A segurança pública paulista passa por um dos maiores reforços em efetivo das últimas décadas, com investimentos estratégicos para combater o crime e fortalecer as corporações.
Desde 2011, São Paulo não assistia a um volume tão expressivo de contratações nas forças policiais.
Agora, o estado projeta um salto histórico com a inclusão de quase 24 mil novos policiais ao longo da gestão atual.
A movimentação revela um esforço inédito para recuperar o déficit nas corporações, modernizar os quadros e elevar a capacidade de reação das polícias em meio à crescente complexidade do crime organizado.
Estado projeta quase 24 mil novos policiais em todas as frentes
Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, a atual gestão autorizou 23.484 vagas para as forças policiais, das quais parte já foi preenchida.
Esse total representa o maior reforço no efetivo desde 2011, quando houve um pico histórico de admissões.
Somente em 2024, foram contratados 7,8 mil novos policiais, número que por si só já é considerado recorde em um único ano dentro da última década.
Esses reforços incluem não apenas a Polícia Militar, mas também a Polícia Civil e a Polícia Técnico-Científica, abrangendo tanto a área de patrulhamento ostensivo quanto a de investigação e perícia.
Investimento estratégico para combater o crime organizado
De acordo com o governador Tarcísio de Freitas, o aumento do efetivo cumpre um dos compromissos de campanha e responde a uma antiga demanda da população.
“A recomposição do efetivo policial era uma demanda antiga da sociedade e é um dos nossos compromissos para melhorar a segurança no Estado.
Sempre dissemos que valorizaríamos as corporações, as carreiras, aumentaríamos o efetivo e investiríamos em inteligência e no uso assertivo da tecnologia”, afirmou Tarcísio.
A presença de mais policiais nas ruas é vista como essencial para ampliar a sensação de segurança e permitir respostas mais rápidas a ocorrências.
No entanto, segundo as autoridades, o objetivo vai além da quantidade: a nova geração de policiais chega treinada para atuar em um cenário de criminalidade mais complexo.
A inteligência policial como nova fronteira da segurança pública
Segundo o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, em entrevista à Jovem Pan, o investimento em pessoal também acompanha a modernização dos métodos de combate ao crime.
“A complexidade do crime organizado, com ramificações no tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro em larga escala, exige uma força policial robusta e em constante crescimento”, afirmou.
Além disso, o secretário destaca que o reforço no efetivo permite expandir operações de inteligência sofisticadas, especialmente nas regiões onde a atuação de facções criminosas é mais evidente.
Combater essas estruturas exige muito mais do que presença nas ruas: é preciso dispor de conhecimento, tecnologia e capacidade investigativa integrada entre as polícias.
Reforço em todas as corporações e concursos em andamento
A distribuição dos novos agentes segue um planejamento baseado em critérios técnicos e operacionais.
Ainda em 2025, a Polícia Militar deve receber 1,9 mil soldados, que já se encontram em formação na Escola Superior de Soldados.
Após a formatura, esses profissionais serão alocados em batalhões e comandos em diversas regiões do estado.
Já a Polícia Civil conta com concursos em andamento para 1,2 mil investigadores, 1,3 mil escrivães e 552 delegados.
A formação dessa turma está prevista para o segundo semestre de 2025, na Academia de Polícia.
A Polícia Técnico-Científica também passará por um reforço expressivo, com 249 vagas para peritos criminais e 140 para médicos-legistas, contribuindo para o aumento da capacidade pericial nas investigações.
Segurança ostensiva e investigação lado a lado
O comandante-geral da PM, Cássio de Araújo de Freitas, ressalta que a presença ostensiva de policiais nas ruas permanece como um dos principais pilares da estratégia de segurança pública.
“É fundamental reforçarmos a presença policial em nossas ruas, pois isso tem um impacto direto na dissuasão da criminalidade”, afirmou.
A combinação entre policiamento ostensivo, uso de tecnologia e inteligência policial forma um tripé essencial para garantir segurança à população, principalmente em grandes centros urbanos.
Já o delegado-geral de Polícia, Artur Dian, aponta que o fortalecimento da Polícia Civil é decisivo para enfrentar crimes como latrocínios e roubos patrimoniais.
“A investigação policial é fundamental para desmantelar grupos criminosos e cadeias de receptação, seja por meio da coleta de evidências ou da análise de informações”, explicou.
Plano de longo prazo mira estabilidade e presença contínua
Além da contratação imediata de milhares de policiais, o governo estadual também trabalha com metas de longo prazo para manter a reposição constante do efetivo.
A ideia é evitar novos períodos de defasagem como os registrados em gestões anteriores, quando aposentadorias e exonerações não eram acompanhadas por novos concursos públicos na mesma proporção.
A meta é manter um fluxo contínuo de formação de novos profissionais para garantir que as forças de segurança operem sempre próximas de sua capacidade ideal.