Em um cenário de disputas acirradas por poder e influência entre grandes potências, um acordo bilionário assinado em março de 2025 pode representar um novo divisor de águas na geopolítica do século XXI.
Segundo informações do portal ”O antagonista”, os Estados Unidos e a Arábia Saudita firmaram uma aliança estratégica avaliada em cerca de US$ 600 bilhões, considerada por especialistas o maior pacto militar e econômico já registrado entre os dois países.
A cerimônia que oficializou o acordo aconteceu em Riad e contou com a presença de Donald Trump, em seu segundo mandato como presidente dos EUA, e do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, além de uma seleta plateia composta pelos principais CEOs e líderes de empresas de tecnologia e defesa norte-americanas.
O pacote inclui desde a venda de armamentos até investimentos em inteligência artificial, energia e logística, consolidando a Arábia Saudita como um dos principais aliados dos EUA no Oriente Médio em um momento de reconfiguração geopolítica global.
Acordo de proporções históricas
Apenas a venda de armas representa US$ 142 bilhões, estabelecendo um novo recorde nas relações bilaterais.
Entre os armamentos fornecidos estão sistemas de defesa aérea, caças de última geração, helicópteros, drones e equipamentos de vigilância de alta precisão.
Além disso, o acordo contempla US$ 20 bilhões para o desenvolvimento conjunto de tecnologias baseadas em inteligência artificial, uma das prioridades tanto para o governo Trump quanto para o programa “Visão 2030” da Arábia Saudita.
O pacote também inclui US$ 14,2 bilhões em investimentos no setor de turbinas energéticas e US$ 4,8 bilhões destinados à aquisição de aeronaves Boeing 737-8, demonstrando o interesse saudita em modernizar sua infraestrutura logística e energética.
Elon Musk (Tesla e SpaceX), Sam Altman (OpenAI), Jensen Huang (NVIDIA), Andy Jassy (Amazon), Larry Fink (BlackRock) e Stephen Schwarzman (Blackstone) foram alguns dos nomes presentes no Fórum de Investimentos EUA-Arábia Saudita, realizado paralelamente à assinatura do acordo.
Executivos da Boeing, Google, Citigroup e IBM também participaram, indicando o amplo espectro de cooperação que o pacto pretende alcançar.
Interesse mútuo: empregos, inovação e influência
Para Trump, a aliança com Riad é estratégica.
O presidente dos EUA destacou que o acordo bilionário impulsionará a geração de empregos em solo americano, fortalecerá cadeias produtivas e permitirá que os EUA liderem os setores de defesa e tecnologia avançada em um cenário internacional cada vez mais competitivo.
Já Mohammed bin Salman enxerga na parceria um dos pilares centrais da “Visão 2030”, plano ambicioso do governo saudita que busca reduzir a dependência do petróleo e transformar o reino em um centro global de inovação, logística e turismo.
Implicações militares e diplomáticas
A aliança entre Washington e Riad tem implicações que vão além da economia.
Ao reforçar os laços com os Estados Unidos, a Arábia Saudita envia um recado direto ao Irã e aos seus aliados indiretos, como Qatar e Turquia.
O apoio norte-americano fortalece o poder de dissuasão militar saudita, ao mesmo tempo em que aumenta o protagonismo de bin Salman em assuntos regionais.
Contudo, a ausência de avanços na normalização das relações entre Arábia Saudita e Israel segue sendo um entrave significativo.
O impasse permanece especialmente por conta da recusa do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em aceitar um cessar-fogo duradouro em Gaza.
Essa condição tem impedido que os EUA consolidem uma coalizão sólida contra o Irã, como desejado por Washington desde os primeiros meses do novo mandato de Trump.
Riad sinaliza distanciamento de China e Rússia
Nos últimos anos, a Arábia Saudita havia ampliado sua aproximação com China e Rússia, sobretudo nas áreas de energia, infraestrutura e defesa.
Pequim, por exemplo, havia proposto acordos similares com Riad dentro da Iniciativa Cinturão e Rota, enquanto Moscou oferecia colaboração na área de petróleo via OPEP+.
Agora, a assinatura desse pacto com os EUA indica um possível realinhamento estratégico, o que pode impactar diretamente a cooperação energética na OPEP+ e influenciar decisões importantes no Conselho de Segurança da ONU.
Esse reposicionamento saudita pode representar uma virada na balança de poder do Oriente Médio, dificultando os planos chineses e russos de ampliar sua influência na região.