Uma análise sobre um dos períodos mais conturbados da História do Brasil
Muita gente acredita que, na época do regime militar havia paz, segurança, crescimento econômico. Nas redes sociais, alguns debates acalorados sugerem até mesmo que o Brasil era visto como uma futura superpotência durante ao regime militar.
A questão é, de fato, incômoda. Para muitos, basta levantar esses questionamentos para ser imediatamente carimbado como revisionista, reacionário ou simpatizante de autoritarismo. Mas ignorar fatos históricos por conveniência política é, no mínimo, preguiçoso — e, no máximo, perigoso. Por isso, a Revista Sociedade Militar resolveu consultar especialistas e entusiastas sobre o assunto para formular uma resposta, tomando o devido cuidado de não transformar análise em militância.
Paz e segurança: o Brasil era mais tranquilo?
Quando se fala em “paz” sob um regime militar, é preciso fazer uma distinção. De acordo com especialistas, sim, havia mais segurança pública em muitos aspectos. Além disso, os mesmos especialistas afirmam que a sensação de ordem era real para boa parte da população. No entanto, todos concordam que era uma paz vigiada. Por exemplo, quem se envolvia com movimentos políticos contrários ao regime, principalmente na esquerda, sabia que poderia ser preso, perseguido ou mesmo desaparecer.
No entanto, algumas observações chamam a atenção nas redes sociais. Um usuário do X, antigo Twitter, observou que “em 2024, morreram 89 vezes mais pessoas de forma violenta que as mortes pela repressão em 21 anos de Ditadura Militar.”
Esses números, no entanto, precisam ser contextualizados. Os 434 mortos pela repressão (segundo a Comissão da Verdade) ocorreram em um cenário político controlado, onde a violência não era como nos tempos atuais. Já os quase 40 mil homicídios anuais no Brasil atual vêm do crime comum, da violência urbana, do narcotráfico — problemas que não existiam com essa magnitude nos anos 70.
Contudo, uma conclusão é certa: o brasileiro médio da época — como seu pai, seu avô — tinha menos chances de morrer violentamente do que hoje. A repressão existia, mas, de acordo com especialistas, era pontual. A criminalidade urbana estava longe de ser o monstro que é hoje. E sim, muita gente sentia segurança nas ruas, andava tranquilo à noite, deixava a porta aberta. Isso, de fato, era real.
O milagre econômico: uma ascensão impressionante
De acordo com especialistas, durante o período em que os militares comandavam o Brasil, houve, sim um crescimento acelerado. Além disso, a pobreza também caiu.
Segundo os dados apontados:
- Em 1960, cerca de 75% dos brasileiros viviam abaixo da linha da pobreza.
- Em 1980, esse número caiu para 25%.

Ou seja, o Brasil retirou dois em cada três cidadãos da pobreza em duas décadas. Nenhum outro país da América Latina teve resultado parecido. Apenas a China, anos depois, atingiria números comparáveis.
É claro que parte desse crescimento veio de políticas de endividamento e de um modelo econômico centralizado — o que traria consequências sérias mais adiante. Mas os anos do chamado Milagre Econômico (1968–1973) foram, sim, um período de prosperidade e redução de desigualdades, mesmo que isso não apareça nos manuais escolares atuais.
Brasil, uma superpotência?
O termo pode soar grandioso hoje, mas era levado a sério naquela época. Havia, sim, uma crença generalizada — entre políticos, empresários e até estrangeiros — de que o Brasil caminhava para se tornar uma potência econômica de destaque global.
De acordo com especialistas ouvidos pela revista, o país investia pesado em energia nuclear, infraestrutura, indústria de base. O Brasil projetava submarinos, produzia aviões, construiu rodovias, hidrelétricas, refinarias. A EMBRAER foi fundada nesse período. Itaipu também.
Havia ambição e planejamento estratégico — e havia dinheiro entrando. O que quebrou o ritmo foi a crise do petróleo em 1979, que derrubou economias mundo afora. A dívida externa disparou e o modelo se esgotou. Mas até aquele ponto, o Brasil crescia a taxas que hoje pareceriam inacreditáveis.