Em entrevista exclusiva ao O Globo, no segundo dia da série de entrevistas e reportagens sobre eventos de 8 de janeiro, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, revelou que as Forças Armadas estão ansiosas por esclarecimentos sobre possíveis envolvimentos militares na trama golpista ocorrida em Brasília. Ele enfatizou que é de interesse das Forças Armadas descobrir os culpados e puni-los para dissipar qualquer suspeita que paira sobre os militares.
O dia 8 de janeiro foi marcado por manifestações tumultuadas que, segundo Múcio, eram protagonizadas por vândalos financiados por empresários irresponsáveis. Ele detalhou como a situação evoluiu, desde a dificuldade inicial de contatar os comandantes das Forças Armadas até a decisão de não utilizar a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para controlar a desordem nas ruas, a fim de evitar interpretações equivocadas.
Quando questionado sobre a possibilidade de haver militares envolvidos na trama golpista, Múcio destacou sua torcida para que as investigações encontrem os responsáveis. Ele ressaltou que punir os culpados é de interesse das Forças Armadas, buscando dissipar qualquer névoa de suspeição que paira sobre os militares.
— Torço muito para que as investigações encontrem os suspeitos. Para as Forças Armadas, é fundamental, para que essa névoa de suspeita que pares sobre os militares se dissipe. precisamos dos nomes, para puni-los. Isso é de interesse das Forças Armadas: dentro dos seus princípios e suas regras, punir os culpados. Agora, precisamos que a Justiça dê as provas e as ferramentas, disse o ministro da Defesa.
O ministro explicou a sua atuação nos bastidores para conter os eventos e as negociações realizadas, destacando que não havia um líder claro nas manifestações, o que dificultou as negociações. Múcio também abordou a delicada situação política pós-eventos, evidenciando a necessidade de reconstruir a confiança entre políticos e militares.
Ao ser questionado sobre críticas de complacência com os militares, Múcio argumentou que sua prioridade era reconstruir o clima de confiança, evitando punições precipitadas. Ele afirmou que sua tarefa era pacificar as relações entre o governo e as Forças Armadas, destacando o papel crucial desempenhado na superação da crise.
Em relação ao seu futuro, Múcio mencionou que, apesar de ter 75 anos, sua gratidão pelo presidente e o estímulo para contribuir na reconstrução do país o motivam. Ele ressaltou, no entanto, que não discutiu com o presidente sobre sua continuidade no cargo.