A guerra entre Ucrânia e Rússia acaba de registrar um fato sem precedentes: dois caças russos Su-30SM Flanker foram abatidos por mísseis AIM-9 Sidewinder lançados por lanchas não tripuladas ucranianas. A confirmação veio do chefe da Inteligência de Defesa da Ucrânia, Kyrylo Budanov.
Segundo ele, a operação ocorreu no dia 2 de maio e representa a primeira vez na história militar moderna que um drone marítimo derruba uma aeronave tripulada com um míssil ar-ar.
A ofensiva: drones modificados e precisão letal
O ataque envolveu três drones Magura-7, uma versão de defesa aérea do Magura-5. Dois deles realizaram os disparos que resultaram na queda das aeronaves russas.
Budanov, sem entrar em detalhes técnicos sobre as diferenças entre as duas versões do drone, destacou que os Magura-7 foram modificados para integrar mísseis AIM-9M — armas originalmente projetadas para serem lançadas por caças.
Primeiros vídeos confirmam impacto
Um vídeo divulgado nas redes sociais mostrou o momento em que um dos caças russos é atingido e cai. Sobre o segundo avião, não há imagens disponíveis, mas Budanov confirmou que foi abatido na mesma ação.
A tripulação de um dos Su-30 conseguiu ejetar e foi resgatada por uma embarcação civil. Já o segundo avião teria sido completamente destruído, com a morte de todos os ocupantes, segundo relatos preliminares.
O alvo: operações perto de Novorossiysk
Os drones foram enviados em direção a Novorossiysk, importante base naval da Frota Russa do Mar Negro. O local tem sido alvo de diversos ataques ucranianos, especialmente contra navios lançadores de mísseis Kalibr.
Na manhã do ataque, autoridades russas emitiram um alerta e restringiram o acesso a áreas costeiras, indicando que os sistemas de defesa detectaram uma possível ofensiva de drones. No dia seguinte, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy confirmou a destruição de um segundo caça em território da Crimeia.
Uma nova forma de guerra aérea e naval
O uso de drones marítimos para lançar mísseis infravermelhos ar-ar AIM-9 Sidewinder representa um salto na guerra assimétrica. Armas antes exclusivas de aviões agora são adaptadas a plataformas navais não tripuladas, ampliando o raio de ação da Ucrânia.
Os mísseis Sidewinder utilizados (provavelmente modelos AIM-9M ou AIM-9X) possuem alcance efetivo de cerca de 10 km quando disparados de plataformas fixas ou marítimas. Sua principal vantagem é a busca passiva por calor, que permite alta precisão mesmo em ambientes saturados de interferência eletrônica.
World first: On May 2, 2025, the @DI_Ukraine special operations unit, in coordination with the Security Service of Ukraine and Defence Forces of Ukraine, eliminated a russian Su-30 fighter jet in the Black Sea.
🔗 https://t.co/DXhg74AKcg pic.twitter.com/Z4fP5CFRb8
— Defence Intelligence of Ukraine (@DI_Ukraine) May 3, 2025
Comparativo entre AIM-9 e R-73: vantagens técnicas
O AIM-9M é uma versão aprimorada dos Sidewinders mais antigos. Ele conta com detecção multiângulo, filtro aprimorado contra contramedidas e um motor de baixa emissão de fumaça. Essas características o tornam superior ao R-73 russo em diversas situações de combate.
O R-73, por sua vez, já havia sido utilizado pela Ucrânia em dezembro de 2023 para abater um helicóptero russo Mi-8 no Mar Negro, também lançado de um drone naval. No entanto, essa foi a primeira vez que o AIM-9 foi empregado dessa forma.
As vítimas: caças de elite da aviação naval russa
Os Su-30SM abatidos pertenciam ao 43º Regimento de Aviação Naval da Rússia, baseado no aeródromo de Saky, na Crimeia. Trata-se de caças biplace de superioridade aérea, com capacidade para operar tanto em missões de interdição quanto em apoio aéreo e patrulhas navais.
Essas aeronaves são altamente valorizadas por sua versatilidade, alcance de combate superior a 1.500 km e integração com mísseis guiados ar-ar e ar-mar. Seu abate representa uma perda relevante para a capacidade aérea russa no Mar Negro.
Guerra assimétrica em pleno desenvolvimento
A Ucrânia vem adaptando rapidamente seus armamentos e táticas. O uso de drones navais como plataformas de lançamento de mísseis evidencia um nível inédito de integração entre guerra aérea, marítima e cibernética.
Cada drone Magura-7 empregado nesta operação provavelmente custou centenas de vezes menos que o valor de um Su-30, mas obteve sucesso absoluto em sua missão. A desproporção entre custo e resultado amplia a vantagem tática da Ucrânia.
Drones marítimos como protagonistas do conflito
Nos últimos meses, a Ucrânia tem intensificado o uso de embarcações de superfície não tripuladas (USVs) para atacar alvos navais russos, especialmente na Crimeia. Esses drones são difíceis de detectar, operam a grande distância e podem ser equipados com cargas explosivas ou mísseis adaptados.
Ao contrário dos torpedos tradicionais, os Magura-7 podem ser reprogramados em tempo real, possuem câmeras de alta definição e navegação via GPS. A sua modularidade permite o acoplamento de diferentes tipos de armamentos, como os AIM-9 ou R-73.
Reações e reconhecimento
Apesar do silêncio oficial do Kremlin, canais russos no Telegram confirmaram a queda de ao menos um caça Su-30, reconhecendo que ele foi atingido por um míssil lançado de uma embarcação não tripulada.
É mais uma derrota simbólica em uma guerra onde a tecnologia e a criatividade militar estão desafiando os paradigmas clássicos de poder. A Rússia, que dominava os céus da região com seus caças de quarta geração, agora se vê vulnerável a plataformas improvisadas e ousadas.
Uma virada no teatro de operações do Mar Negro
O Mar Negro, antes controlado majoritariamente pela Frota Russa, agora é palco de operações de longo alcance da Ucrânia, mesmo sem uma marinha tradicional equivalente. Os drones modificados e a adaptação de armamentos ocidentais mudaram as regras do jogo.
O uso de mísseis ar-ar lançados do mar abre novas possibilidades táticas: interceptar aeronaves de patrulha, proteger rotas marítimas, ou mesmo criar zonas negadas ao inimigo sem depender de força aérea convencional.