O Brasil está se preparando para dar um dos passos mais ousados e ambiciosos da sua história militar: desenvolver, com tecnologia 100% nacional, um caça de sexta geração.
Mais do que um projeto estratégico, essa iniciativa representa uma ruptura definitiva com a dependência tecnológica de potências estrangeiras.
Se concretizado, o projeto colocará o país entre as poucas nações do mundo capazes de projetar e operar caças de última geração.
A Força Aérea Brasileira (FAB) já definiu que o novo caça não será apenas uma evolução de modelos anteriores, mas uma verdadeira revolução tecnológica, com inteligência artificial embarcada, furtividade extrema e integração com drones e satélites.
Essa mudança de paradigma coloca o Brasil em rota de colisão com as superpotências que hoje dominam o espaço aéreo global, como Estados Unidos, China e Rússia.
O legado do Gripen e o papel da Embraer
Segundo a matéria do canal ”Radar militar”, o novo projeto terá dois pilares fundamentais: a experiência adquirida com o caça Gripen E/F, desenvolvido em parceria com a Saab da Suécia, e a capacidade técnica da Embraer, uma das maiores fabricantes de aeronaves do mundo.
Desde 2014, engenheiros brasileiros trabalham lado a lado com os suecos, absorvendo conhecimentos sobre sistemas de missão, radares, integração de armamentos e fusão de dados.
Essa expertise acumulada será essencial para dar vida ao caça de sexta geração brasileiro, que promete romper limites operacionais e tecnológicos.
Além disso, a Embraer já provou sua competência com o cargueiro C-390 Millennium, projetado do zero no Brasil e atualmente operado por países como Portugal, Hungria e Holanda.
Toda essa base técnica, somada à infraestrutura de São José dos Campos e ao apoio do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), será fundamental para transformar o Brasil em um polo de inovação em defesa.
O que é um caça de sexta geração?
Ao contrário do que muitos pensam, a sexta geração de caças não está ligada apenas a velocidade ou poder de fogo.
Essas aeronaves operam como centros neurálgicos de guerra em rede, conectando-se a satélites, sensores, radares, sistemas terrestres e até enxames de drones.
A ideia é que o piloto não apenas voe, mas comande uma batalha aérea em tempo real, com auxílio de inteligência artificial e sensores que interpretam e processam informações instantaneamente.
Além disso, o novo caça brasileiro deverá ter:
- Capacidade stealth (furtividade radar e infravermelha)
- Sistemas avançados de guerra eletrônica
- Autonomia para missões de longo alcance
- Arquitetura modular com IA embarcada
- Compatibilidade com mísseis BVR e armas inteligentes
O projeto também prevê o uso de drones leais, aeronaves não tripuladas que voam em formação com o caça principal e realizam tarefas de reconhecimento, interferência eletrônica e ataques coordenados.
O Brasil não está sozinho
Apesar de ousado, o Brasil não está tentando reinventar a roda sozinho.
O país estuda modelos similares desenvolvidos por grandes potências militares, como os Estados Unidos, que lideram o programa NGAD (Next Generation Air Dominance), voltado para substituir o F-22 Raptor.
O Reino Unido, Itália e Japão também colaboram no projeto Tempest, enquanto França, Alemanha e Espanha trabalham em conjunto no FCAS (Future Combat Air System).
Todos esses projetos têm características em comum: uso intensivo de IA, conectividade total e capacidade de operar com drones furtivos.
Entrar nesse seleto grupo não é apenas uma questão de prestígio para o Brasil.
É uma necessidade estratégica.
O país possui dimensões continentais, recursos naturais valiosos e interesses em regiões estratégicas como a Amazônia, o Atlântico Sul e zonas de atuação em missões de paz da ONU.
A parceria entre a Força Aérea Brasileira e a Embraer não surgiu do nada
A relação se apoia em uma sólida base construída ao longo dos anos com transferência de tecnologia do programa Gripen, intercâmbio de engenheiros, capacitação industrial e pesquisas conjuntas.
Desde 2021, as instituições assinaram memorandos de entendimento voltados ao desenvolvimento de aeronaves não tripuladas e sistemas autônomos, incluindo drones de alta performance.
Além disso, iniciativas recentes como os estudos para plataformas de missões especiais revelam o compromisso de ambas em explorar tecnologias de Inteligência Artificial, sensores avançados e guerra em rede.
Essas ações se alinham às tendências globais observadas em projetos como o F/A-XX dos EUA e os conceitos da Saab para caças furtivos integrados a enxames de drones, apontando para um futuro em que o Brasil pretende ter protagonismo na próxima geração do poder aéreo.
Um impulso à indústria nacional
O desenvolvimento do caça de sexta geração não beneficiará apenas a FAB.
Ele criará um efeito multiplicador em toda a cadeia industrial brasileira, impulsionando setores como inteligência artificial, sensores, materiais compósitos, realidade aumentada e radares AESA de última geração.
Startups, universidades, centros de pesquisa e pequenas empresas de defesa também deverão ser integrados ao projeto, criando milhares de empregos e gerando inovações com potencial de exportação.
O Brasil deixaria de ser apenas um comprador e passaria a ser um fornecedor global de tecnologia militar.
Os grandes desafios do projeto
Mas nem tudo são flores, o principal obstáculo do programa é o tempo: estima-se que o desenvolvimento de um caça de sexta geração leve entre 10 e 15 anos até o primeiro protótipo voar.
É preciso garantir planejamento de longo prazo, continuidade nos investimentos e estabilidade política, algo que historicamente tem sido um desafio no Brasil.
Outro ponto sensível é o custo, o projeto pode ultrapassar a marca de dezenas de bilhões de reais, exigindo participação do Congresso Nacional, sociedade civil e parcerias com países emergentes.
Países como África do Sul, Índia, Indonésia e nações árabes podem se tornar aliados estratégicos no desenvolvimento conjunto da aeronave, dividindo custos e ampliando o mercado potencial de exportação.