O General de Exército Richard Fernandez Nunes, atual Chefe do Departamento de Educação e Cultura do Exército, publicou um artigo no blog do Exército abordando a Ética Militar e o Mundo PSIC, tocando em temas como precipitação, superficialidade, imediatismo e conturbação no contexto militar e Social.
Robson Augusto, Cientista Social e Especialista em Inteligência e Redes Sociais, avalia que o general demonstra uma preocupação maior com a reputação e credibilidade do Exército do que com a manutenção da democracia.
O general da ativa ressalta a história do Exército Brasileiro e sua importância na evolução histórica do país. Ele destaca a necessidade de decisões conscientes em todos os níveis de comando e a importância de valores como hierarquia, disciplina, patriotismo, coragem, lealdade e camaradagem.
O artigo critica a propagação de desinformação e relativização de valores, apontando para uma deterioração do espírito de corpo no Exército. Além disso, ele menciona a problemática da polarização social e os desafios enfrentados pelas Forças Armadas em um ambiente de crescente intolerância e falta de diálogo.
O Imediatismo
Em determinado ponto do artigo, o Oficial-General aborda o tema do imediatismo nas Forças Armadas.
O Militar escreveu:
“O imediatismo, por princípio, não se coaduna com o caráter permanente atribuído às forças armadas no texto constitucional. A relação custo-benefício de se trocar ganhos imediatos por duradouros resultados positivos costuma caracterizar vitória de Pirro.
Os preceitos da ética militar indicam claramente que não se pode prejudicar a reputação e a credibilidade do Exército, conquistadas em séculos de História, por conta do oportunismo de uns e do jogo de interesses de outros, algo que tem sido observado em inúmeras postagens veiculadas em tempos recentes.”
Robson Augusto, Cientista Social e Especialista em Inteligência e Redes Sociais, analisou as afirmações do General. Ele interpreta que o general demonstra uma preocupação maior com a reputação e credibilidade do Exército do que com a manutenção da democracia.
Segundo o sociólogo, o texto sugere que o fim da democracia e a potencial instabilidade no país, descritos como “ganhos imediatos”, são menos significativos para o autor do que a imagem do Exército.
“A fala mostrou que o fim da democracia e a possibilidade de se atirar o país em um caos completo– o que caracterizou como “ganhos imediatos” – para ele importam menos do que a reputação e credibilidade do Exército Brasileiro”, disse Robson.
Ele também menciona que outros oficiais, interpretando de forma similar, defenderam a intervenção militar, cada um com suas próprias justificativas, sejam elas alinhadas à direita ou à esquerda. Ele critica o foco excessivo na imagem das Forças Armadas em detrimento do bem-estar e futuro da nação.
“Outros generais e coronéis, interpretando da mesma forma e também pensando na credibilidade do Exército, por sua vez, defenderam a aplicação da chamada intervenção militar. Com a mesma idolatria pelo Exército, mas com viés político-filosófico invertido, alegavam que se submeter a um presidente de esquerda acabaria com a reputação da instituição”, continuou.
O especialista conclui que as academias militares deveriam enfatizar o amor ao país e à democracia, colocando-os acima da reputação das instituições militares. Ele alerta para o perigo de se submeterem a grupos influenciados por emoções ou manipulação midiática, destacando a necessidade de um compromisso maior com os valores democráticos e republicanos.
“As academias militares estão cometendo um grave erro, deveriam ensinar os oficiais a amar seu país, sua democracia, se importar com a reputação e futuro do Brasil em primeiro lugar e depois a pensarem na reputação do Exército, Marinha e Força Aérea diante de uma ou outra parcela da sociedade, que pode estar movida por emoções ou sendo manipulada por meio de estratégias midiáticas”, concluiu.