O coração da floresta amazônica se transformou em palco de uma operação militar de grande escala que simulou uma invasão ao território brasileiro. A ação envolveu as três Forças Armadas — Exército, Marinha e Aeronáutica — e teve como objetivo testar os limites da estratégia e do preparo das tropas nacionais. Os exercícios aconteceram em uma região estratégica localizada na Serra do Cachimbo, no estado do Pará, área que abriga uma das maiores bases militares do país.
A missão começou com a simulação de uma força estrangeira invadindo parte do território nacional. Diante da ameaça, tropas brasileiras foram mobilizadas com rapidez, dando início a uma série de ações coordenadas que incluíram voos rasantes, lançamentos de mísseis antiaéreos, desembarque de soldados em áreas de selva e ataque aéreo a alvos inimigos. A simulação exigiu precisão e agilidade, utilizando o que há de mais moderno em tecnologia e equipamento das Forças Armadas.
O controle do espaço aéreo foi um dos pontos-chave da simulação. De acordo com os militares envolvidos, se o inimigo conseguisse tomar e instalar radares no território invadido, a retomada da área pelas tropas terrestres se tornaria muito mais difícil. Isso porque o domínio aéreo permitiria bombardeios constantes contra as forças brasileiras. Por esse motivo, caças A-29 Super Tucano foram acionados para identificar e destruir os equipamentos inimigos antes da chegada das tropas por terra.
Exército, marinha e aeronáutica atuam juntos em terreno hostil da floresta amazônica
No interior da selva, os militares brasileiros enfrentaram condições extremas de umidade, calor e vegetação densa. As tropas especiais da Aeronáutica e da Marinha estavam equipadas com armamento pesado e usaram técnicas de camuflagem para se esconder na mata. Atiradores de elite se posicionaram em pontos estratégicos, monitorando qualquer movimentação. O confronto simulado exigiu precisão e resistência física dos soldados.
A operação fez parte do treinamento chamado Operação Meridiano, organizado pelo Ministério da Defesa. Durante os exercícios, todo o armamento utilizado era real, o que aumentou o grau de dificuldade e o realismo da simulação. Participaram das ações militares integrantes de forças especiais que já atuaram em operações no Rio de Janeiro, no combate ao garimpo ilegal e também em missões humanitárias no exterior, como no Haiti.
O campo de provas onde ocorreram os treinamentos leva o nome de Brigadeiro Veloso e está localizado no sopé da Serra do Cachimbo. Criado na década de 1950, o local foi inicialmente um aeroporto estratégico que fazia a ligação entre Brasília e Manaus. Com o tempo, passou a ser utilizado exclusivamente pelas Forças Armadas para treinamentos e testes militares, servindo como ponto essencial na logística do país.
Treinamento militar inclui sobrevivência na selva, navegação em rios e resistência física intensa
A diversidade do ambiente natural onde ocorre a operação torna os treinamentos ainda mais exigentes. A vegetação densa da Amazônia dificulta a movimentação das tropas e a visibilidade. Em algumas áreas, é possível observar a transição entre o cerrado e a floresta tropical, onde a mata se torna mais fechada e úmida. Essa variação exige que os militares estejam preparados para enfrentar diferentes tipos de terreno durante uma mesma missão.
Além dos exercícios em solo, a operação incluiu o monitoramento e enfrentamento de animais da fauna local. Em registros feitos durante os treinamentos, foi possível observar uma sucuri de grande porte rastejando pela vegetação, além de onças-pintadas e onças-pardas passando por áreas próximas às atividades militares. Em uma das situações, uma cascavel foi encontrada dentro do posto médico da base, evidenciando os riscos enfrentados mesmo fora do combate.
A base militar da Serra do Cachimbo é auto-sustentável em energia, graças à primeira central hidrelétrica construída na Amazônia. Essa estrutura garante a operação contínua da base mesmo em áreas remotas. A cidade mais próxima é Guarantã do Norte, no Mato Grosso, que fica a cerca de 80 km do campo de provas e tem sua economia baseada na pecuária, na plantação de arroz e na mineração.
Ação mostra capacidade de resposta do Brasil a ameaças estrangeiras em área estratégica da Amazônia
A simulação de guerra realizada pelas Forças Armadas evidencia a importância de manter a soberania sobre a Amazônia, região que representa quase metade do território brasileiro. Além de abrigar a maior biodiversidade do planeta, a floresta tem alto valor estratégico, econômico e geopolítico. O domínio do espaço aéreo, do terreno e da logística são fatores fundamentais para a proteção da região contra ameaças externas.
A operação Meridiano foi uma oportunidade para reforçar a integração entre as Forças e avaliar a eficiência de protocolos de ação conjunta. O cenário escolhido, com floresta fechada, rios e áreas de difícil acesso, é semelhante aos desafios que as tropas enfrentariam em uma situação real. Dessa forma, o treinamento serve como um alerta e preparação diante de possíveis ameaças à integridade do território nacional.
A informação foi divulgada por Domingo Espetacular, programa da Record TV que acompanhou de perto toda a movimentação, registrando imagens exclusivas da operação. A reportagem foi conduzida pelo jornalista André Azeredo, que esteve a bordo do KC-390 e percorreu parte da floresta ao lado das tropas militares, mostrando os bastidores da missão.
A ação reafirma o compromisso das Forças Armadas brasileiras com a defesa do país e demonstra a importância da Amazônia não apenas como patrimônio natural, mas também como território estratégico. O treinamento rigoroso em um ambiente hostil evidencia que, mesmo diante de adversidades, o Brasil está preparado para proteger sua soberania.