O Exército Brasileiro tem uma trajetória marcada por lutas pela soberania, transformações institucionais e contribuições significativas para a segurança nacional. Sua origem simbólica remonta ao século XVII, mas sua atuação efetiva consolidou-se a partir da Independência do Brasil, expandindo-se por conflitos internos, guerras internacionais e operações de paz. Com o tempo, a força terrestre evoluiu, adaptando-se a novos desafios e realidades políticas, desempenhando papel relevante tanto no campo militar quanto na história do país.
Atualmente, o Exército atua em múltiplas frentes: da defesa do território e manutenção da ordem pública ao apoio em situações de emergência e participação em missões humanitárias internacionais. Essa presença evidencia o impacto duradouro da instituição na consolidação do Estado brasileiro, contribuindo com a proteção das fronteiras, o combate ao crime e a promoção da estabilidade em regiões vulneráveis.
Guararapes e Independência: as raízes históricas do Exército Brasileiro
A história do Exército Brasileiro remonta simbolicamente ao dia 19 de abril de 1648, data da primeira Batalha dos Guararapes, em Pernambuco. O confronto envolveu indígenas, africanos escravizados, portugueses e brasileiros, que lutaram juntos para expulsar os holandeses do nordeste. Essa união de diferentes etnias em defesa do território passou a ser considerada um marco da força terrestre nacional.
A atuação institucionalizada do Exército, no entanto, começou de fato após a Independência do Brasil, proclamada em 1822. A separação política em relação a Portugal não foi pacífica e exigiu ações militares em diversas províncias, como Cisplatina (atual Uruguai), Bahia, Maranhão e Pará. Um nome de destaque nesse período foi Maria Quitéria, combatente baiana que, disfarçada de homem, ingressou nas tropas e destacou-se em batalhas pela libertação do território.
Conflitos regionais e a consolidação do poder militar do Brasil no século XIX
Logo após a consolidação da independência, o Exército Brasileiro participou da Guerra da Cisplatina, que resultou na separação do Uruguai. A derrota no conflito levou o Brasil a adotar uma política de não intervenção nos assuntos dos países vizinhos durante as décadas seguintes. Entretanto, diante da política expansionista de Juan Manuel de Rosas na Argentina e Manuel Oribe no Uruguai, o país se viu compelido, vinte anos depois, a enviar tropas para conter as ameaças desses regimes autoritários.
No fim do século XIX, a Guerra do Paraguai consolidou o Exército Brasileiro como uma força organizada e estruturada. O conflito, travado entre 1864 e 1870, reuniu Brasil, Argentina e Uruguai contra o Paraguai comandado por Solano López. Durante a guerra, o Exército passou por uma reorganização profunda, sob a liderança de Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, que mais tarde seria reconhecido como patrono da instituição. Essa campanha foi a maior mobilização militar da história do Brasil até então, com impacto direto na formação da doutrina e identidade do Exército.
Da Segunda Guerra Mundial à redemocratização: o Exército na política e nos campos de batalha
Após a Guerra do Paraguai, o Exército só voltaria a atuar em conflitos de grande escala na Segunda Guerra Mundial. Em 1944, foi criada a Força Expedicionária Brasileira (FEB), formada por cerca de 25 mil soldados enviados à Europa. Em cooperação com os Aliados, a FEB atuou na Campanha da Itália, participando de batalhas decisivas como a Tomada de Monte Castelo. A participação brasileira nesse cenário internacional consolidou a imagem do Exército como força profissional e comprometida com missões além do território nacional.
Além de seu papel nas guerras, o Exército teve presença significativa na política brasileira. Desde a Proclamação da República, em 1889, os militares passaram a ocupar cargos centrais no governo. Os dois primeiros presidentes da República, Marechal Deodoro da Fonseca e Marechal Floriano Peixoto, eram oficiais do Exército. Ao longo do século XX, a instituição também teve papel ativo nos episódios de 1930, que resultaram na ascensão de Getúlio Vargas, e no golpe de 1964, que deu início a um regime militar que duraria até 1985.
Com a redemocratização do país, os militares retornaram às suas funções constitucionais, focando na defesa do território, na garantia da ordem e em ações de apoio à população. Durante esse período, destacaram-se missões de caráter humanitário e internacional, como a participação do Brasil na Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (MINUSTAH), entre 2004 e 2017. Liderando forças multinacionais, o Exército Brasileiro contribuiu para a reorganização institucional e a pacificação de um país mergulhado em crise.
Missões atuais e o papel estratégico do Exército Brasileiro no século XXI
No cenário atual, o Exército Brasileiro é responsável por garantir a soberania nacional e proteger as fronteiras terrestres. Sua atuação inclui o combate a crimes transnacionais, como o tráfico de armas e drogas, além do apoio à Defesa Civil em situações de emergência. A força terrestre também se dedica ao desenvolvimento de tecnologias, à formação de militares especializados e à cooperação internacional com outras forças armadas, ajustando-se aos desafios modernos, como guerra cibernética e segurança em ambientes urbanos.
A trajetória do Exército Brasileiro revela sua importância contínua para a estabilidade e segurança do país. Desde as batalhas coloniais até as missões de paz no exterior, sua presença moldou aspectos fundamentais da identidade nacional. Com forte tradição histórica, estrutura moderna e compromisso com a Constituição, o Exército segue preparado para enfrentar os desafios do presente e contribuir com o futuro do Brasil.