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Putin convoca os avôs para a guerra: Rússia envia idosos à linha de frente em troca de até R$ 456 mil por ano e promessas patrióticas

Na Rússia de Putin, a guerra não poupa nem os avôs. Homens com mais de 60 anos estão sendo enviados à Ucrânia com promessas de riqueza e estabilidade. Um retrato sombrio de um país em colapso social e militar, que transforma a aposentadoria em alistamento forçado.

por Alisson Ficher
14/04/2025
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A guerra costuma cobrar seu preço de formas inesperadas. E na Rússia, esse custo agora está sendo pago com as vidas de homens que, em tempos de paz, já estariam aposentados.

À medida que o conflito com a Ucrânia se arrasta por mais de três anos, uma tendência surpreendente começou a emergir silenciosamente nos campos de batalha: soldados russos cada vez mais velhos estão sendo enviados para lutar, muitos com mais de 60 ou até 70 anos de idade.

Essa transformação no perfil dos combatentes não é apenas simbólica. Ela revela mudanças profundas na estratégia militar russa e nas consequências sociais do conflito que já ultrapassou a marca de meio milhão de mortos e feridos.

Um exército que envelhece

Segundo uma análise conjunta da BBC e do portal independente russo Mediazona, o número de mortes entre soldados russos aumentou significativamente desde 2022, ano em que a invasão começou.

Mas um dado chama atenção: entre os mortos, há milhares de homens com mais de 50 anos, e até mesmo septuagenários.

O jornal britânico Financial Times revelou que a idade média dos voluntários contratados para o exército russo tem subido ano após ano, refletindo a escassez de mão de obra jovem disposta ou capaz  de lutar.

Para evitar uma nova mobilização em massa, medida extremamente impopular no país, o Kremlin optou por outra tática.

A Rússia passou a recrutar “voluntários” idosos por meio de campanhas de propaganda patriótica e generosos incentivos financeiros.

Programas na televisão estatal destacam o “heroísmo” de veteranos que voltaram à ativa em nome da pátria.

Dinheiro como principal motivação

Muitos desses homens não estão alistando-se por convicção política ou entusiasmo patriótico.

A verdadeira recompensa é financeira.

Bonificações de até 4 milhões de rublos (cerca de R$ 270 mil) são oferecidas aos que aceitarem lutar, além de salários anuais que ultrapassam 7 milhões de rublos (cerca de R$ 456 mil).

Em um país assolado por sanções econômicas e inflação, esses valores representam uma fortuna para famílias em dificuldades.

Para muitos idosos, o alistamento se tornou a última chance de garantir estabilidade financeira para seus filhos e netos.

Em algumas regiões da Rússia, há relatos de que alguns soldados passaram a “valer” mais mortos do que vivos, tamanha é a compensação paga às famílias em caso de morte em combate.

Um salto social às custas da vida

O sociólogo Kirill Rogov definiu esse fenômeno como uma espécie de “salto social”.

Segundo ele, o alistamento de idosos se tornou uma escolha deliberada de muitas famílias russas, que enxergam na guerra uma possibilidade real de ascensão financeira.

Esse tipo de decisão é frequentemente feito de forma coletiva, envolvendo esposa, filhos e netos.

A expectativa de receber compensações em dinheiro, pensões vitalícias ou moradias por parte do Estado é um fator determinante.

No entanto, o custo humano dessa estratégia é devastador.

De acordo com dados da Mediazona, mais de 4 mil soldados russos mortos tinham mais de 50 anos.

Isso representa uma proporção alarmante, especialmente quando comparada aos menos de 500 reservistas mortos com menos de 30 anos.

Exemplos trágicos da linha de frente

Casos como o de Yuri Bushkovsky ilustram a realidade cruel por trás dessa política.

Yuri teria completado 70 anos em 2024.

Apesar da idade avançada, ele foi enviado à linha de frente e morreu em combate na Ucrânia.

Sua história não é isolada.

Há registros de centenas de outros veteranos, muitos deles com histórico de doenças crônicas, sendo colocados em funções de combate ou apoio logístico sob risco iminente de morte.

A propaganda russa apresenta esses homens como heróis patrióticos.

Mas críticos apontam que o Kremlin, na verdade, está explorando vulnerabilidades socioeconômicas de uma população envelhecida e empobrecida.

A guerra como refúgio econômico

Esse cenário levanta questionamentos éticos profundos sobre o uso de cidadãos idosos como soldados de linha de frente.

A linha entre o alistamento voluntário e o recrutamento forçado se torna tênue quando há desespero financeiro envolvido.

Em vez de garantir uma aposentadoria digna, o Estado oferece a guerra como única alternativa viável para milhares de famílias russas em regiões empobrecidas.

Esse modelo de recrutamento revela muito sobre a atual fase da guerra.

Enquanto a Ucrânia intensifica sua dependência de jovens voluntários e apoio ocidental, a Rússia aposta em um exército de veteranos e cidadãos que deveriam estar fora da ativa, mas foram convencidos a trocar os últimos anos de vida por um futuro promissor para seus familiares.

Um retrato sombrio do futuro

Se a tendência continuar, é possível que a média de idade do exército russo continue a subir, criando um cenário inédito na história militar moderna.

A guerra, antes travada por jovens, agora é sustentada pelo sacrifício dos idosos.

Esse fenômeno escancara a fragilidade da estrutura social russa, os efeitos prolongados das sanções internacionais e a falta de alternativas viáveis para grande parte da população.

Mais do que números, essas estatísticas representam vidas ceifadas por um conflito que parece não ter fim.

A guerra na Ucrânia transformou o perfil do soldado russo  e revelou, por trás da propaganda, um país envelhecido, em crise e disposto a tudo para evitar o colapso total de seu sistema militar.

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