Em um mundo cada vez mais marcado por disputas geopolíticas e tensões regionais, alguns países optam por adotar estratégias militares assimétricas para se destacar no cenário global.
O Irã, país do Oriente Médio, é um exemplo claro dessa abordagem, especialmente após as sanções impostas pelos Estados Unidos devido ao seu programa nuclear.
Ao longo das últimas décadas, o Irã tem investido de forma estratégica no desenvolvimento de capacidades militares únicas, utilizando um complexo industrial militar local para produzir tecnologias avançadas.
Essas inovações não apenas garantiram ao país um poder de dissuasão significativo, mas também o posicionaram como um jogador importante no campo militar global.
Um exemplo notável dessa estratégia foi o desenvolvimento das munições vagantes Shahed, que se destacaram por sua eficácia durante o conflito entre a Rússia e a Ucrânia.
O Irã, através de suas capacidades militares autossuficientes, tem demonstrado ao mundo que, apesar das restrições impostas por outras nações, ele continua a avançar em sua produção de armamentos modernos, especialmente drones e sistemas de defesa aérea.
Segundo o portal ”Zona Militar”, na mais recente edição da LAAD 2025, uma das maiores feiras de defesa e segurança da América Latina, realizada no Rio de Janeiro, o Irã teve a oportunidade de apresentar seus avanços.
A presença do Irã no evento não foi apenas uma demonstração de força, mas uma mensagem estratégica, especialmente aos seus rivais regionais e globais, com o Brasil servindo como palco para esse gesto de assertividade militar.
O foco em drones e munições vagantes: o caso do Shahed
Nos últimos anos, o desenvolvimento de veículos aéreos não tripulados (VANTs), conhecidos como drones, tem sido um dos maiores focos da indústria militar iraniana.
O Irã se especializou na criação de munições vagantes, especialmente o Shahed, um modelo de drone que se tornou símbolo da capacidade de ataque do país.
Essa tecnologia foi amplamente utilizada pela Rússia em seu conflito com a Ucrânia, sublinhando a eficácia desses dispositivos para ataques de precisão a longas distâncias.
Na LAAD 2025, o Irã expôs vários modelos de drones, com destaque para o Qods Mohajer 10, considerado um dos drones de combate mais modernos do país.
O Mohajer 10 é uma plataforma aérea não tripulada de combate (UCAV) que, com seu design sofisticado e características avançadas, promete ser uma das peças-chave para operações militares no futuro.
Esse drone foi projetado para missões de ataque de precisão, podendo carregar diferentes tipos de munições guiadas e operando de forma autônoma em ambientes de alto risco.
O Irã demonstrou com isso que está se tornando cada vez mais competente na integração de drones com sistemas de armas avançados.
Além do Mohajer 10, outros drones de combate e vigilância também foram apresentados, como o Bavar UAV, um modelo presumidamente utilizado para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento (ISR).
Outro modelo interessante foi o Shahin, um drone VTOL (de decolagem e aterrissagem vertical) que combina características de drones de reconhecimento com drones de combate.
Munições guiadas: a precisão do poder de fogo iraniano
Juntamente com seus drones, o Irã também demonstrou um conjunto de munições guiadas projetadas para equipar essas plataformas aéreas.
Um exemplo disso é o míssel F-365, lançado do ar, que oferece um poder de ataque de precisão em alvos aéreos ou terrestres.
Além dele, foi apresentada uma versão menor, denominada F-345, uma bomba inteligente, com características que permitem um alto grau de precisão no direcionamento do impacto.
Essas munições são um reflexo do avanço iraniano no campo da tecnologia de armas inteligentes, que combina autonomia e precisão com a flexibilidade proporcionada pelos drones.
Sistemas de mísseis antiaéreos e de defesa costeira: a adaptação do Irã ao novo cenário militar
Além dos drones e munições, o Irã também revelou uma série de sistemas de mísseis antiaéreos durante sua participação na LAAD 2025.
Esses sistemas fazem parte de uma estratégia mais ampla do país para fortalecer sua defesa aérea e a proteção de suas costas.
Com o crescente uso de aviões de combate e mísseis balísticos por países adversários, o Irã tem se concentrado em aprimorar suas defesas, tanto para proteger seu espaço aéreo quanto para proteger sua infraestrutura costeira estratégica.
Alguns desses sistemas antiaéreos têm como objetivo neutralizar ameaças de mísseis e aeronaves não tripuladas, oferecendo um escudo tecnológico altamente eficiente.
Uma presença estratégica: o Irã e a rivalidade geopolítica no Oriente Médio
A participação do Irã na LAAD 2025 e a exibição de suas tecnologias mais recentes são uma mensagem clara aos seus rivais regionais e globais.
Ao demonstrar seus avanços em drones, mísseis e sistemas de defesa, o Irã reafirma sua posição como uma potência militar autossuficiente no Oriente Médio.
Com isso, ele visa não apenas desafiar a supremacia militar de países como os Estados Unidos e Israel, mas também se fortalecer no contexto de suas rivalidades com países da região.
Além disso, o Irã busca reforçar sua influência sobre aliados estratégicos e demonstrar que suas capacidades tecnológicas são uma vantagem nas disputas geopolíticas.
Ao utilizar o Brasil como palco para essa demonstração, o Irã envia um sinal de força e autossuficiência ao mundo, enquanto continua a investir em seu desenvolvimento militar.