Ordem emitida sob o comando do general Tomás Miné, novo comandante do Exército Brasileiro, distribuída dentro dos quartéis da força terrestre por meio do Boletim Interno do Exército Número 04 de 2023, veiculado nessa sexta-feira (27 de janeiro de 2023), passou despercebida pelos grandes veículos de comunicação. Quem lê o conteúdo da nova diretiva percebe uma guinada interessante dentro do Exército Brasileiro, força considerada como a mais tradicional das três instituições militares federais.

Entre as novas determinações para diversos setores do Exército Brasileiro se destaca a que manda que os comandantes de unidades militares sediadas nas proximidades indígenas se empenhem para o alistamento de jovens oriundos das comunidades indígenas

“… Quando da seleção para o serviço militar inicial, atentar para a relevância da incorporação de jovens oriundos das comunidades indígenas, desde que voluntários e aprovados no processo de seleção.”

O alistamento de alguns indígenas não é novidade nas forças armadas, sobretudo em regiões isoladas da Amazônia. Mas, a nova ordem, em meio à  crise envolvendo mais uma vez o nome da força terrestre, deixa claro que deve-se fazer esforços no sentido de incorporar esses jovens às fileiras do Exército Brasileiro. Aliada à determinação para esforço no alistamento de indígenas está a ordem para que militares recebam orientação de antropólogos e especialistas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas

“... estágios para todos os militares que possam vir a ter contato com as comunidades indígenas, atendendo às peculiaridade da região e, sempre que possível, com a participação de antropólogos, representantes da Fundação Nacional dos Povos Indígenas …  estudar formas para ampliar seu apoio e participação nas ações com objetivo de melhorar as condições de vida das comunidades indígenas…  É importante que todos os militares, especialmente aqueles que terão contato direto com as comunidades indígenas, conheçam e respeitem seus hábitos, seus costumes e tradições, de forma a tornar harmônica e proveitosa para a Força Terrestre a convivência com os indígenas em todo território É, ainda, recomendável que os familiares desses militares que os acompanham desenvolvam a mesma atitude.“

O conjunto de determinações é clara demonstração de que os comandos militares estão sendo pressionados a fazer com que os militares entendam melhor as necessidades, direitos e cultura desses brasileiros que vivem em regiões afastadas dos grandes centros. No Twitter da @Socmilitar várias pessoas se manifestaram sobre o assunto e muitos acreditam que se trata de um avanço e uma espécie de reaproximação com as comunidades indígenas, dessa com a abordagem correta.

Veja a DIRETRIZ PARA O RELACIONAMENTO DO EXÉRCITO BRASILEIRO COM AS COMUNIDADES INDÍGENAS

Robson Augusto / Revista Sociedade Militar