Militares do Exército brasileiro participaram do 28º Encontro de Diretores e Assessores de Desminagem das Nações Unidas (UNNMD 28). O evento se deu entre os dias 9, 10 e 11 de abril, na sede da ONU, em Genebra, na Suíça. Representaram o Brasil o assessor do conselheiro militar na delegação permanente do Brasil junto à Conferência do Desarmamento em Genebra (DELBRADESARM), coronel Borges, e o major engenheiro Pazetto, do Departamento de Engenharia e Construção (DEC), da Força terrestre.
Durante o encontro, especialistas de diversas regiões do mundo compartilharam conhecimentos e experiências sobre os desafios contínuos relacionados às minas antipessoas e outros artefatos remanescentes de guerra.
A programação incluiu palestras e fóruns temáticos, abordando temas como:
- tecnologias e equipamentos modernos para desminagem humanitária;
- desminagem em áreas de alta densidade populacional;
- treinamentos especializados em desminagem; e
- impactos ambientais relacionados ao processo de desminagem.
Desminagem humanitária no Brasil: experiências e cooperação internacional
Nos debates sobre cooperação e coordenação de operações de desminagem humanitária, a delegação brasileira realizou uma intervenção destacando os trabalhos desempenhados pelo Brasil na América Latina desde 1993.
Além do envio de especialistas na área de desminagem, destacou-se também a atual liderança do Brasil nas Missões de Desminagem Humanitária na Colômbia.
Foi evidenciado o potencial brasileiro de participar de missões internacionais e capacitar militares de outras nações, por intermédio do Centro de Instrução de Engenharia (CI Eng). Essa capacitação envolve a aplicação do conhecimento em desminagem ou o conhecimento sobre neutralização de artefatos explosivos (EOD).
Capacitação militar brasileira em desminagem
O evento reforçou a relevância da cooperação internacional e destacou as múltiplas realidades e desafios enfrentados no campo da desminagem humanitária.
Os temas, além dos fóruns multilaterais com outras nações, também foram apresentados ao embaixador Frederico Meyer e ao secretário Leandro, diplomatas da delegação brasileira em Genebra.
Com enfoque nas atualizações sobre as capacidades do Exército Brasileiro na atividade de desminagem humanitária e na atividade EOD, o evento serviu também para demonstrar a prontidão da Força e seu emprego imediato em missões internacionais.
O horror das minas terrestres
Anualmente as minas terrestres causam um número considerável de vítimas fatais no mundo. Em 2021, foram registradas 5.544 vítimas de minas antipessoas, das quais 2.182 morreram, o que equivale a quase seis mortes por dia devido a esses artefatos explosivos.
Outro dado indica que, globalmente, minas terrestres ainda causam cerca de 15 mortes por dia, o que corresponde a aproximadamente 5.475 mortes por ano.
Essas vítimas incluem civis e militares, com uma grande parte sendo civis (cerca de 4.200 em 2021) e um número expressivo de crianças (1.696 crianças vítimas em 2021).
Em países como a Colômbia, por exemplo, cerca de 19% das vítimas de minas antipessoas morrem em detonações, ou seja, aproximadamente 1 em cada 5 casos resulta em óbito.
A importância da desminagem para a segurança de populações
Apesar dos esforços internacionais, como o Tratado de Ottawa de 1997, que proíbe o uso, produção e armazenamento de minas antipessoas e que já levou à destruição de milhões de minas.
O problema persiste em pelo menos 50 países afetados, incluindo:
- Síria,
- Afeganistão,
- Ucrânia,
- Colômbia,
- Iraque,
- Mali,
- Nigéria
- e Iêmen.
Estima-se que cerca de 2.000 a 2.200 pessoas morram anualmente no mundo devido a minas terrestres, com o total de vítimas (mortos e feridos) ultrapassando 5.500 por ano, segundo dados recentes de 2021.
O número pode variar conforme novos conflitos surgem e áreas contaminadas são descobertas ou limpas.