar. Parte dos cardápios de bares e restaurantes foi traduzida para o hebraico, enquanto os pratos oferecidos passaram a respeitar restrições alimentares judaicas, como a ausência de carne de porco e a não combinação entre carne e queijo. Além disso, foi construída uma sinagoga que passou a sediar cerimônias como casamentos e leituras da Torá, reunindo rabinos e turistas em eventos religiosos.

Sinagoga em Morro de São Paulo — Foto: Nataly Acioli/ g1 BA

Sinagoga em Morro de São Paulo — Foto: Nataly Acioli/ g1 BA

Essa adaptação também atingiu o setor de entretenimento. Morro de São Paulo, tradicionalmente marcada por festas regionais e eventos de verão, passou a sediar eventos de música eletrônica com foco no público israelense, especialmente nos meses de março e abril, considerados baixa temporada para o turismo nacional. O movimento acabou criando um “novo verão” para os comerciantes da região.

Empresários locais investem em festas trance, aprendem hebraico e criam eventos inspirados na cultura jovem de Israel

Paulo Hunter, idealizador do espaço cultural Teatro do Morro, identificou uma oportunidade ao perceber a demanda crescente por festas com repertório eletrônico. Ele passou a organizar eventos com ingressos de até R$ 400, voltados exclusivamente aos visitantes israelenses. A última festa atraiu cerca de 2 mil pessoas, a maioria composta por jovens que buscavam reviver o clima retratado na série televisiva.

Festa eletrônica voltada para o público israelense em Morro de São Paulo — Foto: Evertton Pacheco

Festa eletrônica voltada para o público israelense em Morro de São Paulo — Foto: Evertton Pacheco

Outro empreendedor, Jailson Santos, conhecido como Barkka, também se destacou ao se tornar uma espécie de ponte entre os comerciantes e o público israelense. Nascido na Ilha de Tinharé, onde fica Morro de São Paulo, ele aprendeu hebraico por conta própria após o término de um relacionamento com uma turista israelense. “Não tinha mais quem traduzisse, aí tive que aprender”, brincou.

“Produzimos festas de techno e trance, que são as festas que eles [israelenses] gostam de curtir. Ficamos cerca de dois meses e meio produzindo essas festas em Morro de São Paulo”, contou.

Sua conexão com a cultura do Oriente Médio o levou a visitar Israel duas vezes, sendo que uma dessas viagens coincidiu com o início da guerra entre Israel e o grupo palestino Hamas, em outubro de 2023. Barkka chegou a ser repatriado em um voo da Força Aérea Brasileira após vivenciar os primeiros momentos do conflito, incluindo a perda de duas amigas em um ataque durante uma festa.

A ligação entre o turismo israelense e Morro de São Paulo é tão forte que muitos turistas colam adesivos em muros e postes da ilha com imagens de amigos que morreram no conflito. Um dos selos, em hebraico, traz a inscrição: “Em memória das garotas de Hamal Nahal Oz, assassinadas pelos terroristas do Hamas em 7 de outubro”. A prática, segundo os moradores, é comum em pousadas voltadas ao público israelense.

Na pousada de Lior Gute, um israelense que vive há quase 20 anos na ilha, há uma parede exclusiva para homenagens. Amigos e familiares enviam os adesivos por correio ou trazem nas malas, como forma de manter viva a memória dos que morreram em combate. Algumas das vítimas retratadas nessas colagens já haviam visitado Morro de São Paulo antes do início da guerra.

Tradição pós-serviço militar motiva viagens de jovens israelenses e transforma Morro em “trend” entre mochileiros

A prática de viajar pelo mundo após o serviço militar é tradicional entre os jovens israelenses. Eles recebem uma espécie de bonificação ou auxílio financeiro ao deixarem as Forças de Defesa de Israel e muitos utilizam os recursos para fazer longas viagens pela Ásia e América Latina. A série Malabi Express retrata exatamente esse momento, com três personagens fictícios que se mudam para Morro de São Paulo e começam a vender malabi, uma sobremesa típica do Oriente Médio.

A identificação com os personagens da série vai além do roteiro. Segundo a israelense Gabriela Vardy, de 24 anos, que chegou à ilha há três anos, há uma atmosfera de liberdade e amizade no local que faz com que muitos se sintam em casa. Ela aprendeu a falar português e passou a auxiliar compatriotas em viagens ao Brasil. “Existe esse costume de fazer uma viagem grande depois do serviço militar obrigatório. Eu cheguei aqui e me apaixonei”, contou.

Outros turistas, como os amigos Geva Eldar-Cohen e Amit Kaplan, ambos com pouco mais de 20 anos, também chegaram à Bahia motivados pela popularidade do destino entre seus compatriotas. Em meio a um mochilão pela América do Sul, escolheram o Brasil como parada obrigatória e se encantaram com a hospitalidade local e a natureza. Para eles, Morro de São Paulo virou uma “trend” nas redes sociais israelenses.

Nas plataformas de mensagens como WhatsApp e Telegram, há grupos voltados exclusivamente para turistas de Israel com recomendações, avisos de festas e dicas sobre onde comer, dormir e se divertir na ilha. Segundo comerciantes locais, o impacto positivo dessas indicações em grupo é notável e impulsiona o turismo de forma orgânica, sem depender de campanhas oficiais ou agências.

Série israelense muda dinâmica econômica da ilha e promove integração cultural sem precedentes na região

A série Malabi Express, gravada em 2012 e estrelada por Miki Geva, um dos humoristas mais populares de Israel, é apontada por moradores e especialistas como o principal catalisador dessa transformação turística em Morro de São Paulo. A comédia retrata os desafios e alegrias de imigrantes israelenses em território brasileiro, criando um vínculo emocional com o local para os espectadores.

De acordo com o próprio Geva, a intenção nunca foi promover o destino baiano, mas ele se surpreendeu ao saber que sua série inspirou a instalação de uma sinagoga no local e a formação de uma nova cultura de turismo judaico no Brasil. Para ele, o sucesso do programa se deve à alegria transmitida pelos personagens, às paisagens tropicais e à sensação de liberdade que o enredo oferece.

Nos últimos anos, a presença israelense gerou impactos diretos na economia de Morro de São Paulo. Restaurantes adaptaram seus cardápios e até contrataram garçons bilíngues. Hotéis passaram a oferecer informações em hebraico e a seguir normas básicas de alimentação kosher. A sinagoga instalada na ilha se tornou ponto de encontro para cerimônias e celebrações religiosas durante o verão israelense.

Além do turismo, há um intercâmbio cultural crescente. Muitos jovens brasileiros passaram a aprender palavras em hebraico e compreender mais sobre os costumes judaicos. Em contrapartida, turistas israelenses desenvolvem afinidade com a cultura brasileira, aprendendo português e participando de tradições locais. A integração pacífica entre as comunidades é vista como um dos aspectos mais marcantes da nova fase da ilha.

A informação foi originalmente publicada pelo portal g1, após reportagem realizada no local pelas jornalistas Malu Vieira e Nataly Acioli, com entrevistas de moradores, comerciantes, turistas israelenses e profissionais do setor de turismo. As imagens utilizadas na matéria foram registradas por Nataly Acioli, repórter da Globo Bahia, e pelo fotógrafo Evertton Pacheco.

O Morro de São Paulo continua a atrair turistas do mundo inteiro, mas a relação especial com Israel tem redefinido o perfil dos visitantes e moldado a cultura local nos últimos anos. O impacto dessa conexão, originada por uma série de televisão, exemplifica como o entretenimento pode se transformar em vetor econômico e cultural em regiões turísticas.

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