Enquanto o foco mundial permanece voltado para a guerra na Ucrânia, a Rússia reforça silenciosamente um de seus maiores trunfos militares: a frota de submarinos. Mesmo após sofrer perdas significativas na Frota do Mar Negro, atingida por drones e mísseis ocidentais, a Marinha russa não recua. Pelo contrário, acelera os investimentos em modernização e amplia seu poder naval submerso com tecnologia de ponta.
Nesse cenário, um marco recente destaca esse avanço. A Rússia lançou o Perm, seu primeiro submarino nuclear de ataque projetado especificamente para operar com o míssil hipersônico Zircon. O Perm se tornou o sexto integrante da classe Yasen, vinculada aos projetos 885 e 885M, e deve entrar em serviço pleno em 2026.
Com esse reforço, a Rússia consolida a estrutura central de sua frota submarina, formada pelas classes Yasen, Akula e Oscar. Juntas, essas plataformas sustentam a superioridade naval da Marinha russa em profundidade, mantendo o país entre os líderes globais em capacidade ofensiva submersa.
Yasen: a classe de submarino russo que representa o ápice da guerra hipersônica
A classe Yasen surgiu ainda na Guerra Fria. No entanto, apenas em 1993, após o colapso da União Soviética, a Marinha russa iniciou sua construção. A crise econômica dos anos 1990 freou o projeto por mais de uma década. Somente em 2008, a Rússia retomou o programa com força total e lançou a versão aprimorada Yasen-M.
Desde então, os submarinos russos Yasen se destacam como gigantes dos mares. Com 13.800 toneladas de deslocamento e velocidade superior a 35 nós submersos, eles impõem respeito no cenário naval internacional. Além do desempenho, impressionam pelo arsenal. Cada unidade conta com 32 lançadores verticais, capazes de disparar três tipos de mísseis: o Oniks, o Kalibr-PL e o avançado Zircon, armamento hipersônico que pode alcançar até Mach 9, segundo fontes russas.
Com essa capacidade, o Yasen-M ocupa papel central na doutrina de dissuasão naval da Rússia. O Kremlin planeja equipar todos os futuros submarinos da Marinha russa com o míssil Zircon, ampliando o alcance estratégico da frota. Essa decisão reforça a superioridade dos Yasen-M frente às versões soviéticas anteriores e confirma o avanço tecnológico que a indústria naval russa alcançou nas últimas duas décadas.
Por fim, a classe Yasen se consolida como um símbolo do ressurgimento naval da Rússia, unindo velocidade, poder de fogo e tecnologia de ponta para enfrentar os desafios da guerra moderna.
Akula: o submarino da Marinha russa que virou pesadelo para os serviços de inteligência ocidentais
A classe Akula surgiu pouco antes do colapso da União Soviética e mudou os rumos da guerra submarina. Desde o início, esses submarinos despertaram a atenção dos serviços de inteligência ocidentais. A Marinha russa surpreendeu ao atingir um nível inédito de furtividade, o que transformou o Akula em uma ameaça invisível.
Até hoje, os submarinos russos Akula continuam entre os mais silenciosos do mundo. Por isso, operam com eficiência em missões secretas, patrulhas de longa duração e ataques de surpresa. Além disso, a plataforma oferece enorme flexibilidade no teatro de operações naval.
A Rússia projetou o Akula para enfrentar diretamente os submarinos norte-americanos da classe Los Angeles. Nesse confronto, o modelo russo se destaca por mergulhar a profundidades maiores, o que traz vantagem em ambientes de alta pressão. Inicialmente, o Akula recebeu mísseis de cruzeiro S-10 Granat, classificados pela OTAN como SS-N-21 Sampson. Com esse arsenal, já alcançava poder semelhante ao dos mísseis Tomahawk dos EUA.
No entanto, o verdadeiro salto ocorreu com a modernização recente. Agora, o Akula também opera com mísseis Kalibr, reconhecidos por sua versatilidade e precisão. Essa atualização elevou significativamente a capacidade de ataque dos submarinos russos, mas modernização da classe Akula garante a relevância dos modelos soviéticos no século XXI. A Marinha russa reforça sua presença global ao integrar armamentos modernos a plataformas já consagradas. Dessa forma, os Akula permanecem como peças-chave na estratégia de guerra naval da Rússia, combinando profundidade, silêncio e poder ofensivo.
Oscar: o colosso dos mares com foco em grupos aeronaval dos EUA
A Rússia desenvolveu a classe Oscar (Projeto 949 Antey) com um objetivo direto: enfrentar grupos de porta-aviões norte-americanos. Para isso, projetou um submarino capaz de aplicar ataques de saturação em larga escala. Os Oscar são verdadeiros arsenais flutuantes. Hoje, representam uma das armas de dissuasão mais temidas da Marinha russa.
Segundo o portal Naval Technology, cada Oscar transporta 24 mísseis de cruzeiro P-700 Granit, designados pela OTAN como SS-N-19 Shipwreck. Esses mísseis alcançam 550 km, pesam 6,9 toneladas e carregam ogivas de 1.000 kg. Com 10,5 metros de comprimento e velocidade de até Mach 1,5, o armamento impõe respeito. Após o acordo START, as ogivas nucleares foram substituídas por explosivos convencionais. Mesmo assim, o poder de destruição permanece alto.
Além do poder ofensivo, os Oscar impressionam pelo tamanho. Eles formam o quarto maior tipo de submarino já construído. Quando submersos, atingem 60 km/h. No entanto, ainda apresentam limitações. Sua manobrabilidade é reduzida e o tempo de submersão é mais lento que o de modelos modernos. Apesar disso, continuam essenciais para o arsenal naval russo, garantindo presença e ameaça constante nos oceanos.
Supremacia naval da Rússia está debaixo d’água
Enquanto o conflito na Ucrânia se arrasta, a Rússia intensifica os investimentos em seu poder naval submerso. Paralelamente aos combates em terra, o Kremlin reforça sua estratégia marítima, priorizando a modernização constante de sua frota. Desse jeito, a Marinha russa moderniza a classe Akula, introduz os avançados submarinos hipersônicos da classe Yasen-M e opera com a força bruta da classe Oscar.
Com essa estratégia, o governo russo passou a direcionar parte de sua capacidade de dissuasão militar para o ambiente subaquático. A frota de submarinos atua em operações discretas e permanece equipada para responder a diferentes cenários de ameaça à segurança nacional.