O presidente Donald Trump elevou a tensão no já incandescente Oriente Médio. Em declarações explosivas, o presidente dos EUA ameaçou o Irã com “bombardeios como eles nunca viram antes” caso Teerã não aceite um novo acordo nuclear. “Se eles não fizerem um acordo, haverá bombardeios”, disse Trump em entrevista à NBC News, conforme reportado pelo UOL em 30 de março.
A resposta iraniana veio em tom de indignação, acusando Trump de violar a carta da ONU e alertando que “violência traz violência”, conforme noticiou o The Guardian. Em meio à escalada verbal, a agência russa Sputnik joga luz sobre o poderio bélico iraniano, detalhando mísseis e drones capazes de “varrer” do mapa as numerosas (são 60) bases americanas na região.
Arsenal iraniano
O que muitos analistas apontam é que o Irã não está indefeso diante das ameaças americanas. De acordo com informações da agência Sputnik, o país possui um arsenal de mísseis e drones capaz de “varrer as bases dos EUA no Oriente Médio do mapa”.

“Os EUA têm mais de 60 bases, guarnições e instalações compartilhadas espalhadas pelo Oriente Médio, desde a Atividade de Apoio Naval no Bahrein até a Base Aérea de Al Udeid. Em caso de guerra, tudo estaria ao alcance dos mísseis e drones do Irã”, destaca o veículo russo.
Entre as armas apontadas pela Sputnik estão mísseis balísticos como o Khorramshahr, com alcance de 2.000 km e capacidade de transportar ogivas de 1.800 kg, além de drones como o Shahed 149, capaz de percorrer 2.500 km carregando até 500 kg em bombas.
O poder de fogo iraniano que preocupa os EUA
O Irã possui mísseis balísticos e drones de longo alcance capazes de atingir alvos em todo o Oriente Médio. Segundo o Sputnik, entre os mais perigosos estão:
- Qiam-1/2: Alcance de 1.000 km, ogiva de 750 kg.
- Kheibar Shekan: 1.450 km de alcance, projetado para penetrar defesas antimísseis.
- Khorramshahr: Pode carregar múltiplas ogivas (MIRV) e atingir alvos a 2.000 km.
Além disso, os mísseis de cruzeiro Abu Mahdi (1.000 km) e Paveh (1.650 km) oferecem precisão letal contra instalações estratégicas.
Drones que desafiam as defesas americanas
A frota de drones iranianos é outra ameaça. O Shahed 149, por exemplo, tem alcance de 2.500 km e pode carregar 13 bombas de 500 kg cada. Já o Mohajer-6 (2.400 km) é usado para ataques de precisão, como os que já atingiram alvos na Arábia Saudita e no Iraque.
Negociações indiretas
Apesar da escalada verbal, canais de comunicação continuam abertos. Trump enviou uma carta ao Irã propondo negociações por meio do enviado diplomático dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash.
O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, reiterou a posição de seu país: “Negociações diretas (com os EUA) foram rejeitadas, mas o Irã sempre esteve envolvido em negociações indiretas, e agora também”, conforme citado pelo UOL.
Abbas Araghchi, ministro das Relações Exteriores iraniano, confirmou que o país respondeu à carta de Trump através de intermediários em Omã, mas ressaltou que “negociações diretas não são possíveis enquanto os EUA continuarem a ameaçar e intimidar o Irã”.
Geografia e estratégia: por que o Irã é um inimigo difícil
Além do poder de fogo, a Sputnik destaca que “o potencial do Irã também se resume a duas vantagens estratégicas: geografia e determinação”.
“O acesso permanente às costas do Golfo Pérsico e do Golfo de Omã significa que, em tempos de guerra, o Irã pode dominar as águas ao redor do Estreito de Ormuz, o ponto de estrangulamento estratégico por onde passa 30% do comércio mundial de petróleo”, explica.
A Cordilheira de Zagros, que abrange o sudoeste do país, constitui uma barreira natural que abriga “muitas bases subterrâneas de mísseis e locais de defesa aérea situados em instalações montanhosas reforçadas”.
O General Amir Ali Hajizadeh, comandante da força aeroespacial da Guarda Revolucionária, resumiu o dilema: “Alguém em casas de vidro não atira pedras em ninguém. Os americanos têm pelo menos 10 bases com 50.000 soldados na região, o que significa que eles estão sentados em uma casa de vidro”.
“Não temos medo, mas retaliaremos”
O líder supremo Ali Khamenei minimizou as ameaças de Trump, mas avisou: “Se houver um ataque, a resposta será firme”, relata o The Guardian. Enquanto isso, o governo mantém a porta aberta para negociações indiretas, desde que os EUA suspendam as ameaças.